31/12/2009

2009, um balanço

Em ano de crise (profunda?) a BD também não lhe escapou; fica a dúvida se a culpa é da conjuntura ou do agravamento de factores já conhecidos … Indiscutível é a redução do número de títulos editados, que afectou até as recolhas de tiras de imprensa, o que parece mostrar que há mesmo pouca vontade de rir. O que é pena porque Pérolas a Porcos (Bizâncio), Zits (Gradiva) ou Ferdnand (Libri Impressi), pela qualidade do seu humor, justificam leitura atenta, até como paliativo para as dificuldades quotidianas.

Para a ASA, que, com todos os defeitos e qualidades, é na realidade a única editora com edição regular ao longo do ano, esta realidade poderá ter sido (falsamente) compensada pelos dois best-sellers editados - O Livro de Ouro de Astérix e Obélix e A Maldição dos trinta denários, o novo Blake e Mortimer - a par de títulos seguros de autores consagrados como Quatro?, de Bilal, A Teoria do Grão de Areia I, de Schuiten e Peeters ou os Passageiros do Vento #6 – A menina de Bois-Cayman, de Bourgeon e da continuação da aposta na parceira com o jornal Público. A estes títulos mais populares, há que acrescentar, como maior atrevimento editorial, o curioso As aventuras de Juan sem Terra, de Isusi, e como opção a repetir, pela capacidade de chamar para a BD outros leitores, Câncer Vixen, de Marisa Acocella Marchetto.
Curiosamente, se contasse só o final de 2009, o panorama seria bem diferente pois O gato do Simon (Objectiva), de S. Tofeld, Tarzan dos Macacos, de Foster, o imperdível Krazy + Ignatz + Pupp - Uma Kolecção de Pranchas a Kores Kompletamente Restauradas (os dois últimos fruto do notável trabalho de restauro de obras-primas dos quadradinhos por Manuel Caldas na Libri Impressi, que importa conhecer), a magnífica edição de Marvels (BDMania), que narra o aparecimento dos primeiros super-heróis, visto pelos olhos de um fotógrafo, e o quinto volume de Peanuts – Obra completa – 1959/1960 (Afrontamento), são obras obrigatórios em qualquer (boa) biblioteca. E não só de banda desenhada.
Constata-se também que 2009 ainda não foi o ano do manga em português, limitado a meia dúzia de títulos (secundários) e ao aparecimento nas bancas de títulos pouco significativos de origem brasileira, obrigando os (muitos) fãs do género a esperar por melhores dias. Que alguns rumores indicam que poderão ser já em 2010.
A edição de criadores lusos fica marcada pela reedição do clássico Eternus 9 (Gradiva), de Victor Mesquita, por BRK (ASA), das revelações Filipe Pina e Filipe Andrade, uma feliz conjugação de influências e estilos numa BD jovem e actual, ambientada no Porto e em Lisboa, e pela magnifica adaptação do Romance da Raposa (Bertrand), de Aquilino, por Artur Correia. Realce ainda para o dinamismo da edição dita independente, que vai (re)descobrindo e publicando algumas das propostas mais estimulantes da produção nacional – Mocifão (da El Pep), Mucha (Kingpin Books), Venham +5 (Bedeteca de Beja), O Filme da Minha Vida (AoNorte) – e para a multiplicação de edições patrocinadas por autarquias, que na maior parte dos casos, infelizmente, não chegam às livrarias, onde se destacam Salúquia – A lenda de Moura em BD ou O crime de Arronches.
Finalmente, uma referência para as edições de banca ou quiosque, quase todas provenientes do Brasil, através da Panini (Marvel, DC Comics, Turma da Mónica) ou Mythos (Bonelli), que apesar de alguns problemas de distribuição e visibilidade parece ter finalmente entrado em velocidade de cruzeiro.

(Versão revista e aumentada do artigo publicado originalmente a 26 de Dezembro de 2009, na secção de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

29/12/2009

Entrevista com Regina Pessoa

Conhecida como autora da premiada animação “História Trágica com Final Feliz”, Regina Pessoa acaba de fazer uma incursão pela banda desenhada para contar a origem do Vinho do Porto, que associou à história de Alice no país das Maravilhas.

Foto:Júlio Moreira

No dia 19 de Dezembro, sábado, esteve na Galeria Mundo Fantasma, no Shopping Center Brasília, para inaugurar uma exposição de originais (que está patente até 24 de Janeiro),
o que foi pretexto para uma conversa sobre a génese de “RubyDum e TawnyDee in NiePOoRTland”. Trata-se de um projecto que nasceu “na sequência de um convite da família Niepoort”, que tinha por objectivo “explicar o processo do Vinho do Porto e a diferença entre o Ruby e o Tawny, que quase ninguém conhece”.
Após algumas visitas “às caves, ao Douro, às vinhas, comecei a ficar interessada na história e imediatamente associei o que me tinham contado à história da Alice no País das Maravilhas, de que sou fã!”. Começou a associar “cada pessoa que ia conhecendo a personagens da Alice” e, claro está, “o Douro ao País das Maravilhas.

Foto: Júlio Moreira
Uma vez apresentada a maqueta do livro, o projecto foi estendido também aos rótulos das garrafas pois a companhia “tem uma política muito engraçada: em cada país para, convida um desenhador local para fazer o rótulo do vinho de mesa; nos Estados Unidos, foi Bill Plympton”, mestre da animação.
Embora goste bastante de BD, que compra para consumo próprio, alternativa, como “a editada pela francesa Frémok, a minha editora de eleição”, ou de autores como “Mattotti, Stefano Ricci ou Eric Lambert”, nunca tinha feito banda desenhada. Por isso os originais expostos têm surpreendido todos os que os vêem, pela sua pequena dimensão, e por as vinhetas serem todas independentes. A explicação é dada pela autora: “Como eu não tinha experiência, trabalhei esta história como faço nos filmes; foi essa a abordagem”.
O resultado, tem sido unanimemente elogiado e a melhor prova é que a tiragem inicialmente prevista de 1500 exemplares, que foi aumentada para 3500 exemplares logo no dia em que os primeiros foram impressos, já está praticamente esgotada.

Foto: Júlio Moreira

Virada a página, Regina Pessoa está de regresso às imagens animadas, arte onde chegou “por acaso…” E explica: “Quando estava nas Belas-Artes, no Porto, em pintura, comecei à procura de um part-time para pagar os estudos e alguém que trabalhava com o Abi Feijó viu os meus desenhos, disse que estavam a precisar de alguém e sugeriu-me que passasse pelo estúdio… Fui lá, o Abi gostou dos meus desenhos e comecei no dia seguinte”.
Agora, trabalha em “Kali, o pequeno vampiro”, que “com os dois filmes anteriores irá formar uma trilogia dedicada à infância, aos medos, ao escuro”. Novamente uma co-produção entre Portugal, Canadá e França, deverá “estar pronto no final de 2010, se tudo correr bem”.

(Versão revista e aumentada do artigo publicado no Jornal de Noticias de 22 de Dezembro de 2009)

27/12/2009

Feliz Natal - DC Comics (2008)


Feliz Natal - DC Comics (2003)


Feliz Natal - Esgar Acelerado


The Simpsons, 20 anos – Curiosidades (II)

Até 13 de Dezembro, os Simpsons protagonizaram 450 episódios regulares mais 48 no The Tracey Ullman Show.

Já conquistaram 23 Emmy, 22 Annie, um Peabody e uma estrela na Calçada da Fama em Hollywood.

Em 1998, a Times considerou-os a melhor série televisiva do século XX.

No genérico da série, quando Maggie passa na caixa registadora do supermercado, o preço exibido é 847,63 dólares.

A cena do sofá que abre cada episódio já variou entre os 5 e os 46 segundos.

Matt Groening escolheu o nome de Springfield para lar dos Simpsons porque nos EUA existem 121 cidades com essa denominação em 36 estados.

Para baptizar os Simpsons, Matt Groening recorreu aos nomes do pai (Homer), mãe (Marge) e sobrinhas (Lisa e Maggie).

Os Simpsons são amarelos por opção do colorista Gyorgi Peluci, porque Bart, Lisa e Maggie não tinham uma linha que separasse o cabelo da testa, e com um tom de pele realista iria parecer que tinham feito uma lobotomia!

Uma cronologia oficiosa dá 39 anos a Homer, 37 a Marge, 10 a Bart, 8 a Lisa e 2 a Maggie. No entanto, as datas de nascimento e casamento apresentam variações entre episódios.

As vozes de quase todas as personagens dos Simpsons são feitas por apenas seis pessoas.
A voz de Bart pertence a uma mulher e na versão dobrada em português do filme, foi também uma, Carla de Sá, quem lhe emprestou a voz.

A célebre interjeição de Homer – “d’oh” – foi proferida 377 vezes nas primeiras 15 temporadas e está registada no The Oxford English Dictionary.

Homer já teve 46 profissões diferentes. E já morreu várias vezes, quase sempre nos sangrentos episódios especiais “Treehouse of Horror”.

Na versão árabe, Home bebe soda e não cerveja e os seus cachorros quentes são feitos com salsichas egípcias, não de carne de porco.

O Q. I. de Lisa é de 159 pontos.

Os Simpsons moram no 742 de Evergreen Terrace (nome da rua onde Groening morou em criança), mas o número da porta também já foi 59, 94, 723 e 1094.

Pelos Simpsons já passaram mais de duas centenas de figuras reais da política, desporto, artes ou economia. Os primeiros foram os Aerosmith, em 1991.

No tempo de The Tracey Ullman Show, cada filme demorava quatro semanas para ficar pronto. Hoje, cada episódio tem cerca de 24 mil desenhos, 8 meses de trabalho e um custo que ronda um milhão de dólares.

Ao longo dos episódios, já ocorreram 31 mortes de personagens, a mais marcante das quais a de Maude Flanders, esposa do beato Ned, empurrada involuntariamente por Homer do topo de um estádio, porque a actriz que lhe dava voz exigia um aumento salarial. Desta forma, foi despedida.

Os Simpsons já foram capa de revistas como a Rolling Stones, Maxim, Playboy ou Super-Interessant e protagonizaram publicidade da Renault, uma colecção de moda de Linda Evangelista ou campanhas pelo consumo de leite ou segurança no trabalho.

Quando os Simpsons andam de carro, Homer é o único que não usa o cinto de segurança.

Um concurso recente para a criação de uma nova personagem para os Simpsons teve mais de 25 000 participantes. A vencedora foi Peggy Sue, que propôs Richard Bomb, um mulherengo sul-americano.


(Artigo publicado originalmente na versão online do Jornal de Notícias de 17 de Dezembro e parcialmente na edição impressa do mesmo dia)

24/12/2009

Feliz Natal - Diferr


Efeméride - Boule e Bill, 50 anos

A história da amizade de um rapazinho e o seu cão é a base dos gags de Boule e Bill, criados por Jean Roba há 50 anos na revista Spirou, e que hoje em dia continuam pelo traço de Laurent Verron.

Foi na véspera de Natal, no número 1132 da revista belga Spirou, que fizeram a sua primeira aparição Boule, o rapazinho ruivo de 6 anos, e Bill, o seu cocker spaniel, numa data perfeitamente ajustada para uma banda desenhada humorística, terna e ingénua, baseada na infância e na amizade. A história curta, intitulada "Boule et les Mini-Requins", mostrava os dois com os traços menos arredondados do que aqueles que lhes conhecemos hoje, característicos da escola de Marcinelle.
A sua publicação regular só começaria em Setembro de 1960, ao ritmo de uma prancha semanal, com a acção a decorrer quase sempre em casa, no bairro ou na escola e a galeria de personagens composta essencialmente pelos pais de Boule, os seus amigos, alguns vizinhos, os cães companheiros de Bill e, mais tarde, a tartaruga Caroline. Com eles, com um humor, ternura e ironia mas sem maldade, Roba, que começou na BD como assistente de Franquin, demonstrou um enorme sentido de observação e uma invulgar capacidade de transportar para o papel as mil e uma (pequenas) peripécias do quotidiano, o que rapidamente fez da série uma das mais apreciadas pelos leitores da Spirou e permitiu que perdurasse ao longo de cinco décadas.
Nem a morte do seu criador, em 2006, impediu a sua continuação, uma vez que em 2003 ele já a tinha entregue a Laurent Verron, seu antigo assistente, que desde então tem assegurado o desenho, em colaboração com diversos argumentistas.
Com passagem discreta por Portugal, nas revistas Jacaré, Spirou, Jornal da BD e Mundo de Aventuras, Boule e Bill venderam já cerca de 30 milhões de álbuns, foram homenageados pelos correios belgas (1999) e franceses (2002), ilustram uma das paredes de Bruxelas, têm uma estátua em Jette e tiveram várias versões animadas, a mais recente das quais, fiel ao original, foi exibida há pouco tempo na RTP2, rebaptizada Bruno e Bill.
Os 50 anos de Boule e Bill ficam marcados pela edição do 32º álbum das suas aventuras, “Mon meilleur ami”, e de “Roba Illustrateur” (Dargaud), que aborda outras facetas do talento do seu criador.

(Artigo publicado originalmente no Jornal de Notícias de 24 de Dezembro de 2009)

23/12/2009

Feliz Natal - Garfield


Feliz Natal - O Menino Triste


Feliz Natal - Hagar


Feliz Natal


A todos os que visitam As Leituras do Pedro, desejo um Feliz Natal com tudo o que puderem desejar. E (boas) leituras também... se quiserem!

As Leituras dos Heróis – Mágico Vento (II)

(segundo Pasquale Frisenda *)

Pergunta - Se lesse banda desenhada quais seriam as preferidas de Mágico Vento?

Resposta – Bem… Mágico Vento leria, talvez, os quadradinhos de Tex, Zagor, Blueberry ou McCoy, que são próximos dos heróis típicos das Dime Novel (revistas populares) da época, ou então Dylan Dog ou Hellblazer… mas também Zora, a vampira, em minha opinião…

* com a preciosa intermediação de José Carlos Pereira Francisco

The Simpsons, 20 anos - Curiosidades

A vida é um inferno
“Life is Hell” no original, é uma série de cartoons criada por Matt Groening em 1977. Inspirado na sua vida em Los Angeles, a série – cujo primeiro tomo, "O amor é um inferno", foi editado pela Gradiva –, protagonizada por Sheba e Binky, um casal de coelhos antropomórficos, disseca o amor, o sexo, o trabalho, as férias, as crianças, os (malditos) críticos ou a inevitabilidade da morte, ou seja, tudo o que contribui sobremaneira para infernizar a (nossa) vida.

As vozes
Por detrás das vozes dos Simpsons, estão um restrito número de intérpretes, que dobram diversas personagens: Dan Castellaneta (Homer, Abe Simpson ou Krusty); Julie Kavner (Marge ou as suas irmãs Patty e Selma); Nancy Cartwright - uma mulher, é verdade! – (Bart ou outras crianças): Yeardley Smith (Lisa); Hank Azaria (Apu, chefe Wiggum ou Moe); Harry Shearer (Skinner, Flanders, Mr. Burns ou Smithers). Diferendos relativos a honorários e percentagem sobre os DVDs com os episódios já originaram duas greves e a suspensão das gravações da série.
Em Portugal, a série televisiva foi desde sempre legendada mas o filme teve uma versão dobrada por José Jorge Duarte (Homer), Cláudia Cadima (Marge), Carla de Sá (Bart) e Manuela Couto (Lisa), entre outros.

Celebridades nos Simpsons
Qual o (único?) ponto comum entre Bill Clinton, George Bush, Tony Blair, Fidel Castro, Tom Hawks, Alan Moore, U2, Stones, Paris Hilton, Amy Winehouse, David Beckham, Paul McCartney, Bill Gates, J. K. Rowling, Kim Bassinger, Britney Spears, Woody Allen, Elizabeth Taylor, Stan Lee, Michael Jackson, George Clooney, Neil Armstrong, Pelé, Sarkozy e Carla Bruni? O terem participado num episódio dos Simpsons, (quase sempre) dando voz à personagem com a sua cara! Desde a primeira aparição dos Aerosmith, em Novembro de 1991, foram mais de duas centenas as celebridades convidadas – muitas delas a seu pedido!

O filme
Estreado em Julho de 2007, “The Simpsons movie” era um projecto de dez anos que demorou quatro a realizar, custou 65 milhões de dólares e foi um sucesso.
Episódio longo da série, com animação mais cuidada, transporta para o grande ecrã o ritmo televisivo e começa quando Homer provoca um enorme desastre ambiental em Springfield, o que leva a Agência de Protecção Ambiental (EPA) a isolar a cidade dentro de uma redoma de vidro. Conseguindo fugir ao linchamento pelos seus concidadãos, os Simpsons vão para o Alasca, onde Homer fará uma atribulada peregrinação e busca interior, de que sairá pronto a redimir-se e a assumir - como raras vezes aconteceu - as suas responsabilidades.

Itchy & Scratchy
São os protagonistas dos desenhos animados preferidos de Bart e Lisa, aqueles que eles vêem na sua televisão sempre que podem e cujos argumentos chegaram a escrever, usando como pseudónimo o nome do avô.

São uma versão gore – muito gore mesmo, com sangue e violência a jorros – de Tom e Jerry.

Banda desenhada
O sucesso televisivo levou ao lançamento, em Novembro de 1993, de "Simpsons Comics", ainda em publicação, com histórias originais, a maioria seguindo o quotidiano da família, outras colocando como protagonistas os super-heróis de Springfield ou as estrelas televisivas Itchy & Scratchy.

A sua equipa criativa, onde se destacou Bill Morrison, foi capaz de transpor para uma nova linguagem o espírito e a dinâmica do original.

Os Simpsons em manga
Um desenho de uma obscura ilustradora, Space Coyote, divulgado na net no início de 2007, que mostrava os "Simpsonzu", uma "foto de família" com duas dúzias dos mais conhecidos intérpretes de "The Simpsons" desenhados com características manga: olhos grandes, bocas escancaradas e aspecto assumidamente asiático, valeu à autora um contrato para fazer uma banda desenhada nesse estilo e também para colaborar em "Futurama", outra série televisiva criada por Matt Groening.

Os Simpsons e Portugal
Em 1995 a sala de estar da família Simpson foi (re)construída em tamanho real no VIII Salão Internacional de BD do Porto e decorada com originais de banda desenhada de Bill Morrison, que esteve presente no evento.
Num dos episódios da série, Homer e a sua família vão assistir ao vivo a um México-Portugal em futebol, supostamente "para decidir qual o melhor país do mundo". Homer afirma que se matará se Portugal não vencer, mas o jogo não chega a acabar, pois os espectadores, cansados da "monotonia" daquele desporto, acabam à pancada nas bancadas…

Marge na Playboy
As comemorações dos 20 anos dos Simpsons incluíram uma entrevista de Marge Simpson à Playboy, com revelações escaldantes sobre a sua relação com Homer e não só, com direito a capa e às habituais fotos em poses sensuais e provocantes…

Selos
Outro aspecto das comemorações foi uma emissão filatélica nos EUA, com cinco selos com os membros da família Simpson, que provocou uma enorme corrida aos balcões dos correios locais.

Os Simpsons em Angola
A chegada dos Simpsons a Angola, em meados deste ano, foi publicitada com uma imagem em que viraram africanos, na cor, indumentária e aspecto: a cabeleira azul de Marge virou 'afro'; Lisa e Maggie fizeram rastas; Bart adoptou uma carapinha bem alisada e Homer passou a beber a cerveja angolana Cuca.

(Versão revista e aumentada do artigo publicado originalmente a 19 de Dezembro de 2009, na revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

21/12/2009

As Leituras dos Heróis – Ken Parker (II)

(segundo Pasquale Frisenda *)

Pergunta - Se lesse banda desenhada quais seriam as preferidas de Ken Parker?

Resposta – Ken Parker, para além dos westerns (Tex, Zagor e sobretudo Blueberry) creio que também leria muito de Barks, Pratt, Oesterheld, Micheluzzi, Prado, Battaglia… 
Mas provavelmente, também uma personagem “exótica” e anti-conformista como Mr. No seria do seu agrado.

* com a preciosa intermediação de José Carlos Pereira Francisco

Nas Bancas – Dezembro (II)

Eis as edições brasileiras da Panini Comics que até à véspera de Natal serão distribuídas nas bancas portuguesas, segundo a informação disponível no site português da Panini:

17/12/2009 - Mónica nº 30, Cebolinha nº 30, Homem-Aranha nº 89;
18/12/2009 - Magali nº 30, Chico Bento nº 30, Cascão nº 30, X-Men nº 89;
21/12/2009 - Almanaque Magali nº 15, Almanaque Chico Bento nº 15, Novos Vingadores nº 64;
22/12/2009 - Ronaldinho Gaúcho nº 30, Turma da Mónica Parque nº 30, Saiba Mais Turma Mónica nº 22, Superman & Batman nº 46, Avante Vingadores nº 28;
23/12/2009 – Turma Mónica Jovem nº 12, Batman nº 78, Superman nº 78, Wolverine nº 53;
24/12/2009 – Mónica Clássicos do Cinema nº 14, Universo Marvel nº 46, Contagem Regressiva nº 12, Liga da Justiça nº 77.

The Simpsons - 20 anos de riso… amarelo!

Num fim de tarde semi-nublado numa pequena cidade americana, um rapazinho escreve a giz no quadro negro da escola. Numa fábrica, um homem termina o seu turno enquanto uma menina tem aulas de música. No supermercado, uma mulher vê a empregada embalar as compras que acabou de fazer.

Esta seria a descrição de um quotidiano perfeitamente normal de qualquer família, não fosse a cidade em questão Springfield, as cinco pessoas citadas os Simpsons, a mais disfuncional família da história da televisão, e o que acima fica escrito a descrição do genérico da série, recentemente remodelado em HD, com a inclusão de vários pormenores deliciosos que apelam ao seu passado.
Por isso, o rapazinho – Bart – com cerca de 10 anos, repete como castigo uma frase do género “Não volto a fotocopiar o meu rabo.” (e são mais de 400 as frases que já escreveu) e, mal a campainha toca, sai pela porta de skate nos pés, circulando em ziguezague pelos passeios da cidade, assustando os transeuntes e planeando – concretizando mesmo – algumas partidas, pois apesar de inteligente, é cábula, traquina, irrequieto e, por vezes, mesmo mau, devido à gota de champanhe (sic) que a mãe inadvertidamente engoliu durante a gravidez… Por isso, passa mais tempo no gabinete do director Skinner, um dos seus ódios de estimação, do que na sala de aula.
O homem, quase quarentão, calvo e barrigudo, é o seu pai – Homer Jay Simpson – e tem a mesma atitude quando soa o sinal sonoro para mudança de turno na central nuclear que abastece Springfield, deixando a meio a tarefa que executa. Já no carro, a caminho de casa, retira das costas um pedaço de matéria radioactiva (sic!!!) que lança pela janela sem qualquer pejo. Egoísta e glutão é o chefe (mas pouco) da família, que, bem lá no fundo, adora. Eterno indeciso, é perito em fazer sempre a pior escolha.
Na escola de música, Lisa Simpson distrai-se e deixa que a melodia simples que interpretava em conjunto com os outros alunos, se transforme num jazzístico solo de saxofone que leva o professor a expulsá-la. Com 8 anos, é o génio da família, onde destoa pela sua sensibilidade, inteligência e empenho em causas sociais e ambientais.
Finalmente, no supermercado, Marge Bouvier Simpson, a mãe, destaca-se pelo seu alto penteado e pelo enorme poder de encaixe que lhe permite manter a família unida. Dona de casa exemplar, divide o seu tempo entre a obsessão compulsiva pela limpeza, o cuidado dos filhos e evitar que Homer provoque (mais) danos. De repente, descobre aflita que lhe falta a filha mais nova, Maggie (Margaret) Simpson, malabarista da chupeta, célebre por passar a vida a tropeçar, mas que acaba por aparecer dentro de um dos sacos de compras.
Depois de percursos mais ou menos atribulados, acabam por se juntar todos em casa, em frente ao ecrã de televisão que, mais do que um vício que partilham, é o mínimo denominador da série, o mundo que ela explora, desmistifica e satiriza de forma exemplar e, antes de mais, o berço onde nasceram e construíram uma carreira de fama e sucesso que agora completa 20 anos.
Pelo menos se se considerar o percurso a solo, iniciado a 17 de Dezembro de 1989, com um episódio especial de Natal que serviu de teste à primeira temporada da série regular, iniciada a 14 de Janeiro do ano seguinte.
Até hoje, foram mais de 440 episódios distribuídos por 21 temporadas (incluindo a que está a decorrer nos EUA), o que faz dela a mais antiga em exibição. Entre os muitos prémios conquistados, contam-se 23 Emmy, 22 Annie, um Peabody, uma estrela na Calçada da Fama em Hollywood e a distinção da Times que em 1998 a considerou a melhor série televisiva do século XX. O que então significava de sempre.
Mas, antes disso, na pré-História dos Simpsons, conta-se um percurso de cerca de dois anos, iniciado a 19 de Abril de 1987, como rubrica de 30 segundos do “The Tracey Ullman Show”. E, antes disso, a sua criação, por Matt Groening, então com 33 anos que, diz a lenda, enquanto esperava por uma entrevista para uma possível adaptação para TV da sua série de banda desenhada “Life is Hell” decidiu modificá-la para não perder os direitos sobre ela, dando origem à disfuncional (e amarela) família.


Há duas décadas no pequeno ecrã, resistiram incólumes ao passar do tempo - sem rugas, com aspecto melhorado até, se compararmos os desenhos originais com os mais recentes, e continuam a ser o melhor (e o mais conhecido…) exemplo de uma típica família americana (ou ocidental?). Exemplo satírico, mordaz e cruel, através do qual os seus criadores – Matt Groening, Sam Simom e James L. Brooks – atacam e ridicularizam todos os estratos e todos os aspectos da sociedade, sejam eles política, religião, racismo, desemprego, vida social, fama, televisão, imprensa, saúde, educação, consumo, guerra, ecologia, direitos dos animais, vícios, cultura, morte, terrorismo, sexo… e tudo o mais que se possa imaginar! Seja em pura ficção, na colagem à actualidade ou em versões de êxitos da literatura, do cinema ou da própria televisão.
Por isso, aliás, apesar de serem uma animação, The Simpsons são antes de mais direccionados para um público adulto, o que não impede que sejam habituais as reclamações provocadas pelos episódios exibidos havendo até registo de (quase) incidentes internacionais com governos de países como o Brasil, Argentina ou Venezuela.

Ao seu lado, vive uma vasta e heterogénea galeria, cujos componentes potenciam ao limite o pior do ser humano: egoísmo, desinteresse, incompetência, corrupção, mentira, desonestidade, preguiça, maldade... Galeria essa que inclui o senil avô Simpson, o beato Flanders, o (pouco convicto) reverendo Lovejoy, um polícia (muito) gordo e incapaz, um mafioso de meia-tigela, um milionário com aspirações a ditador(zinho), dono da central nuclear e adulado por um secretário com um fraquinho pelo patrão, Apu Nahasapeemapetilon, indiano oportunista dono do supermercado onde a maior parte dos produtos estão fora de prazo, os (pouco competentes) médicos Nick Riviera e Julius Hibbert, o director da escola Skinner que (ainda) mora com a mãe que teve um tórrido envolvimento com a professora Edna Krabappel, os amigos de Bart e Lisa: Milhouse, Nelson, Ralph, o pouco profissional repórter Kent Brockman, o criminoso Sideshow Bob, o viciado palhaço Krusty, o barman Moe, o bêbedo Barney Gumble, rei dos arrotos, o fanático por revistas de BD, Disco Stu, o ídolo dos anos 80, Malibu Stacy (uma versão em amarelo da Barbie), Troy McClure, o canastrão do cinema e tantos, tantos outros, que semana após semana nos cativam em frente ao televisor e com os quais nos divertimos e soltamos boas gargalhadas.
Pelo menos, enquanto não nos lembrámos que o quotidiano de Springfield, afinal, tem tanto de comum com o nosso próprio quotidiano e que nos retratos que nos são apresentados, podemos encontrar tanto de nós e daqueles com quem convivemos no dia-a-dia. O que acabará por transformar as nossas gargalhadas num comprometido riso… amarelo.
Que, convenhamos, combina na perfeição com os Simpsons!

(Artigo publicado originalmente a 19 de Dezembro de 2009, na revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
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