30/04/2011

Poderoso Thor

Corria o ano de 1962. Stan Lee em plena euforia criativa, lançava, sem o saber ainda, as bases do que viria a ser o complexo universo Marvel, explorando o conceito de super-heróis com problemas comuns (de personalidade, financeiros, sentimentais…) iniciado um ano antes com o Quarteto Fantástico. Depois de juntar o Hulk à primeira super-família, decidiu alargar o seu conceito explorando um dos temas mais recorrentes na literatura: o confronto entre pai e filho. Com a introdução de uma variante: ambos eram deuses nórdicos. O pai, Odin, reinava em Asgard, e o filho, caído em desgraça, era obrigado a penar junto dos humanos para aprender a humildade e o auto-controle.
Nascia assim o poderoso Thor, cuja estreia se deu no número 83 (datada de Agosto de 1962) da revista “Journey into Mystery”, que passou a acolher regularmente o deus nórdico, assumindo mesmo, a partir do nº 126, de Março de 1966, o título de “The Mighty Thor”. Ao lado de Lee, na criação de Thor, estava Jack Kirby, possivelmente o maior desenhador de super-heróis de sempre, que ajudou a dar a Thor a credibilidade devida a um deus: longos cabelos loiros, olhos azuis, um corpo musculado, imponente, vigoroso e um ar decidido.
Filho de Odin, rei dos deuses, Thor era o seu herdeiro natural. Apesar dos seus grandes feitos desde a adolescência, e de ter recebido o martelo místico designado como Mjolnir, símbolo do deus do trovão, que lhe conferia força e o poder de voar, o herói era obstinado e impulsivo e por isso o pai decidiu exilá-lo na Terra, com a memória apagada, aprisionando-o no corpo de Donald Blake, um deficiente físico.
Durante uma década, Thor aprendeu a superar os problemas causados pela sua perna defeituosa, formando-se em medicina e tornando-se útil para os seus semelhantes. Induzido por Odin, convencido que ele tinha aprendido a lição, viajou até à Noruega onde, na sequência de um ataque extraterrestre, se refugiou numa caverna onde encontrou um tronco retorcido que utilizou como bengala. Num momento de desespero, bateu com ela no chão, descobrindo que se tratava do seu martelo místico e que esse acto o transformava no poderoso Thor. Só que, ao contrário do que Odin esperava, Thor decidiu continuar entre os humanos, ajudando-os a combater o mal, agora sob a sua forma verdadeira.
Entre os seus principais inimigos – humanos, deuses, extraterrestres - surgiu desde logo Hulk, o único que com ele se consegue comparar em força física, e, principalmente, Loki, o seu meio-irmão adoptivo, invejoso da sua popularidade e desejoso de ocupar o trono em seu lugar. Foi na sequência de um confronto com ele que Thor, involuntariamente, viria a fundar os Vingadores (Avengers), juntamente com o Homem de Ferro, o Homem-Formiga e a Vespa, “um grupo de heróis unidos para combater inimigos que nenhum herói poderia combater sozinho”.
Ao longo de cinco décadas, Thor já experimentou de quase tudo: assumiu várias identidades terrenas, teve vários substitutos – incluindo uma mulher! – e, nos anos 80, numa das suas melhores fases, quando foi escrito e desenhado por Walt Simonson, responsável por recuperar o herói, a sua mística e a sua grandiosidade, e pela inclusão de personagens marcantes, foi até transformado em sapo, combatendo um exército de ratos…; substituiu Odin, tornando-se rei de Asgard – reino várias vezes destruído - e chegou a aniquilar a Terra numa realidade alternativa.
E, claro está, fazendo parte do universo Marvel, em que nada é garantido nem absoluto, nem a própria morte, também ele, vencendo a imortalidade inerente à sua divindade – dom que se transforma em fardo quando o leva a sobreviver à morte de muitos dos seus amigos terrenos – faleceu. Para regressar, mais forte e destemido, como um verdadeiro herói, pois ele é o poderoso Thor.


Thor em 3D
A estreia de Thor, o filme, hoje nos cinemas portugueses, uma semana antes dos Estados Unidos, traz uma novidade para quem tem seguido as aventuras cinematográficas dos super-heróis Marvel: a abertura de uma porta para o lado mágico e místico do seu universo e para as suas realidades alternativas, após diversos filmes de tom mais realista, assentes na componente tecnológica e científica.
A par disso, embora seja notória a fidelidade a uma herança aos quadradinhos com quase 50 anos, com a inclusão de quase todas as personagens marcantes e da maior parte dos seus elementos clássicos, há a preocupação em criar uma cronologia cinematográfica própria, que permita que o filme chegue também aos que não são fãs da BD.
Em termos de actores – e há muito que um filme Marvel não reunia nomes tão sonantes – o destaque vai para as prestações de Anthony Hopkins (como Odin), Tom Hiddleston (Loki) e Natalie Portman (Jane Foster), enquanto que o protagonista, um musculado Chris Hemsworth, cumpre o percurso de queda e redenção, de forma competente. A dirigi-los está o veterano Kenneth Branagh, desde logo adepto do projecto pelo lado shakespeariano do enredo.
Se o 3D nada acrescenta ao filme e se é verdade que ele tem algumas cenas menos conseguidas – como a rápida conversão de Thor ao papel de protector da Terra ou a deficiente exploração da sua rivalidade com Loki – elas não chegam para ofuscar os seus pontos fortes: as cenas que decorrem numa Asgard imponente e magnífica, o tom épico das batalhas magistralmente encenadas por Branagh ou o empolgante confronto de Thor com o vilão Destruidor.




(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 28 de Abril de 2011)

29/04/2011

Pop Rock Português em BD

Apresentação
O Jornal de Notícias e o Diário de Notícias vão, a partir de hoje, sexta-feira, dia 29, homenagear em banda desenhada alguns dos maiores nomes da música popular portuguesa. Cada lançamento virá acompanhado de um CD com temas do artista da semana e de um ensaio sobre a sua história, de personalidades consagradas do panorama musical.
Xutos e Pontapés - Alex Gozblau
Os Xutos e Pontapés vão inaugurar esta colecção, com uma banda-desenhada escrita e ilustrada por Alex Gozblau. Juntamente com o livro, virá a edição remasterizada de 'Cerco' (1985), clássico do rock português que contém canções emblemáticas como 'Homem do Leme' ou 'Barcos Gregos'.
Para além da história de 30 páginas de Alex Gozblau, este volume contará com um texto da autoria de António Sérgio, Tozé Brito e Pedro Félix, e 'Adeus Vida Atinada', assinado por Pedro Teixeira.
Convém referir, já agora, que cada um dos quinze volumes desta colecção será escrito e ilustrado por um artista diferente, com um estilo e grafismo distinto para cada um dos músicos escolhidos.
O segundo volume, dedicado aos GNR, sai no dia 6 de Maio e conta com ilustrações de Nuno Saraiva e textos de Pedro Mexia e Pedro Cera.


(Texto da responsabilidade do Diário de Notícias)


Calendarização
UHF - Pedro Brito
Vol. 1 - Xutos e Pontapés (por Alex Gozblau) - 29-04-2011
vol. 2 - GNR (por Nuno Saraiva) - 06-05-2011
Vol. 3 - Jorge Palma (por Susa Monteiro) - 13-05-2011
Vol. 4- UHF (por Pedro Brito) - 20-05-2011
Vol. 5 - Trovante (por Maria João Worm) - 27-05-2011
Vol. 6 - António Variações (por Daniel Lima) - 03-06-2011
Vol. 7 - Sétima Legião (por Rui Lacas) - 10-06-2011
Vol. 8 - Pop dell'arte (por Fernando Martins) - 17-06-2011
Vol. 9 - Rui Veloso (por Vasco Gargalo) - 24-06-2011
Vol. 10 - Rádio Macau (por Luis Lázaro) - 01-07-2011
Vol. 11 - Clã (por Tiago Albuquerque) - 08-07-2011
Vol. 12 - Jafumega (por Afonso Ferreira) - 15-07-2011
Vol. 13 - Trabalhadores do Comércio (por Hugo Jesus, Pedro Pires e André Caetano) - 22-07-2011
Vol. 14 – Delfins (por Adolfo Ana) - 29-07-2011
Vol. 15 - Heróis do Mar (por António Jorge Gonçalves) - 05-08-2011

António Variações - Daniel Lima
Comentário
Esta colecção a partir de hoje à venda, retoma um projecto da Tugaland do final de 2008, anunciado então para venda directa – e alguns dos volumes que agora vão ser distribuídos apareceram pelo menos na FNAC.
Em relação ao alinhamento original, refira-se o desaparecimento dos volumes dedicados aos Da Weasel (desenhado por Tiago Albuquerque), Pedro Abrunhosa (por Rui Ricardo) e Sérgio Godinho (por Miguel Rocha).

28/04/2011

Lee Falk (1911-1999)

Criador de Mandrake e Fantasma nasceu há um século
A 28 de Abril de 1911 nascia em Saint Louis, no Missouri, Leon Harrison Gross, que viria a ser conhecido como Lee Falk, criador de dois heróis clássicos da BD norte-americana: Mandrake, o mágico e o Fantasma, lidos diariamente por mais de um milhão de pessoas no auge da sua popularidade.
Após os estudos na universidade do Illinois, começou profissionalmente como animador de emissões radiofónicas, antes de criar Mandrake, em 1934, desenhado por Phil Davis. Dois anos depois, seria a vez do Fantasma, em parceria com Ray Moore.
Se as aventuras deste último, inspiradas nos mitos e lendas que Falk apreciava, se destacavam pelo exotismo dos cenários e pela acção violenta protagonizada pelo primeiro herói mascarado da BD, no caso de Mandrake foram o suspense, o mistério e as suas capacidades hipnóticas que garantiram o sucesso numa época em que os leitores ansiavam por escapes para a dura vida resultante da Grande Depressão de 1929.
Apesar de escrever duas tiras diárias – tarefa que manteve até à morte – Falk arranjou ainda tempo para ser romancista, dramaturgo, director teatral e produtor, tendo dirigido Marlon Brando, Charlton Heston, Eva Gabor ou Paul Newman.
Teve três filhos de três casamentos, sendo que o último, com Elizabeth Moxley, se reflectiu nos quadradinhos, levando Mandrake e Fantasma a desposaram a princesa Narda e Diana Palmer, as suas noivas eternas.
Falk viria a falecer de um enfarte, a 13 de Março de 1999, termi-nando a esposa o argumento das bandas desenhadas em curso. Depois, Fred Fredericks, que já desenhava os dois heróis imaginados por Falk, assumiu também os argumentos, juntando-os em aventuras comuns a partir de 2002.
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 28 de Abril de 2011)

27/04/2011

Às Quintas Falamos de BD (III)

O Guarda Ricardo
Amanhã, dia 28 de Abril, pelas 21h00, no CNBDI, realiza-se o Encontro Humor em Abril com SAM e O Guarda Ricardo.
Esta iniciativa insere-se no programa de encontros Às Quintas Falamos de BD, que o CNBDI levará a cabo até Maio, todas as últimas quintas-feiras de cada mês, e conta com a participação de Júlio Moreira, amigo de SAM e profundo conhecedor da sua obra, Osvaldo de Sousa, investigador da história da caricatura e do cartoon, Orlando César, último Director do Noticias da Amadora, jornal onde nasceu em 1971 O Guarda Ricardo, uma das criações mais importantes de SAM.
Na ocasião serão exibidos um conjunto de filmes da autoria de SAM realizados por José Cunha e protagonizados por Mário Viegas e Vitor Norte, assim como os filmes de animação Heloísa, realizados por Armando Servais Tiago.
Na próxima 5ª feira convidamo-lo a tomar café connosco. Apareça, contamos consigo.


(Texto da responsabilidade da organização)

26/04/2011

The Amazing Spider-Man #657

Dan Slott (argumento)
Nuno Plati Alves (desenho e cor)
Marcos Martin, Ty Templeton e Stefano Caselli (desenho)
Muntsa Vicente, Javier Rodriguez e Marte Garcia (cor)
Marvel Comics (EUA, Março de 2011)
170 x 210, 32 p., cor,
comic-book, mensal, $3,99 US


Na sequência do desaparecimento do Tocha Humana e da integração do Homem-Aranha no Quarteto Fantástico, surge este número de The Amazing Spider-Man, com sabor evocativo, numa história completa que, de alguma forma, faz a transição entre aqueles dois momentos fortes (e mediáticos) da cronologia recente do universo Marvel.
Nela, o Senhor Fantástico, a Mulher Invisível, o Coisa e o Homem-Aranha, divididos entre a nostalgia e a tristeza, evocam diversos episódios protagonizados por Johhny Storm, entre o curioso, o caricato e o divertido – que passam por uma partida ao Coisa, super-heróis em cuecas (literalmente!) e (mais) um feito de “um rapaz brilhante” - tendo cada um deles sido entregue a um desenhador diferente, o que faz deles episódios autónomos dentro da história base.
A par de uma bela capa, de traço simples, quase discreto, mas com uma forte componente com o tal sabor nostálgico e evocativo, esta edição tem a curiosidade de o segundo episódio ter sido entregue ao desenhador português Nuno Plati Alves, que é o aquele que apresenta o traço mais personalizado (que se destaca bastante do aspecto mais “standard”, deixem-me escrever assim, do todo), e onde ganham mais uma vez realce a expressividade dos rostos e as cores suaves e quentes utilizadas.

25/04/2011

Emilio Salgari (1862-1911)

Emilio Salgari, um dos grandes romancistas populares do século XIX faleceu há um século, em Torino, na sua Itália natal.
Natural de Verona, onde nasceu a 21 de Agosto de 1862, desde sempre atraído pelo mar, ingressou na Academia Naval de Veneza, tendo no entanto feito uma única viagem a bordo de um navio mercante, na qual percorreu a costa do Adriático. Regressado a terra começou a escrever romances de aventuras, publicados na forma de folhetins em jornais.
Casado com Ida Peruzzi, de quem teve quatro filhos, Salgari escreveu mais de duas centenas de novelas entre relatos de viagens, westerns, ficção-científica e aventuras em ambientes exóticos como as Antilhas e as Bermudas.
Apesar do sucesso de muitas das suas criações, Salgari e a sua família viveram sempre com dificuldades financeiras, tendo-se o escritor suicidado, após a morte da esposa, a 25 de Abril de 1911.
Entre as suas criações mais populares contam-se o Corsário Negro, As Maravilhas do Ano 200 e, em especial, as aventuras de Sandokan, um príncipe da Malásia, cujos pais foram mortos pelo ocupante britânico, contra quem se revolta numa longa batalha pela justiça, a liberdade e o amor, juntamente com o português Yanez de Gomera e a bela Mariana, sobrinha do seu maior inimigo.
Várias vezes levada ao cinema, a história de Sandokan teve também direito a uma famosa mini-série televisiva italiana, nos anos 70, protagonizada por Kabir Bedi, Philippe Leroy e Carole André, com música original de Pino Massara, recentemente recuperada numa das várias adaptações animadas que foram feitas baseadas na sua obra.
A força das histórias originais de Salgari, com especial destaque para as aventuras de Sandokan, deu também origem a múltiplas versões aos quadradinhos – cujo destaque se justifica aqui por serem eles o tema deste blog – desde paródias Disney a versões pornográficas, pelo que ficam a seguir algumas versões assinadas por nomes (mais ou menos) conhecidos, começando pela que o Mundo de Aventuras publicou na segunda metade da década de 70 (que pirateei do blog Um Mundo de Aventuras, a quem ficam aqui os devidos agradecimentos e desculpas).
Milo Milani
Altan
Giovan Battista Carpi
Marcello


Hugo Pratt



Eduardo Risso

Massimo Rotundo


(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 25 de Abril de 2011)

24/04/2011

Selos & Quadradinhos (40)

Stamps & Comics / Timbres & BD (40)
Tema/subject/sujet: Philatelie de la Jeunesse – Tintin
País/country/pays: Bélgica/Belgium/Belgique
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 1986

23/04/2011

Selos & Quadradinhos (39)

Stamps & Comics / Timbres & BD (39)

Tema/subject/sujet: Philatelie de la Jeunesse – Schtroumpfs/Smurfs
País/country/pays: Bélgica/Belgium/Belgique
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 1984


Primeiro selo de uma emissão que se tornaria anual a partir de 1986 e por onde já passaram muitos dos grandes heróis dos quadradinhos belgas.


First stamp in a series dedicated to the great heroes of the Belgian comics that would become annual since 1986.


Premier timbre d'une série dédiée aux héros belges de BD qui deviendra annuelle depuis 1986.

22/04/2011

Moura BD 2011

Tem início hoje, às 15 horas, o Moura BD 2011, que marca o regresso dos quadradinhos aquela cidade alentejana, depois de quatro anos de ausência.
A 17ª edição do Salão de BD local, que decorre em paralelo com a Feira do Livro, até dia 8 de Maio, tem como mote “Viajantes de papel”, pois “as personagens, os autores e os leitores de banda desenhada têm em comum o facto de viajarem no papel”.
"Tendre Banlieu", de Tito
Neste primeiro fim-de-semana, o destaque vai para a presença de uma delegação de autores granadinos, composta por Clara Soriano, Carlos Hernandez, Miguel Angel Alejo, Rosa Molina e Maria Luisa Rodrigo, devido à geminação do Moura BD com as Jornadas Profesionales de Comic de Granada, que será oficializada no dia 24. Por isso, de Espanha, vem a exposição “El autor y su pagina”, em que diversos criadores apresentam a sua página de BD preferida.
Outros nomes em destaque no programa do evento, todos com exposição monográfica, são o português Victor Mesquita, um dos fundadores da revista Visão e criador de “Eternus 9”, o espanhol Tito, autor de “Tendre Banlieu” e “Soledad”, e o português Carlos Roque, que desenvolveu a maior parte da sua carreira na revista belga “Spirou”. Os dois primeiros serão contemplados com os tradicionais troféus Balanito, numa sessão que terá lugar no dia 7 de Maio, sendo Carlos Roque distinguido a título póstumo com um Balanito Especial.
Uma mostra de objectos de colecção relacionados com Tintin e as caricaturas de Carlos Laranjeira são outros motivos de interesse do Moura BD 2011 que decorre na Praça Sacadura Cabral, no Espaço INOVINTER , no Posto de Turismo e no Cine-Teatro Caridade.
Três ciclos e um workshop de cinema de animação, uma Feira do Livro de BD com as respectivas sessões de autógrafos, venda de originais e a Festa da Caricatura são aspectos complementares do certame, que tem previstas várias edições:
“Patrake” (Polvo), de Carlos Roque, “Cadernos Moura BD (nº8)”, dedicado a Victor Mesquita, “Vítor Péon e Tomahawk Tom”, um estudo de Jorge Magalhães, e os catálogos de três outras exposições: “Para além do Patinho” dedicada ao criador da famosa personagem televisiva, “Viajantes de Papel”, sobre os autores gráficos portugueses que tiveram sucesso no estrangeiro e “Agim Sulaj, O Humanista do Humor”, sobre a obra do cartoonista albanês.
O programa completo pode ser consultado no site do Moura BD 2011.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 22 de Abril de 2011)

21/04/2011

Tex #493 e #494


O Homem de Baltimore / Destinos Cruzados
Tito Faraci (argumento)
Bruzzo (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Novembro e Dezembro de 2010)
135x175 mm, 114 p., pb, brochado, mensal, 2,90 €


Resumo
A caminho de Riverstone, uma cidade (quase) sem lei, Tex e Kit cruzam-se com William Hodson, um escritor/desenhador em apuros devido a um ataque de índios, ganhando um aliado em mais uma missão que os levará a limpar a cidade dos elementos menos desejáveis.

Desenvolvimento
Ao longo dos anos – embora a diversidade de títulos disponíveis o mascare um pouco, devido à constante reedição de histórias clássicas, e torne difícil essa percepção – tem havido um esforço – consciente, acredito eu – de actualização e renovação de Tex, por parte da editora Bonelli. Na continuidade, claro está, sem opções fracturantes, de forma ponderada e lenta, para não descaracterizar a personagem e para não chocar os fãs mais tradicionais que, mesmo assim, nalguns casos, a acham excessiva. Mas uma renovação que tem procurado aproximar Tex – dentro do possível, pouco para quem deseja um western com outras características… – de modelos mais actuais.
Uma das opções mais visíveis dessa renovação, passa pelo desenho, que se tem tornado mais moderno, mais vistoso, mais chamativo, mais cuidado. Para funcionar, afinal, como mais um motivo de interesse para quem lê/pode ler as aventuras do ranger, deixando de ser um mero suporte de um produto que se vendia por si só.
O trabalho de Bruzzo neste díptico, é exemplo disso mesmo, pelo cuidado posto ao nível do contraste branco/negro, pela expressividade dos rostos, pela atenção dispensada a questões de pormenor, por algumas pranchas animalistas , invulgares em Tex.
Outro aspecto dessa renovação, passa pela introdução – contida, claro – de personagens femininos, geralmente jovens e sensuais, o que, curiosamente, constitui um claro regresso às origens de Tex…Outras vezes, por surpreendente que isso possa ser, essa renovação passa por aspectos menos evidentes, mas que até funcionam bem. No caso presente, eles passam pela opção de Faraci de introduzir uma personagem algo exótica, o, apesar de tudo, citadino, Hodson, mais a mais utilizando-o como narrador da aventura, devido ao seu encontro casual com Tex e Kit. E acrescentando o pormenor dele ser também desenhador, o que permite alguns efeitos curiosos em termos narrativos, pela inclusão dos seus desenhos nas pranchas de Bruzzo. A par disso, Faraci aumenta o protagonismo de Kit, pondo-o, neste particular praticamente ao nível do pai, o que, num caso diferente, poderia indicar uma eventual passagem de testemunho, de todo impensável em Tex.
Claro que, em tudo o mais, esta é (apenas…?) mais uma aventura de Tex, de ritmo elevado, muitos confrontos e tiroteios, algum suspense e o final esperado. Mas, claro, não podia ser de outra forma…

A reter
- A forma – aparentemente fácil – como Faraci inova e renova Tex, utilizando para esse efeito uma narração feita por um dos intervenientes na história.
- O desenho de Bruzzo, realista, pormenorizado, seguro, vigoroso, expressivo.


Curiosidade
- Na mesma aventura, Tex encontra duas pessoas que disparam mais rápido do que ele… felizmente são amigos, mas será esse um sinal de envelhecimento do ranger mais famoso dos quadradinhos?

(Texto publicado originalmente no Tex Willer Blog, a 19 de Abril de 2011)

20/04/2011

Manuel Caldas

Começou no Invicta Indie Arts, por iniciativa de Manuel Santo, e está a correr por vários blogs portu-ueses ligados aos quadradinhos, uma homenagem ao editor (restaurador e amante de boas bandas desenhadas) Manuel Caldas, a propósito dos 25 anos do seu fanzine Nemo.
Convidado em cima da hora, numa fase de total falta de tempo, apenas pude disponibilizar excertos de alguns dos vários textos sobre as suas edições que já publiquei aqui no blog, edições essas que agora relembro e que recomendo vivamente e sem reservas.
Foster e Val
Príncipe Valente
Surge… Ferd’nand
Krazy + Ignatz + Pupp
Tarzan dos Macacos
Ferd’nand retorna
O Corvo
Hägar
Os Meninos Kin-Der
Dot & Dash
O Livro do Buraco
Lance
Chamando de novo a atenção para estes livros, quero relembrar que a melhor forma de homenagear Manuel Caldas – e quantas homenagens ele merece, sem dúvida! – é comprar (de preferência, pedindo-lhas directamente), ler e divulgar as obras que ele tem editado. A única forma de ele poder continuar com o seu trabalho de editor.
E de nós podermos desfrutar delas, enquanto leitores.

19/04/2011

Onslaught Unleashed #1 e #2

Mini-série em 4 edições
Sean McKeever (argumento)
Filipe Andrade (desenho)
Ricardo Tércio (cores)
Dave Lanphear (legendas)
Humberto Ramos, Morry Hollowell, Rob Liefeld (capas)
Marvel Comics (EUA, Fevereiro e Março de 2011)
170 x 210 mm, 32 p., cor, comic-book, mensal, $3,99 US

Resumo
O rapto de Toro, um dos Young Allies, leva este grupo de super-heróis (de que também fazem parte Nomad, Spider-Girl, Gravity e Firestar) e também os Secret Avengers (Steve Rogers/Captain America, Black Widow, Moon Knight, Beast, Ant-man e Sharon Carter) até à Colômbia, onde terão de enfrentar o renascido vilão Onslaught.


Desenvolvimento
Se os comics de super-heróis não são a minha BD de eleição, são-no ainda menos quando envolvem um grande número de protagonistas, como é o caso, e argumentos com múltiplas referências cruzadas que me deixam (e a muitos mais, acredito) completamente perdido. Foi o que aconteceu com esta mini-série, sendo que terminei a leitura do primeiro número volume com a sensação de que praticamente nada se passara…
Sensação que se atenuou no segundo número, com o enredo a ganhar contornos mais nítidos, estando na sua base o regresso de Onslaught, um obscuro vilão da vasta galeria Marvel, que é a encarnação do lado negro do Professor Xavier, e que, como não podia deixar de ser, pretende vingança.
Por isso, a minha atenção – ao contrário do que é habitual – prendeu-se mais nos aspectos gráficos, entregues a dois portugueses: Filipe Andrade e Ricardo Tércio.
E, por este lado, confesso, valeu a pena. Andrade tem um traço dinâmico, com personagens com corpos longilíneos e capazes de estranhas contorções que parecem por vezes desprovidos de esqueleto interno, o que, se soa estranho lido, permite uma mobilidade extrema que faz toda a diferença neste tipo de narrativa. É verdade que os rostos são menos precisos nos detalhes, por vezes mesmo inexpressivos, mas a verdade é que o conjunto funciona bem.
Mais a mais, porque está enquadrado por uma planificação diversificada, muitas vezes com vinhetas sobrepostas ou inseridas dentro doutras, capaz de, em simultâneo, detalhar pormenores e mostrar o conjunto, o que dota a narrativa com o ritmo vivo desejado.
Quanto à cor de Ricardo Tércio, adapta-se bem ao traço de Andrade e às inflexões do argumento de McKeever, utilizando tons (geralmente escuros) diferentes para identificar a actuação das diversas personagens e contribuindo para uma maior legibilidade da história. Pessoalmente, acredito que vale a pena perder (ganhar…) algum tempo a apreciar como ele consegue destacar (quase) em cada vinheta os pontos fulcrais da acção ou os protagonistas apenas com a variação dos tons.


A reter
- O trabalho gráfico de Filipe Andrade, que assina nesta mini-série o primeiro trabalho de algum fôlego de um autor português para a Marvel.
- A cor de Ricardo Tércio.
- O bom trabalho editorial da Marvel que incluiu, no primeiro comic, oito páginas com um resumo da saga de Onslaught e, no segundo, uma entrevista com Sean McKeever.


Menos conseguido
- O argumento, algo confuso.
- As capas de Ramos e Liefeld. Sei que devem ser um contributo importante para aumentar as vendas da mini-série, mas confesso que gostaria de ver como Filipe Andrade responderia se tivesse tido a oportunidade de as fazer.
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