25/04/2024
Luís Louro: “O Corvo tem crescido a par e passo comigo como autor de BD”
Dia 15 de Abril é o dia do Desenhador, em homenagem a Leonardo Da Vinci, e foi esse o pretexto, juntamente com os 30 anos de O Corvo, para uma entrevista com Luís Louro publicada no Jornal de Noticias.
23/04/2024
A estrada
Pai e filho sem destino na Estrada da morte
“Cuidado com o que metes na cabeça.”
In A Estrada
Um homem e uma criança empurram com dificuldade um carrinho de supermercado ao longo de uma estrada. São pai e filho, como descobrimos rapidamente, mas a condição que sem-abrigo que intuíamos para eles revela-se errada. São sobreviventes de uma catástrofe que reduziu a humanidade a pouco mais do que à selvajaria animal e que nunca é explicada e seguem passo após passo em busca da ilusão de um local melhor para viver.
16/04/2024
The Walking Dead - Colectânea #2
Os mortos-vivos estão de regresso
Corria
o ano de 2010 e a febre zombie de The
Walking Dead
espalhava-se pelos pequenos ecrãs mais depressa do que a epidemia de
origem desconhecida que provocava o ressuscitar dos mortos.
Agora, já com as 10 temporada de The Walking Dead vistas - e nalguns casos revistas - bem como os respectivos spin-off, a Devir, numa atitude de louvar, regressa a esta banda desenhada, num formato cada vez mais corrente hoje em dia: tomos volumosos, no caso com mais de meio milhar de páginas, a solução escolhida para terminar a edição lusa num período de tempo razoável.
09/04/2024
Quentin por Tarantino
A acção por detrás das câmaras e das luzes
Se começou por ser cómica, daí a sua designação americana, e se se expandiu ao vestir traço realista para narrar todo o género de aventuras, a banda desenhada, que aos poucos assumiu também o género histórico e a adaptação de romances e filmes, em décadas recentes tem demonstrado à exaustão a sua capacidade para servir todas as temáticas. A autobiografia, por exemplo ou, mais além e ousadamente, a reportagem ou reflexões sobre a sociedade, o nosso mundo, a sua viabilidade e o seu futuro, têm comprovado a pluralidade e todo o potencial de uma forma narrativa que durante muitos anos foi considerada por muitos “para as crianças”.
07/04/2024
“Humanidade” é o tema do Amadora BD 2024
O Amadora BD - Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora já revelou o cartaz da edição de 2024, as respectivas datas e algumas dos seus conteúdos.
Clicar nesta ligação para ler a notícia completa ou dar o salto para aceder à informação institucional.
06/04/2024
Os Fanzines em Portugal: Anos 70, 80 e 90
A Bedeteca, biblioteca de banda desenhada a funcionar no Centro Comercial Brasília, no Porto, inaugura hoje, dia 6 de Abril, às 16 horas, na Galeria de Ilustração e Banda Desenhada Mundo Fantasma, a exposição Os Fanzines em Portugal: Anos 70, 80 e 90.
Clicar nesta ligação para ler a notícia completa.
02/04/2024
Bubas - Addicted to love
Memórias de outra vida
Quem
viveu por dentro do mundo da banda desenhada nos anos 1980 e 1990,
antes do aparecimento das tecnologias que revolucionaram também a
impressão, e tinha aspirações a ser autor, inevitavelmente ou
quase passou pelos fanzines, ou seja pelas edições amadoras.
É
o caso de Dário Duarte, a identidade secreta (pública) de Derradé
que, entre os jornais em que colaborou, os fanzines que auto-editou e
algumas edições um pouco mais profissionalizadas em que publicou,
foi traçando um retrato do mundo universitário em que vivia então,
que obviamente era também um retrato de um certo Portugal. Entre as
suas criações da época, destacam-se duas que foram recorrente na
sua obra impressa: os Bad Summer Boys, uma banda punk de garagem, e
Bubas, uma projecção em que se adivinham apontamentos
auto-biográficos.
28/03/2024
Noir Burlesco #2
Contar sempre a mesma história
Há
quem defenda que só existe um punhado de histórias para contar e o
que varia são as épocas, os locais e as roupagens com que são
vestidas as personagens que as vão interpretar. E acima de tudo, a
forma como são (re)contadas.
Por
essa ordem de ideias, Noir
Burlesco é
(mais) uma variação de uma temática tantas vezes abordada, aquela
que tem por base o eterno triângulo amoroso.
25/03/2024
O Mundo sem Fim
A corrida energética contra o relógio
“Sabemos
que o sistema antigo não resultará muito mais tempo”In
O Mundo sem Fim
Dentro do novo paradigma que vive a banda desenhada em Portugal, já aqui referido anteriormente, e que passa por mais editoras a apostar no género e por uma maior diversidade temática, O Mundo sem Fim, edição recente da Ala dos Livros, é uma das apostas mais arrojadas.
Afirmá-lo não questiona a qualidade intrínseca da obra, a sua actualidade ou o seu interesse, mas destaca a sua temática, pois aborda questões como as alterações climáticas, os vários tipos de energia, a limitação dos recursos energéticos e as opções necessárias para garantir a continuidade da espécie humana neste planeta, que muitos não esperariam ver tratados em banda desenhada.
Já com mais de um milhão de exemplares vendidos em França, onde foi o livro mais vendido em 2022, considerando todos os géneros e não apenas a BD, ultrapassando mesmo a concorrência de uma novidade Astérix, tem por base uma longa conversa entre Jean-Marc Jancovici, um renomado especialista em questões energéticas e alterações climáticas, e Christophe Blain, um dos grandes autores de BD actuais.
Se o tema se poderia ter tornado maçador, pesado e até desinteressante, Blain conseguiu transformar a exposição numa narrativa viva e dinâmica, com pequenos apontamentos de humor gráfico, referências que todos podem compreender e uma capacidade de expor graficamente perante os olhos do leitor as questões tratadas, proporcionando uma leitura fluída e apaixonante que custa interromper. Para aqueles que gostam de apontar a banda desenhada como modelo de virtudes didáticas este é um ótimo exemplo, tanto capaz de seduzir aqueles que já lêem esta arte regularmente, quanto os que muitas vezes ainda continuam a olhar para ela de lado.
Em O Mundo sem fim, somos confrontados com problemas incontroláveis, questões inadiáveis, soluções aparentemente miraculosas que não o são, a ilusão das energias renováveis ou aquelas que hoje parecem o truque de magia saído da manga, questões que são polémicas, assustam e obrigam a pensar sobre o rumo que queremos tomar.
Num tom que não é catastrofista, mas apenas profundamente realista e não tem medo de opiniões fortes e pouco consensuais, este livro mostra claramente que, ao contrário do que o seu título parece indicar, não vivemos num mundo sem fim; tem limitações e recursos finitos e, em nome da nossa sobrevivência, convém estarmos alertados e tomarmos medidas, mesmo que incómodas, para não termos de assistir ao seu ocaso.
E mesmo não sabendo se o sucesso pode ser importado para um mercado que não tem os mesmos hábitos de leitura - e ainda menos de leitura de BD - esta aposta da Ala dos Livros é mais um marco num catálogo rico e distinto.
O
Mundo sem Fim
Jean-Marc
Jancovici (argumento)
Christophe
Blain (desenho)
Ala
dos Livros
Portugal,
Fevereiro de 2024
235
x 310 mm, 196
p., cor,
capa dura, fita marca-páginas
35,00
€
(versão revista do texto publicado na página online do Jornal de Notícias de 8 de Março de 2024 e na versão em papel do dia seguinte; imagens disponibilizadas pela Ala do Livros; clicar nesta ligação para ver mais pranchas ou nas aqui reproduzidas para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)
12/03/2024
O Lobo
Em nome da necessária sobrevivência
Em
Portugal, Jean-Marc Rochette é conhecido como autor do volume I
e do volume II de
O
Expresso do Amanhã
(Levoir, 2020), a banda desenhada que esteve na origem da série
homónima da Netflix, uma história de sobrevivência de uns quantos
eleitos ou privilegiados, transformada em luta de classes no interior
de um extenso comboio, que circula a grande velocidade, numa viagem
interminável pela superfície coberta de neve do planeta Terra.
Revelado
na época áurea da mítica revista (À
Suivre),
Rochette tem agora editado, pela Arte de Autor, O
Lobo
que, curiosamente, é também uma história de sobrevivência, de
novo numa paisagem regularmente coberta de neve, os Alpes franceses.
05/03/2024
Patos
Dois anos de vida num mundo de homens
A
mudança de paradigma em relação à banda desenhada, em Portugal,
nos últimos anos, é evidente e só isso explica, por um lado, a
multiplicação de edições que fogem à oferta mais óbvia e, por
outro, a aposta neste género por parte de editoras que ainda há
poucos anos não incluíam esta forma narrativa nos seus catálogos.
Patos,
de Kate Beaton, é um dos exemplos recentes que comprova o escrito
atrás.
26/02/2024
Blacksad #7
A
unanimidade que 'Blacksad' justifica
Sei
que a unanimidade é perigosa mas no caso de Blacksad
é impossível não ficar deslumbrado pelo originalidade da sua
estrutura, pela qualidade das histórias e pela desenvoltura do traço
desta criação dos espanhóis Juan Díaz Canales e Juanjo Guarnido
O
título mais recente Então,
tudo cai
é, até agora, o mais ambicioso da série e talvez por isso foi
necessário dividir a história por dois álbuns - e
sobre o primeiro, já escrevi aqui - que
a Ala dos Livros já disponibilizou em português, reproduzindo as
capas originais que compõem uma imagem única (ver acima), com quatro dos
principais intervenientes e a coragem da segunda não ter o
protagonista.
20/02/2024
Companheiros da Penumbra
Fim do milénio à moda do Porto
Companheiros da Penumbra, edição da Chili com Carne já em segunda edição, é um enorme fresco de mais de 300 páginas sobre as noites da cidade do Porto nos últimos anos do século passado.
17/02/2024
Muita banda desenhada para ver em festivais nos próximos meses
Sinónimo
do bom momento que a edição de banda desenhada vive actualmente, o
primeiro semestre deste ano está recheado de eventos dedicados a
esta arte.
Como
geralmente o segredo é alma do negócio e muitas vezes as
confirmações surgem em cima das datas de realização, na maior
parte dos casos ainda não são conhecidos os convidados, mas há
algumas excepções...
13/02/2024
Dylan Dog: Picada mortal
Descida ao inferno numa cidade chamada céu
Hoje em dia, quando se fala de banda desenhada popular, de certa forma evocando um tempo em que ela se encontrava em generosas quantidades nos quiosques, há um nome que vem logo à mente, o de Sergio Bonelli e da editora italiana que leva o seu nome. Alicerçado no sucesso de Tex, um western puro e duro em publicação ininterrupta desde 1948, este editor milanês conseguiu criar um sistema editorial que permite alimentar, sem grandes oscilações de qualidade, ao nível gráfico e temático, as revistas de 100 páginas que mensalmente são colocadas à venda.
08/02/2024
Alfredo Castelli (1947-2024)
O mundo dos fumetti (designação italiana para as histórias aos quadradinhos) está mais pobre: Alfredo Castelli, o argumentista que tornou erudita a banda desenhada popular faleceu ontem, contava 76 anos.
Clicar nesta ligação para ler a notícia completa.
07/02/2024
Alix Senator #10 - A Floresta Carnívora
O regresso como um grande senhor
Alix,
criação de Jacques Martin em 1948, para a Tintin
belga, foi uma das personagens marcantes do tempo áureo daquela
publicação. Adolescente, permitia que os jovens leitores se
identificassem com ele; sensato e com uma sólida base histórica,
garantia o apoio dos pais a essa leitura.
Há
alguns anos, Valérie Mangin e Thierry Démarez, imaginaram o seu
regresso em adulto, como senador romano, numa série de álbuns que a
Gradiva tem publicado com uma regularidade muito interessante, sendo
o mais recente A
Floresta Carnívora.
30/01/2024
Emma G. Wildford
Suspensos de uma folha de papel de carta
Se
no cinema é normal seguir actores, na banda desenhada geralmente
procuram-se determinados desenhadores. Mas, tal como na Sétima Arte
há quem escolha os filmes preferencialmente pelos seus realizadores,
também na BD há leitores que fazem as suas escolhas com base no
nome do argumentista.
Neste
particular, Zidrou é um dos nomes a reter e, se as suas obras de tom
humano estão hoje espalhadas por diversos catálogos nacionais, em
boa hora as editoras A Seita e Arte de Autor se uniram para lhe
dedicarem uma colecção de que Emma
G. Wildford
é o tomo mais recente.
23/01/2024
Sou o seu silêncio
Humor, suspense e ‘vozes na cabeça’
A
Arte de Autor deu a conhecer Jordi Lafebre aos leitores portugueses
como desenhador da ternurenta e bem-disposta série familiar Verões Felizes
e, depois, como autor completo, na comédia romântica Apesar de tudo,
que só podia ser narrada em BD, dada uma brilhante característica
da sua concepção.
Agora,
regressa de novo a solo em Sou
o seu silêncio,
afirmando-se
como autor completo
num registo policial ambientado em Barcelona, com uma protagonista
feminina, Eva, uma psicóloga algo excêntrica com traços de
bipolaridade que, como tantas vezes neste género, dá por si
inesperadamente envolvida numa investigação de homicídio.
16/01/2024
Obras de Pratt: Koinsky
Um duplo olhar para o passado