Quinta
obra da coreana Keum Suk Gendry-Kim editada em Portugal, depois dos
aplaudidos A espera,
que aborda a vida da mãe e a separação das duas Coreias, e Erva,
sobre
as adolescentes e mulheres que que os japoneses utilizaram como
escravas sexuais durante a II Guerra Mundial,
O
meu amigo Kim Jong-Un,
destoa
daquelas pelo seu tom menos intimista e pessoal, assumindo um
carácter mais
semelhante
ao do
também/a
biografia Alexandra
Kim, filha da Sibéria.
Pode
não haver apenas um punhadso de histórias para contar, como alghuns
defendem, podem ser até umas quantas mãos cheias, mas há temas que
são recorrentes e que apenas têm uma nova abordagem. Danificada,
obra de estreia de M.
L. Vieira
na continuação da aposta que a Penguin Random House tem feito em
autores portugueses através da sua chancela Iguana,
aborda
a questão -
sem resposta... - da
identidade dos clones
e da sua personalidade - ou falta dela.
Como
medir o sucesso de uma criação (no
caso presente)
em banda desenhada? Pelos
exemplares vendidos? Pela sua perenidade no tempo? Sim,
em ambos os casos, mas também pela forma como a obra é inserida e
utilizada (tantas vezes abusivamente) pela cultura popular. Peanuts
e Mafalda, apesar de tudo de forma diferenciada, são dois
exemplos concretos e incontornáveis,
agora de regresso às livrarias nacionais.
Há
momentos da História que convém não deixar cair me esquecimento. O
que os nazis fizeram aos judeus durante a II Guerra Mundial, é um
desses casos e livros como esta adaptação em banda desenhada do
romance A
bibliotecária de Auschwitz,
de António Iturbe, são muito importantes para que as gerações
mais novas tenham noção de certos acontecimentos - mesmo que
incompleta e parcial porque seria impossível descrever numa obra
para os mais novos toda a brutalidade, crueldade e bestialidade que
foi empregue nos campos de concentração.
A
educação
física - mais uma aposta da Iguana na criação nacional - é um é um conjunto de retratos soltos de
pessoas dos
nossos dias,
um retrato tristonho e até sombrio, sobre amizades, relações e a
busca pela felicidade. Um conjunto de pedacinhos
de vidas tangenciais,
apanhados
aqui e ali,
de
gente que quer viver mas
que
não sabe como,
que
só consegue sobreviver.
Dentro
da aposta continuada que a Penguin Random House, através do selo
Iguana, tem vindo a fazer recentemente
em
autores portugueses de BD [e
de
cartoon],
O
Segredo dos Mártires é
o primeiro a abordaruma
narrativa de base histórica, com uma premissa que me agradou:
revelar desde logo o final - um final...? - mas sendo capaz de mesmo
assim surpreender o leitor.
Num
mercado que continua a dar sinais de crescimento e diversificação,
a presença da coreana Keum Suk Gendry-Kim já começa a ser natural;
depois de no ano passado nos terem sido propostos Alexandra
Kim
(Levoir) e A espera
(Iguana), agora, esta última editora sugere Erva,
mais uma história real, sobre as adolescentes e mulheres que foram
utilizadas pelos japoneses como escravas sexuais durante a II Guerra
Mundial.
Nas
suas mãos,
edição muito recente da Iguana, é a biografia de Suzanne Noël
(1978-1954), a primeira mulher a praticar cirurgia estética e uma
lutadora pela emancipação feminina.