Questões
de identidade
Pode
não haver apenas um punhadso de histórias para contar, como alghuns
defendem, podem ser até umas quantas mãos cheias, mas há temas que
são recorrentes e que apenas têm uma nova abordagem.
Danificada,
obra de estreia de M.
L. Vieira
na continuação da aposta que a Penguin Random House tem feito em
autores portugueses através da sua chancela Iguana,
aborda
a questão -
sem resposta... - da
identidade dos clones
e da sua personalidade - ou falta dela.
Clones femininos, no caso, sem que isso venha ao dito cujo, que têm de montar diariamente uma determinada quantidade de velocípedes. Uma tarefa que não deixa tempo para falar, pensar ou divagar; apenas permite agir, repetidamente, como as máquinas que não sãoi - mas que alguns consideram quase serem. Uma delas, a de número 2518, começa a apresentar algumas anomalias: sonha, não consegue dormir, tem desejo de deixar tudo e partir em busca do lugar que tem visto em sonhos. Em suma, contraria a sua essência e aquilo para que foi criada.
Consegui-lo, atingir os seus (novos) objectivos - ou pelo menos os que acredita serem - vai revelar-se diferente do que imaginávamos - e do que ela imaginava...? - e levantar novas questões.
Não sendo original, na sua base - mas há ainda por contar histórias que o sejam? - a narrativa peca pela extensão excessiva, pois poderia ter sido contada com maior consistência num menor número de páginas, o que evitaria também ter de reinventar constantemente um espaço graficamente limitado, o que se traduz em pranchas demasiado despidas e monótonas, ao mesmo tempo que torna mais evidentes algumas limitações da autora na representação do ser humano.
Danificada
M.
L. Vieira
Penguin
Random House/Iguana
Portugal,
Maio de 2025
170 x 240 mm, 88
p., cor, capa dura
17,45
€
(imagens disponibilizadas pela Iguana; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
Sem comentários:
Enviar um comentário