Bastien Vivés (argumento e desenho)
Casterman + KSTR
(França, Março de 2009)
190 x 276 mm, 136 p., cor, cartonado
Resumo
Dans mes yeux narra uma história de amor. Bela como todas as histórias de amor. Enquanto duram. Triste, como todas as histórias de amor, quando terminam. Porque terminam.
Desenvolvimento
Mas, Dans mes yeux, é mais do que uma história de amor. É a nossa história de amor. A história de amor de cada leitor, enfeitiçado pela bela ruiva que com ele – connosco – a protagoniza. Desde que pela primeira vez a vimos sentada na biblioteca e não mai conseguimos desviar o nosso olhar dela.
Porque este é um relato invulgar, em que a narrativa é sempre feita a partir dos olhos do protagonista – que somos nós – vendo apenas o que ele vê, ouvindo apenas o que a bela ruiva lhe/nos responde. Por isso adivinhando apenas – ou sabendo – o que ele/nós lhe respondemos. Porque dele – de nós – nada nos é mostrado ou dito: aparência, voz, pensamentos, ocupação, idade. O que não impede que (nos) descubramos apaixonados, sedutores, impacientes por a ver, perdidos a olhá-la, ignorando o que a rodeia, (quase) odiando com quem ela fala pelo tempo que no-la rouba, desejosos de a sentir, dispostos a tudo por ela, rindo com as suas piadas, fechando os olhos para a beijar. Mesmo que dela apenas saibamos que é estudante de letras.
E se enquanto mero exercício de estilo, explorando novos limites para a narrativa gráfica sequencial, a premissa base já era bastante interessante, Vivés conseguiu a par disso criar um relato cativante, emotivo, com algumas sequências especialmente conseguidas, como a inicial, na biblioteca, o beijo, ou a dança na festa…
Numa narrativa aberta, que deixa a cada leitor, emendo, à sensibilidade de cada leitor, a possibilidade de (re)interpretar cada gesto, cada palavra, cada olhar devolvido ou não…
E traçou tudo de forma minimalista, pintado com lápis de cor, melhor, de belas cores, com recurso esporádico a um traço preto fino, apenas para definir contornos. E com eles criou uma belíssima protagonista, que nalguns (dos nossos) olhares parece viva, tão bem trabalhado – tão real – tão expressivo é o seu rosto.
Fazendo do (primeiro?) amor, mil vezes contado, tão banalizado, uma experiência nova, sensitiva, fascinante, especial e única. Por ser o nosso.
A reter
- O livro, no seu conjunto.
Menos conseguido
- A capa, que não faz justiça à bela protagonista.
Sem comentários:
Enviar um comentário