07/03/2010

J. Kendall – Aventuras de uma criminóloga #58

Giancarlo Berardi, Giuseppe De Nardo e Lorenzo Calza (argumento) 
Marco Soldi (desenho) 
Mythos Editora (Brasil, Setembro de 2009) 
135 x 178 mm, 132 p., pb, brochado, mensal 

 Resumo O assassínio de um polícia em simultâneo com o aparecimento de uma série de mafiosos mortos desencadeia mais uma investigação da polícia de Garden City que, como habitualmente, recorre à consultoria de Júlia. 

Desenvolvimento
Esta é mais uma história policial bem contada, com a investigação e os momentos de acção intercalados com aspectos banais do quotidiano ou com um registo mais intimista em que a protagonista se expõe, dando voz às suas dúvidas, sentimentos, desejos e ansiedades, num todo como habitualmente bem escrito e ritmado, com protagonistas credíveis e bem definidos. E em que nada acontece por acaso. Veja-se como exemplo a interligação entre a cena em que a gata Toni liga inadvertidamente a televisão assustando Júlia e Emily – aparentemente um fait-divers - e, mais à frente, como ela influencia a reacção inicial da protagonista à intrusão do mafioso “John Smith” em sua casa. Desta vez, Berardi aproveita o relato para levantar duas questões muitas vezes associadas à actuação policial. Por um lado – com um curioso toque romântico, porque o inacessível parece sempre exercer uma grande atracção sobre nós – se é legítimo o recurso – com custos… - a informadores ou a acordos de legalidade duvidosa com criminosos, mesmo quando os fins a atingir o parecem justificar. Por outro, a existência de vigilantes, que se colocam acima da lei face à (aparente?) inutilidade/incapacidade dela. Graficamente – embora a edição nem sempre possibilite uma boa apreciação – a arte mantém a qualidade média que este título costuma apresentar mensalmente, com um traço realista, não excessivamente detalhado mas funcional, equilibrado no tratamento do ser humano, com especial atenção nos rostos, e eficiente no retrato de interiores e exteriores, nas cenas mais calmas como nas de acção. Uma referência ainda para a excelente cena do tiroteio na rua, nas páginas 25 a 31, credibilizada pela utilização de enquadramentos variados e o recurso a grandes (e expressivos) planos dos rostos dos intervenientes.

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