07/11/2010

Amadora BD 2010 (IV) - Um balanço

Encerra hoje no Fórum Luís de Camões, na Brandoa, o 21º Amadora BD, que foi uma edição de contrastes. Por um lado, pela fraca afluência de público nos dois primeiros fins-de-semana, por outro, pela qualidade de algumas exposições que mereciam bem mais visitantes.
De qualquer forma a organização terá que tirar ilações de alguns erros cometidos. À cabeça, a divulgação tardia do evento – e a falta de informação sobre o mesmo durante o seu decurso – e a quase total ausência de nomes sonantes, os tais que são capazes de chamar visitantes - Schuiten e Peeters foram as excepções. A par disto, a menor aposta na cenografia das exposições e a ausência de surpresas nas mesmas (como acontecera em 2009, por exemplo, com os belos originais dos autores polacos) também tornaram o evento menos chamativo para o grande público. Finalmente, porque o manga e os comics americanos, géneros preferidos pelos mais novos, continuam a primar pela quase total ausência. Compare-se a afluência do Japan Weekend ou do IberAnimé com a do Amadora Bd no primeiro fim-de-semana para perceber o que pretendo dizer.
Aspectos menores – mas lamentáveis – eram a ausência de textos de apoio e de letreiros em alguns dos stands comerciais, no segundo sábado do festival, ou seja 9 dias depois de este se ter iniciado.
É verdade que este ano, tendo por tema aglutinador o Centenário da República, a organização assumidamente quis apostar nos autores portugueses, mas, por muito que isto custe, eles não são, só por si, suficientes para garantir o público.
Isto não invalida que o Amadora BD, não tenha grandes exposições: as dedicadas à República e ao centenário de Fernando Bento (embora esta esteja “escondida num canto” do piso inferior), pela sua diversidade e pela qualidade dos documentos expostos, merecem os maiores encómios. A não perder são também a magnífica instalação dedicada “Às Cidades Obscuras”, de Schuiten e Peeters, o making of do álbum (que será editado quando?) "É de noite que te faço as perguntas" e as mostras de Sean Murphy, Cristina Sampaio ou Korky Paul, capazes de surpreender os visitantes.
Uma referência final para a melhor disposição dos diversos espaços no Fórum Luís de Camões, embora o piso superior esteja algo labiríntico, com especial relevo para o espaço comercial, mais amplo e arejado, apesar de algumas lojas terem pouca visibilidade, e para o bom número de lançamentos de títulos de autores portugueses, resultado da aposta que o festival tem feito na produção nacional.
Neste fim-de-semana, para lá de muitos autores portugueses, o festival contará com a presença do britânico Korky Paul, autor de “A Bruxa Mimi”, Jô Oliveira (Brasil), Lindomar Sousa (Angola), Zorito e Machado da Graça (Moçambique). Quem? Fica mais explícito agora o que escrevi atrás...?

(Versão expandida do texto publicado no Jornal de Notícias de 7 de Novembro de 2010)

Sem comentários:

Enviar um comentário