10/03/2012

Death Note











#1. Aborrecidos
Tsugumi Ohba (argumento)
Takeshi Obata (desenho)
Devir (Portugal, Janeiro de 2012)
130 x 190 mm, 200 p., pb, brochado
9,99 €



Resumo
Shinigami, um dos lendários deuses da morte, deixa cair na Terra um Death Note – Caderno da Morte - que é encontrado por Light Yagami, um excelente estudante.
Qualquer nome escrito num Death Note leva essa pessoa à morte, de ataque cardíaco ou da forma que for descrita no caderno.
Yagami decide utilizar o Death Note para livrar o nosso planeta do mal, começando a matar assassinos e outros criminosos violentos, o que acaba por chamar a atenção das autoridades a nível mundial, que encarregam da sua investigação L, um investigador prestigiado cuja verdadeira identidade ninguém conhece.

Desenvolvimento
Por tudo o que já li sobre Death Note, confesso que este era um dos mangas que estava no topo da minha lista de preferências. A sua edição em português foi, por isso, uma excelente (surpresa e) novidade. E poderá ser mesmo um dos lançamentos do ano, assim a Devir lhe dê continuidade, editando em português, com regularidade os 11 volumes restantes.
Conhecendo apenas este primeiro tomo, confesso-me desde já rendido à obra de Ohba e Obata, mesmo se duas questões sensíveis ficam para já (quase) por aflorar: o direito de provocar a morte a outrem – a recorrente questão da justificação da pena de morte; a razoabilidade de combater o aborrecimento matando outros.
Porque, os dois protagonistas, Shinigami e Light, encontram-se extremamente aborrecidos (daí o título deste tomo), funcionando o Death Note como uma (estimulante) distracção para ambos. Distracção perigosa, sublinhe-se porque Light, apesar da aparente bondade das suas acções – erradicar o mal da Terra – no fundo quer tornar-se senhor absoluto do mundo e não hesita em eliminar mesmo os inocentes que se atravessem no seu caminho.
Apesar disso, o transformar do enredo essencialmente num relato policial – apesar do tom fantástico e de terror inerente – acaba por não desiludir de forma alguma, pois o argumento está extraordinariamente bem escrito e desenvolvido, não só pela forma como vai sendo exposto e aprofundado o funcionamento do Death Note, mas também pelas sucessivas surpresas e volte-faces que o argumento vai tendo, pela forma como Light explora as “instruções de uso” do Death Note.
Na verdade, o duelo de génios que se estabelece entre Light e L, assente sobretudo num enorme suspense, embora com alguma acção e um fundo de terror psicológico, tem tudo para prender e apaixonar mesmo aqueles que geralmente desdenham da banda desenhada vinda do oriente.
O desenho de Obata, que acompanha bem a trama, tem para mim um senão: o aspecto do deus da morte, demasiado caricatural, a fazer lembrar o Joker de Batman, nas suas versões mais espalhafatosas. O que contrasta com alguns apontamentos hiper-realistas que Obata vai introduzindo em momentos específicos para acentuar aspectos cruciais da história.
Mas pondo isto de lado, é de toda a justiça realçar a grande legibilidade do desenho, um bom tratamento ao nível do ser humano, uma planificação ponderada e diversificada, com grande variedade de planos e o bom uso de trama em páginas bem preenchidas que – contrariando o que tantas vezes acontece no manga – obrigam o leitor a demorar-se, assimilando (também) assim os pormenores – que são muitos - do argumento.

A reter
- A edição de Death Note em Português. Mais um contributo para a construção (?) de um nicho de mercado que a ASA iniciou com Dragon Ball e Yu-Gi-Oh?
- A excelência do argumento, sólido, consistente, bem estruturado e que recorrentemente surpreende o leitor.
- O clima de suspense e terror psicológico que perpassa pelas páginas de Death Note.

Menos conseguido
- O ar “apalhaçado” de Shinigami.
- A repetição das páginas 137 a 144.


Nota
- Apesar de este livro estar em português, a utilização de imagens em inglês para ilustrar este texto deve-se à impossibilidade de obter boas imagens no scanner sem destruir completamente o livro…

4 comentários:

  1. "- A edição de Death Note em Português. Mais um contributo para a construção (?) de um nicho de mercado que a ASA iniciou com Dragon Ball e Yu-Gi-Oh?"

    Como assim para além da própria editora que já deixou uma serie de mangá pelo caminho a Narenko ou lá como se chamava também já tinha editado no passado já para não falar da tentativa da década de 90.
    Falta é saber se mais uma vez vai ficar pelo caminho da ultima vez foram 2 de 4.

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    1. Olá Optimus!
      Sem querer esquecer ou apagar a publicação de Akira e Mother Sarah, pela Meribérica, de Lupin III, pela Naranenko, e de Dark Angel, pela Devir, todas há alguns anos, acho que a recente aposta da ASA, primeiro em séries da TokyoPop e, depois, em Dragon Ball e Yu-Gi-Oh!, é a primeira tentativa séria de criar um nicho de leitores de manga em português.
      E, claro está, espero que tenha sucesso, independentemente de eu admirar mais ou menos as séries em questão ou o estilo manga em geral, pois acho importante que existam propostas editoriais diferentes aos quadradinhos em Portugal.
      Boas leituras de manga!

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  2. Cara esse é de longe um dos melhores animes que ja assisti... quem quiser assistir, pode ir sem medo q o anime é bom

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    1. Caro amigo,
      O anime nunca vi, mas o primeiro volume do manga conquistou-me!
      Boas leituras!

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