Jean Giraud,
aliás Moebius faleceu ontem aos 73 anos, num hospital francês, onde estava
internado há cerca de uma semana. Um cancro vitimou um dos maiores criadores
que a banda desenhada já conheceu.
Natural de Nogent-sur-Marne,
em França, onde nasceu a 8 de Maio de 1938, Giraud após publicar as suas
primeiras bandas desenhadas e cumprir o serviço militar, em 1958 conheceu Jijé,
de quem se tornaria ajudante na realização de Jerry Spring, e cujo traço emulou
nos primeiros episódios das aventuras de um certo Tenente Mike Blueberry, criado
com Jean-Michel Charlier, para a revista Pilote, em 1963.
Progressivamente,
Giraud viria a encontrar o seu próprio estilo, realista, vigoroso, limpo e
pormenorizado, impondo-se como um dos grandes desenhadores realistas da banda
desenhada francófona. Após a morte de Charlier, em 1989, assumiria também os
argumentos, despojando Blueberry do seu lado mais espetacular e da acção a
rodos que eram a sua imagem de marca, para conferir um tom mais intimista,
humano e místico ao mais importante western que a BD deu a conhecer.
Seria no
entanto como Moebius, a sua segunda personalidade para a BD, revelada também a
partir de 1963, que este criador de excepção se revelou um visionário, abrindo novas
perspectivas e potencialidades à narração em quadradinhos. Assumindo um traço
linha clara, límpido e luminoso, Moebius imaginou universos fantásticos, em que
combinou ficção-científica, fantástico, policial e registos mais intimistas,
como até então a BD nunca tinha visto.
Fundador da
editora Humanoides Associés e da mítica revista Metal Hurlant, Jean
Giraud/Moebius, entre muitos outros galardões foi distinguido com o Grande
Prémio de Angoulême em 1981. Para lá da BD, participou na concepção gráfica e/ou
no story-board de películas cinematográficas como Dune, Aliens, Maitres du
Temps, Tron ou Starwatcher.
Com mais de
60 álbuns escritos e/ou desenhados, a solo ou em parceria com Jean-Michel Charlier,
Alejandro Jodorowsky, Dan O’Bannon ou Stan Lee, Jean Giraud/Moebius foi um dos
grandes criadores contemporâneos e a sua obra influenciou de forma indelével
gerações de artistas gráficos.
Em
Portugal, a estreia de Giraud foi promovida directamente em álbum pela
Editorial Ibís, em 1969, com “Fort Navajo”, primeira aventura do Tenente
Bluberry, que regressaria dois anos mais tarde, na revista Tintin. As suas
aventuras foram integralmente publicadas em português, primeiro pela Meribérica
e, mais recentemente, pela ASA numa parceria com o jornal Público.
Quanto a Moebius,
estreou-se entre nós pela Futura em 1983, com a saga do Incal, estando
igualmente editadas entre nós obras fundamentais como A Garagem Hermética,
Arzach ou o Mundo de Edena.
Um Deus-Vivo que nos visitou e voltou agora ao panteão dos deuses da banda desenhada.
ResponderEliminarLili
E que nos deixou muitas e boas obras aos quadradinhos para o evocarmos....
EliminarLili, boas leituras de Giraud e Moebius!
Caro amigo,
ResponderEliminarNão queria estar a incomodar com semelhante assunto, mas por estes dias voltei a reler Blueberry, comprei albuns antigos em falta, pesquisei cronologias, personagens, datas e ... deparei-me com uma situação, que pode ser uma grande confusão minha, mas gostava de ver esclarecida, até pela minha sanidade mental.
A questão é a seguinte:
Ao reler o album Apaches, perto do fim ( pág. 63 da edição da ASA/Publico ) está gravado na sepultura de Caroline Younger a seguinte inscrição: Born Jul. 1860 Died 1881.
Ora se Blueberry vai partir dali para Fort Navajo e iniciar toda a aventura - Forte Najavo - Tempestade no Oeste etc, etc...como pode estar gravado na lapide a indicação de 1881 como data da morte de Caroline, se a serie começa em 1867
Será que estou com uma grande confusão?
Se puder me indicar uma fonte onde possa esclarecer esta situação ficava muito agradecido
Com os melhores cumprimentos
Paulo Pereira
Caro Paulo Pereira,
EliminarNão incomoda nada, apenas me deixa com uma pontinha de inveja por não ter o tempo necessário para reler todo esse magnífico western e desenvolver uma pesquisa como a sua.
... cujo resultado, tanto quanto pude confirmar, na internet e nalgumas edições que possuo, está correcto...
Parece-me, portanto, que se trata de uma incongruência narrativa de Jean Giraud... E lamento não poder ajudar mais.
Um grande abraço e boas leituras... de séries completas!
Bom dia
ResponderEliminarObrigado pelo amavel email
Abraço
Paulo Pereira