Nicolas Barral (desenho)
Gradiva (Portugal, 2005)
240 x 310 mm, 56 p.,
cor, cartonado
Antecipando
a leitura de “A Armadilha Maquiavélica”, segundo tomo de As aventuras de Philip e
Francis, recém-editado pela ASA, recordo o que escrevi sobre o tomo inicial da
série, aquando da sua edição em português.
Numa sátira ou o
satirizado é pouco conhecido e o efeito perde-se, ou é muito popular e aquela
tem que ser muito bem conseguida para se aguentar.
Veys e Barral
enfrentaram o segundo destes desafios ao criarem "As aventuras de Philip e
Francis", leia-se Philip Mortimer e Francis Blake, os célebres Blake e
Mortimer criados por Edgar P. Jacobs, um dos monumentos da BD franco-belga. E
com sucesso, embora sem atingir o nível de obra-prima do original, faltando-lhe
um desenho um pouco mais cuidado (e merecendo uma mais cuidada legendagem na
edição portuguesa).
Philip, mantém a
misoginia de Mortimer, a que acrescenta um surpreendente sentido de humor, a
falta de sentido do ridículo e a necessidade de emagrecer, que origina diversos
gags bem sucedidos num curioso confronto com o fiel Nasir (presente tal como o
(não tão cruel) Olrik).
Quanto a Francis, se não
resiste aos encantos do belo sexo, mostra resquícios de uma infância mal
resolvida.
O melhor do álbum é, no
entanto, a sua ideia central - um comportamento incorrecto e inadmissível das
"ladies" inglesas - e a sátira mordaz aos fleumáticos costumes
britânicos, que transformam "Ameaças ao império" (Gradiva) num livro
bem divertido, para além de imprescindível aos fãs de Jacobs, que nele
descobrirão sequências bem suas conhecidas, mas divertidamente adulteradas.
(Texto publicado no
Jornal de Notícias de 20 de Novembro de 2005)
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