Arthur de Pins
Contraponto (Portugal, Junho de 2012)
152 x 234 mm, 176 p., cor, brochada com badanas
16,60 €
1.
Este é mais uma daquelas surpresas que apesar de
tudo o que conhecemos – crise, dimensão reduzida do mercado de BD, pouca
audácia editorial, etc. – continuamos a encontrar ciclicamente nas nossas
livrarias.
2.
Sem o impacto de “Persépolis”,
é a segunda aposta em dois meses da Contraponto – e eu sei que há mais a
caminho…
3.
É também – de novo – a prova de que existem
outros formatos de publicação de BD, que podem ser (economicamente) viáveis
para o mercado português…
4.
Neste caso o chamado “formato livro”, com quase
duas centenas de pranchas que compilam os dois tomos originais, e pouco mais
caro do que o álbum tradicional.
5.
É verdade que nalguns casos – poucos – a
legibilidade dos balões ficou algo comprometida, mas no global o objecto em si satisfaz
e cumpre bem a sua missão.
6.
“Pequenos Prazeres” – num registo de todo
diferente do de “Persépolis” – conta as (des)aventuras de Arthur com o belo
sexo.
7.
Tímido, algo introvertido e complexado, não é no
entanto muito diferente dos homens da sua idade – aquela zona indefinida entre
o fim da juventude e a entrada na idade adulta – demonstrando muitas
dificuldades em relacionar-se com colegas, amigas ou simples (complexas?)
desconhecidas.
8.
Representante de uma geração desde cedo
bombardeada com sexo – como se nada mais houvesse na vida – vê-se e deseja-se
para encontrar alguém com quem o partilhar…
9.
Mas mesmo quando (quase…) o consegue, os
preconceitos, ilusões e medos sobrepõem-se ao momento e quase sempre
estragam-no.
10. Colectânea
de anedotas conhecidas, situações inesperadas e ideias divertidas, “Pequenos
Prazeres”, se não transpira tanto sexo quanto quer deixar a entender o texto da
contracapa, tem-no como tema central…
11. Tratado
com bastante humor, com facilidade diverte e provoca sorrisos, até pela
facilidade de identificação com muitas das situações ou o inesperado de muitos
dos desfechos.
12. O
tom aqui e ali um pouco mais picante – mas de todo longe de exigir uma bolinha
vermelha no canto superior das páginas – acaba por ser aligeirado pelo traço
escolhido: caricatural, agradável (, “fofinho” dirão muitos), próximo do
utilizado nas figuras “Amor é…” que estiveram em voga nos anos 80, num
contraste que surpreende e acaba por funcionar bastante bem.
13. Com
uma capa apelativa, “Pequenos Prazeres”, leitura leve e que dispõe bem, mais do
que dirigido aos habituais leitores de quadradinhos, tem tudo para agradar a um
espectro de público bem mais vasto.
14. O
que não deixa de ser bem positivo, como tudo que contribua para aumentar o
número de leitores (também) de BD em Portugal e o espaço de prateleira nas
livrarias para este género.
Excelente timing Pedro. Ainda à bocado folheei este livro numa livraria aqui da nossa praça, e fiquei agradavelmente surpreso pela edição. De aplaudir estas apostas refrescantes!
ResponderEliminarOlá Verbal,
ResponderEliminarÉ um texto que já estava pronto há alguns dias mas, felizmente (ou não...), tenho tido muito sobre o que escrever...
E é, sem dúvida, uma boa aposta para esta época de verão e para diversificar o mercado.
Boas leituras!