23/10/2012

The Amazing Spider-Man #692


 

 

 

 
 

 

Marvel Comics (EUA, Outubro 2012)
170 x 260 mm, 64 p., cor, comic-book mensal
$5,99 US
 
 
 
Este é um número integrado na comemoração dos 50 anos do Homem-Aranha e também da proximidade do “redondo” #700 – no qual o título vai acabar. Sem grandes razões para além da febre dos “números 1” que afecta actualmente a indústria dos comics norte-americana e para dar origem a um ainda (inexplicado) “Superior Spider-man”.
Inspirou-me três leituras diferentes, correspondentes ao trio de bandas desenhadas nele incluídas.

 
Alpha - Part 1: Point of Origin
Dan Slott (argumento)
Huberto Ramos (desenho)
Victor Olazaba (arte-final)
Edgar Delgado (cor) 
Esta é a história de um jovem liceal, mal-amado pelos colegas, vítima das suas partidas, que um dia, ao visitar um laboratório científico, é acidentalmente… não, não foi mordido por uma aranha radioactiva e por isso não se chama Peter Parker. Embora este, alguns anos mais velho do que aquilo que normalmente vemos, estivesse no laboratório como seu responsável.
O jovem em questão, Andy Maguire (evidente referência a Andrew Garfield e Tobey Maguire, os actores que interpretaram o herói aracnídeo no cinema), é sim atingido por uma dose de radiação, transformando-se no mais poderoso adolescente conhecido - com um (incongruente) visual à Lanterna Verde.
Devido à sua inexperiência e predisposição para avançar sem pensar, precisará de alguém para o orientar, sendo o Homem-Aranha naturalmente a encarregar-se disso, numa relação nem sempre pacífica, num registo algo atabalhoado e pouco credível, que recupera num novo contexto a moda dos parceiros adolescentes dos super-heróis (e não só).
Mais um truque comercial? Mais um avanço na completa descaracterização do herói aracnídeo que agora comemora 50 anos? A combinação dos dois? Seja o que for, espero que passe depressa – embora a chamada para o desenhar do excelente Humberto Ramos faça temer que não… - e nos devolva o Peter Parker que conhecemos.
 

Spider-Man for a night
Dean Haspiel (argumento e desenho)
Giulia Brusco (cor)
Numa das vertentes em que está a ser assinalado meio século do herói das teias, esta BD toma como ponto de partida um dos momentos fortes desses 50 anos: quando um desiludido e abalado Peter Parker deixa no caixote do lixo o seu uniforme, decidido a nunca mais o vestir.
Se, naturalmente, todos sabemos que voltou atrás, desconhecia-se o que aconteceu ao fato durante os (longos) minutos em que o Homem-Aranha não existiu.
Dean Haspiel revela esse segredo, numa história de tom humano, bem construída e desenvolvida, que convence pela forma como combina o desespero de um assaltante que só quer dinheiro para pagar o tratamento da neta com a mística do Homem-Aranha.

 
Just Right
Joshua Fialkov (argumento)
Nuno Plati (desenho e cor) 
Finalmente, na terceira BD, destaco o desenhador, o português Nuno Plati, pois a sua presença numa edição com este relevo não deixa de ser significativa.
Plati, fiel ao traço esguio e dinâmico – e à cor baseada em tons quentes - com que tem repetidamente retratado o Homem-Aranha, assina mais uma parceria com o argumentista Josh Fialkov, que enriquece a narrativa com um bem conseguido toque de humor.
Juntos, em duas dezenas de pranchas, narram um dia (não) do Homem-Aranha, que é salvo não pelos seus feitos heróicos, mas sim pela sua capacidade de manter o seu estatuto humano – mesmo com grandes poderes – e dar a um adolescente perseguido por colegas – mais um… - alguns momentos inesquecíveis.

 

7 comentários:

  1. E aqui se explica porque eu já não leio Homem-Aranha

    ResponderEliminar
  2. Eu não leio por causa do pacto.

    ResponderEliminar
  3. Paulo Costa (bem-vindo!) e Optimus:
    Compreendo-vos perfeitamente!
    ... embora seja inegável que há boas histórias do Aranha na fase pós-pacto...
    Boas leituras... pré-pacto!

    ResponderEliminar
  4. Pedro
    Não se compreende é o facto de 22 páginas das 55 de história que este comic contém serem do Nuno Plati e o seu nome nem aparece na capa.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pois é, André, tens razão...
      Só aparecem os autores do arco principal... Possivelmente os mais chamativos, digo eu...
      Boas leituras!

      Eliminar
  5. A arte do Nuno Plati está cada vez melhor (só aprecio menos os rostos). As cores e o corpo esguio mas musculado do Aranha estão mesmo bons. As páginas dele parecem tão limpas que dá logo vontade de mergulhar na história.

    ResponderEliminar
  6. Caro Luís Sanches,
    Sim, o Plati tem melhorado bastante, o que é natural se atendermos a que está a trabalhar mensalmente no Aranha. É o que muitas vezes falta a autores talentosos: a prática regular...
    Boas leituras!

    ResponderEliminar