Marvel Comics (EUA, Outubro 2012)
170 x 260 mm, 64 p., cor, comic-book mensal
$5,99 US
Este é um
número integrado na comemoração dos 50 anos do Homem-Aranha
e também da proximidade do “redondo” #700 – no qual o título vai acabar. Sem
grandes razões para além da febre dos “números 1” que afecta actualmente a indústria
dos comics norte-americana e para dar origem a um ainda (inexplicado) “Superior
Spider-man”.
Inspirou-me
três leituras diferentes, correspondentes ao trio de bandas desenhadas nele incluídas.
Alpha - Part 1: Point
of Origin
Dan Slott (argumento)
Huberto Ramos (desenho)
Victor Olazaba (arte-final)
Edgar Delgado (cor)
Esta é a
história de um jovem liceal, mal-amado pelos colegas, vítima das suas partidas,
que um dia, ao visitar um laboratório científico, é acidentalmente… não, não
foi mordido por uma aranha radioactiva e por isso não se chama Peter Parker.
Embora este, alguns anos mais velho do que aquilo que normalmente vemos, estivesse
no laboratório como seu responsável.
O jovem em
questão, Andy Maguire (evidente referência a Andrew Garfield e Tobey Maguire,
os actores que interpretaram o herói aracnídeo no cinema), é sim atingido por uma
dose de radiação, transformando-se no mais poderoso adolescente conhecido - com
um (incongruente) visual à Lanterna Verde.
Devido à
sua inexperiência e predisposição para avançar sem pensar, precisará de alguém
para o orientar, sendo o Homem-Aranha naturalmente a encarregar-se disso, numa
relação nem sempre pacífica, num registo algo atabalhoado e pouco credível, que
recupera num novo contexto a moda dos parceiros adolescentes dos super-heróis (e
não só).
Mais um
truque comercial? Mais um avanço na completa descaracterização do herói
aracnídeo que agora comemora 50 anos? A combinação dos dois? Seja o que for, espero
que passe depressa – embora a chamada para o desenhar do excelente Humberto Ramos
faça temer que não… - e nos devolva o Peter Parker que conhecemos.
Spider-Man for a night
Dean Haspiel
(argumento e desenho)
Giulia Brusco (cor)
Numa das
vertentes em que está a ser assinalado meio século do herói das teias, esta BD
toma como ponto de partida um dos momentos fortes desses 50 anos: quando um
desiludido e abalado Peter Parker deixa no caixote do lixo o seu uniforme,
decidido a nunca mais o vestir.
Se, naturalmente,
todos sabemos que voltou atrás, desconhecia-se o que aconteceu ao fato durante
os (longos) minutos em que o Homem-Aranha não existiu.
Dean Haspiel
revela esse segredo, numa história de tom humano, bem construída e
desenvolvida, que convence pela forma como combina o desespero de um assaltante
que só quer dinheiro para pagar o tratamento da neta com a mística do Homem-Aranha.
Just Right
Joshua Fialkov
(argumento)
Nuno Plati (desenho e cor)
Finalmente,
na terceira BD, destaco o desenhador, o português Nuno Plati, pois a sua
presença numa edição com este relevo não deixa de ser significativa.
Plati, fiel
ao traço esguio e dinâmico – e à cor baseada em tons quentes - com que tem
repetidamente retratado o Homem-Aranha, assina mais uma parceria com o
argumentista Josh Fialkov, que enriquece a narrativa com um bem conseguido toque
de humor.
Juntos, em
duas dezenas de pranchas, narram um dia (não) do Homem-Aranha, que é salvo não
pelos seus feitos heróicos, mas sim pela sua capacidade de manter o seu
estatuto humano – mesmo com grandes poderes – e dar a um adolescente perseguido
por colegas – mais um… - alguns momentos inesquecíveis.
E aqui se explica porque eu já não leio Homem-Aranha
ResponderEliminarEu não leio por causa do pacto.
ResponderEliminarPaulo Costa (bem-vindo!) e Optimus:
ResponderEliminarCompreendo-vos perfeitamente!
... embora seja inegável que há boas histórias do Aranha na fase pós-pacto...
Boas leituras... pré-pacto!
Pedro
ResponderEliminarNão se compreende é o facto de 22 páginas das 55 de história que este comic contém serem do Nuno Plati e o seu nome nem aparece na capa.
Pois é, André, tens razão...
EliminarSó aparecem os autores do arco principal... Possivelmente os mais chamativos, digo eu...
Boas leituras!
A arte do Nuno Plati está cada vez melhor (só aprecio menos os rostos). As cores e o corpo esguio mas musculado do Aranha estão mesmo bons. As páginas dele parecem tão limpas que dá logo vontade de mergulhar na história.
ResponderEliminarCaro Luís Sanches,
ResponderEliminarSim, o Plati tem melhorado bastante, o que é natural se atendermos a que está a trabalhar mensalmente no Aranha. É o que muitas vezes falta a autores talentosos: a prática regular...
Boas leituras!