Fábio
Moon e Gabriel Bá (argumento e desenho)
Dave
Stewrat (cor)
Panini
Comics (Brasil, Abril de 2012)
260
x 170 mm, 258 p., cor, brochada
R$
24,90
1.
daytripper é a “história da vida de Brás de
Oliva Domingues”.
2.
Uma história contada em episódios
correspondentes à sua idade, não ordenados cronologicamente.
3.
(mas que o leitor poderá reordenar para (re)descobrir
(um)a (nova) história da sua vida).
4.
daytripper é a história da sua vida – quem conheceu, quem
amou, com quem viveu, quem perdeu… - e morte - assassinado a tiro, afogado, num
acidente de viação, numa operação ao cérebro, de ataque cardíaco, esfaqueado…
5.
… Porque “as pessoas morrem todos os dias”. Sempre
que vivem, sempre que a vida muda. Sempre que os sonhos se concretizam ou esfumam.
6.
Filho de um escritor de sucesso, dono de um cão
chamado Dante, Brás de Oliva Domingues ganha a vida a escrever (belos)
obituários num jornal.
7.
Mas tem um sonho, ser escritor.
8.
Um escritor que escreva “sobre a vida”, embora passe
os dias a escrever “sobre a morte dos outros”.
9.
Com o consolo – consolo? – de saber que “a morte
é parte da vida”.
10. Melhor,
“a morte é uma parte da vida”.
11.
“Assim como a família” a que Brás quer pertencer
mas de quem se esqueceu - que o
esqueceu? Apesar da máquina de escrever com que trabalha ter sido um “presente
do seu pai” e de ter aprendido “a fumar com sua mãe” a “marca preferida do pai”.
12. daytripper
é uma história – várias histórias – tocante(s) e humana(s) sobre o paradoxo dos
sonhos e da vida real.
13. De como
a vida real devia espelhar os sonhos. De como os sonhos raramente se reproduzem
na vida. Nas vidas.
14. E de
como muitas vezes a vida não passa “de um sonho bobo que acabou virando um pesadelo”.
15.
Este é um livro sobre a vida e a morte.
16. Sobre
as muitas mortes que vivemos – que morremos? – quando brincamos, quando crescemos,
quando amamos, quando somos pais ou mães, quando perdemos os que amamos- Porque
“tudo na vida pode ser divertido”. Ou tudo na vida deve ser divertido?
17.
Especialmente quando se “faz alguma coisa da
vida”. Alguma coisa que valha a pena. Para os outros. Para nós.
18. Mas,
como “há muitas coisas na vida difíceis de entender e ainda maior é o desafio
de colocá-las em palavras” (e em (belos) desenhos), daytripper é um livro que
deve ser lido (e relido), porque Fábio Moon e Gabriel Bá conseguiram fazê-lo.
19. De forma
sensível, vibrante, profundamente humana.
20. Mas só
valerá a pena lê-lo se depois nós, como Brás de Oliva Domingues, formos também
viver. A nossa vida. Os nossos sonhos.
21. Por
isso, no fim da leitura, “abra os olhos e feche o livro” porque “para perseguir
os sonhos” é preciso “viver a vida”.
Belíssima resenha, Pedro! Sem dúvida, a melhor que li das tantas e boas que fizeram dessa obra.
ResponderEliminarConcordo com tudo escrito, Pedro. Foi um dos grandes livros que li no ano passado, mas a versão americana. Eles são de um grande talento, tanto na escrita como no desenho.
ResponderEliminarJo Fevereiro,
ResponderEliminarQuando os livros me marcam tanto como foi o caso deste, geralmente custa-me escrever sobre eles e não fico satisfeito com o que consigo. Não foi o caso desta vez, eventualmente porque boa parte do texto são citações do livro.
Pelas suas palavras, parece que consegui transmitir o que senti.
Diogo,
Possivelmente é o melhor livro que li/vou ler este ano.
Acompanho o Bá e o Moon desde o tempo do fanzine 10 Pãezinhos e acho que este foi o trabalho deles que mais me agradou desde então e também o que ficou mais próximo daquele registo mais intimista e pessoal.
Boas leituras aos dois!