22/10/2012

daytripper


 

 
 
 

 

Fábio Moon e Gabriel Bá (argumento e desenho)
Dave Stewrat (cor)
Panini Comics (Brasil, Abril de 2012)
260 x 170 mm, 258 p., cor, brochada
R$ 24,90

 
 
 
1.       daytripper é a “história da vida de Brás de Oliva Domingues”.
2.      Uma história contada em episódios correspondentes à sua idade, não ordenados cronologicamente.
3.      (mas que o leitor poderá reordenar para (re)descobrir (um)a (nova) história da sua vida).
4.      daytripper é  a história da sua vida – quem conheceu, quem amou, com quem viveu, quem perdeu… - e morte - assassinado a tiro, afogado, num acidente de viação, numa operação ao cérebro, de ataque cardíaco, esfaqueado…
5.      … Porque “as pessoas morrem todos os dias”. Sempre que vivem, sempre que a vida muda. Sempre que os sonhos se concretizam ou esfumam.
6.      Filho de um escritor de sucesso, dono de um cão chamado Dante, Brás de Oliva Domingues ganha a vida a escrever (belos) obituários num jornal.
7.      Mas tem um sonho, ser escritor.
8.     Um escritor que escreva “sobre a vida”, embora passe os dias a escrever “sobre a morte dos outros”.
9.      Com o consolo – consolo? – de saber que “a morte é parte da vida”.
10.  Melhor, “a morte é uma parte da vida”.
11.   “Assim como a família” a que Brás quer pertencer mas de quem se esqueceu  - que o esqueceu? Apesar da máquina de escrever com que trabalha ter sido um “presente do seu pai” e de ter aprendido “a fumar com sua mãe” a “marca preferida do pai”.
12.  daytripper é uma história – várias histórias – tocante(s) e humana(s) sobre o paradoxo dos sonhos e da vida real.
13.  De como a vida real devia espelhar os sonhos. De como os sonhos raramente se reproduzem na vida. Nas vidas.
14.  E de como muitas vezes a vida não passa “de um sonho bobo que acabou virando um pesadelo”.
15.   Este é um livro sobre a vida e a morte.
16.  Sobre as muitas mortes que vivemos – que morremos? – quando brincamos, quando crescemos, quando amamos, quando somos pais ou mães, quando perdemos os que amamos- Porque “tudo na vida pode ser divertido”. Ou tudo na vida deve ser divertido?
17.   Especialmente quando se “faz alguma coisa da vida”. Alguma coisa que valha a pena. Para os outros. Para nós.
18.  Mas, como “há muitas coisas na vida difíceis de entender e ainda maior é o desafio de colocá-las em palavras” (e em (belos) desenhos), daytripper é um livro que deve ser lido (e relido), porque Fábio Moon e Gabriel Bá conseguiram fazê-lo.
19.  De forma sensível, vibrante, profundamente humana.
20. Mas só valerá a pena lê-lo se depois nós, como Brás de Oliva Domingues, formos também viver. A nossa vida. Os nossos sonhos.
21.  Por isso, no fim da leitura, “abra os olhos e feche o livro” porque “para perseguir os sonhos” é preciso “viver a vida”.

 

3 comentários:

  1. Belíssima resenha, Pedro! Sem dúvida, a melhor que li das tantas e boas que fizeram dessa obra.

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  2. Concordo com tudo escrito, Pedro. Foi um dos grandes livros que li no ano passado, mas a versão americana. Eles são de um grande talento, tanto na escrita como no desenho.

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  3. Jo Fevereiro,
    Quando os livros me marcam tanto como foi o caso deste, geralmente custa-me escrever sobre eles e não fico satisfeito com o que consigo. Não foi o caso desta vez, eventualmente porque boa parte do texto são citações do livro.
    Pelas suas palavras, parece que consegui transmitir o que senti.

    Diogo,
    Possivelmente é o melhor livro que li/vou ler este ano.
    Acompanho o Bá e o Moon desde o tempo do fanzine 10 Pãezinhos e acho que este foi o trabalho deles que mais me agradou desde então e também o que ficou mais próximo daquele registo mais intimista e pessoal.

    Boas leituras aos dois!

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