Paraíso Terrestre/Jerusalém de África
Joann Sfar
ASA (Portugal, Agosto de 2012)
295 x 220 mm, 136 p., cor, brochado com badanas
Resumo
Este volume duplo, que inclui “O Paraíso Terrestre” e “Jerusalém
de África”, assinala o regresso do gato do rabino. E também do rabino, dono do
gato, da filha deste rabino, do marido da filha do rabino, do Malka dos leões e
dos leões do Malka. Que conhecem um russo que só fala russo e que apareceu
dentro de um caixote e de uma bela negra que se vai apaixonar por ele. Juntos,
atravessarão todo o continente africano, discorrendo sobre todos os assuntos
possíveis e imaginários.
Desenvolvimento
Através deles, sob esta capa aparentemente absurda e irreal,
Sfar aproveita para falar sobre amor, amizade, respeito, morte, Deus, religião,
oportunismo (e como estão interligados estes dois…), ódio racial, política… e
tudo o mais que surge a talhe de foice.
Fá-lo de forma terna, emocional ou mais colérica, por vezes
em tom sentido, outras com um assinalável humor, levantando questões
existenciais que todos, num momento ou outro, temos que enfrentar.
Fá-lo de uma forma enganadoramente leve e descontraída, pois
qualquer leitor atento se verá obrigado a parar para reflectir ou mesmo a
voltar atrás para reler novamente.
Narrado de forma extremamente fluente – que provoca o tal
tom (enganoso) de ligeireza – é mais um exemplo da superior capacidade de Sfar
para contar histórias aos quadradinhos, com diálogos e desenhos a encadearem-se
e a arrastarem o leitor, quase sem ele dar por isso, por um universo a um tempo
credível e irrealista.
Com Sfar, as personagens caminham pelas ruas de Argel,
viajam de camião pelo deserto, jantam num oásis ou atravessam África em busca
de uma cidade perdida, tendo os mais surpreendentes encontros, entre os quais
um jovem repórter belga de todos bem conhecido…
A reter
- O talento narrativo de Sfar.
- A facilidade com que utiliza os quadradinhos para colocar
questões incómodas e obrigar o leitor a reflectir sobre “temas sérios”.
- A edição em volume duplo da ASA, que completa assim – em
apenas um ano e - em 2 volumes esta série, que na origem teve 5 álbuns. Com o
mérito extra de agora ter emulado o formato e a apresentação do volume inicial,
incluído na colecção “Os Incontornáveis da Banda Desenhada”, uniformizando a
edição da série. De parabéns, portanto.
- Um final que embora lógico, surge algo apressado e
forçado, dando a sequência final a sensação que Sfar se cansou da narrativa
- O anúncio de um novo tomo que, feito em 2006, ainda não
saiu (em França) e possivelmente nunca sairá.
Boa noite, a propósito de novas edições, creio que o jornal Público vai voltar "à carga" com mais uma edição dos heróis da Marvel...
ResponderEliminarCumprimentos
Boa noite Paulo,
EliminarSim, vem aí uma extensão da colecção, com alguns títulos bem interessantes.
Logo que tenha luz verde da Levoir, divulgarei pormenores aqui no blog.
Boas leituras!