03/04/2013

Almanaque Tex #44














Mythos Editora
Brasil, Agosto de 2012
135 x 176 mm, 114 p., pb, brochada
R$ 7,90 / 4,00 €


O bando do Campesino
Gianluigi Bonelli (argumento)
Aurelio Galleppini (desenho)

Assalto ao trem
Gianluigi Bonelli (argumento)
Aurelio Galleppini (desenho)

Morte no deserto
Claudio Nizzi (argumento
Giovanni Ticci (desenho)

Uma tarde quente
Sergio Bonelli (argumento)
Giovanni Ticci (desenho)

Trilha de sangue
Claudio Nizzi (argumento
Giovanni Ticci (desenho)

O duelo
Claudio Nizzi (argumento
Fabio Civitelli (desenho)


Desconheço se existe algum estudo aprofundado sobre o assunto – apesar de já ter lido abordagens parciais ao tema - mas é interessante considerar como a banda desenhada evoluiu nos principais países “criadores”.
Em termos de forma, grosso modo, tivemos a tira diária, a prancha dominical e o comic-book, nos Estados Unidos; a revista com histórias em continuação e o álbum cartonado no mercado francófono; as revistas volumosas e posterior edição em pequeno formato, no Japão; as revistas populares em Itália.


Quanto à extensão – o pretexto que me traz aqui hoje - nos Estados Unidos, se as publicações em jornal nunca obedeceram a um qualquer limite, o comic-book (de super-heróis) habituou-nos a histórias relativamente curtas que na actualidade rondam a vintena de pranchas (embora seja normal prolongarem-se de número para número e até por diversas revistas). O modelo Disney – que Maurício de Sousa adoptou no Brasil – também prefere as narrativas curtas, ultrapassando poucas vezes aquele número de páginas.
No mercado francófono, as revistas, coloridas tal como as suas congéneres norte-americanas, publicavam semanalmente até 3 ou 4 pranchas de cada história, que eram depois compiladas em álbuns cartonados de 48 páginas (pontualmente 56 ou 64).
No Japão, as “entregas” semanais de 30 a 50 páginas a preto e branco, originavam extensas sagas que podiam chegar aos milhares de pranchas, compiladas nos volumes “tankobon” com cerca de 200 páginas cada um.
Finalmente, Itália – e em especial a Sergio Bonelli Editore – habituou os seus leitores às revistas com 100 a 130 páginas e histórias em continuação, inicialmente sem limite, embora o normal fossem as 200 a 300 pranchas. Tempos mais recentes viram as narrativas adequarem-se ao número de páginas da publicação, perdendo-se quase por completo o hábito do (continua).


Se a introdução já vai longa, não podia contrastar mais com as histórias incluídas neste Almanaque Tex #44, actualmente distribuído nos quiosques e bancas portugueses, pois ele compila as únicas 6 histórias curtas que existem protagonizadas por Tex – aliás, falta uma, é verdade, “A Presa” que o BDJornal publicou no seu número mais recente…
Esta “fuga à rotina” – mais vezes quebrada nos outros casos citados – se faz delas curiosas excepções, mostra também como os criadores da personagem estão pouco rotinados com o formato, soando quase todas como episódios parciais de um relato mais longo que fica por contar.
As honrosas excepções são “O Duelo”, segundo um guião de Civitelli que também a desenha e pinta (originalmente foi editada a cores), que funciona como conseguida homenagem ao – seu – herói, e a quase anedota “Uma tarde quente”, pelo tom irónico com que trata a violência habitual neste western.
Uma referência ainda para “Morte no deserto”, que passou ao lado de ser um belíssimo relato, pois o aprofundamento da situação limite que Tex vive – a travessia de um deserto, transportando às costas um bandido ferido, que acaba por morrer sem que o herói afectado pelo calor e pela sede de tal se aperceba – poderia ter dado uma história de tom humano muitíssimo interessante.
A edição – que faz uma breve apresentação de cada história, indicando as datas e os locais originais de publicação de cada uma das bandas desenhadas – é completada com as capas de todas as edições do Almanaque Tex já publicadas.


Estas seis histórias curtas de Tex, já tinham sido publicadas no Brasil na colecção “Tex e os Aventureiros”, um dos mais interessantes projectos editorias da Mythos na área das edições Bonelli.
Adoptando o formato original italiano – que, sim, faz bastante diferença – publicava em cada número, em sistema rotativo, uma banda desenhada “padrão” dos heróis Bonelli que a editora então editava – Tex, Zagor, Nick Raider, Dylan Dog, Mister No, Martin Mystère – bem como histórias curtas de cada um dos outros.
A falta de vendas levou a que o sexto e último número fosse reduzido para o habitual “formatinho”, para não ficar por editar…
Os textos de apoio deste Almanque Tex #44 – bem como as imagens que ilustram este texto – foram retirados dessas edições.

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