31/05/2013

Sigurd & Vigdis #1. L’Ordre











Hervé Loiselet (argumento)
Blary (desenho)
Le Lombard
França, 19 de Abril de 2013
237 x 310 mm, 56 p., cor, cartonado
14,45 €



Povo envolto nas brumas da lenda, que a banda desenhada (também) fez por alimentar, os vickings têm sido abordados por esta forma narrativa sob os mais diversos prismas.

Do humor de Astérix [e os Normandos] ao tom fantástico de Thorgal, passando pelo registo de aventura pura presente em “Harald le vicking” do recém-falecido Fred Funcken ou em “Sigurd, o herói”, do português Eduardo Teixeira Coelho. Ou, a título de curiosidade, pela pouco convencional exploração proposta pela casa Bonelli, quando fez Tex descobrir uma aldeia vicking perdida no tempo ao largo do continente norte-americano em “A Ilha misteriosa” (Almanaque Tex #16).

O díptico “Sigurd & Vigdis” é mais um regresso a esta temática, que me seduziu primeiramente pelo seu lado gráfico.
Apesar de algumas limitações no tratamento da figura humana, que nem sempre é muito feliz ao nível dos rostos, o recurso maioritariamente a uma paleta de tons sépia e cinza e a ambientes enevoados (que Goscinny e Uderzo bem parodiaram) consegue transmitir o tom exacto procurado pelo relato e diluir – também com recurso à composição das pranchas - os aspectos menos conseguidos.

“L’Ordre”, introduz os dois protagonistas - e narra o improvável encontro entre eles -  Sigurd, tornado mercenário para vingar o massacre do seu clã, e a princesa Vigdis, pouco interessada num casamento combinado apenas agradar à vontade paterna.
Transformados em fugitivos, vitoriosos à custa do emprego da força e da habilidade no manejo das armas, assistimos à sua transformação em lendas vivas, admirados e temidos, embora o seu propósito seja apenas seguir o seu desejo de liberdade e autodeterminação.
Com um fundo histórico (também) nebuloso – os Jomsvickings, uma ordem de mercenários cuja existência não é consensual entre os historiadores – esta é uma aventura de tom tradicional, com cujos protagonistas é fácil simpatizar e a cuja leitura se adere embalados pelo mar em que eles navegam e irmanados dos desejos que os fazem lutar.



2 comentários:

  1. Anónimo2/6/13 09:36

    Mais um excelente comentário, a que já nos habituou, desta feita sobre uma obra que me parece extremamente interessante, embora os nomes dos seus autores, de antemão, nada me digam. A suavidade do traço e o tratamento da cor, pelos exemplos escolhidos, parecem realçar, de facto, o ambiente um pouco nebuloso.
    Quanto à temática em causa, lembro outra grande criação de E.T. Coelho, "Ragnar le Viking", com o personagem que o projectou no panorama da BD francesa e mundial. E já agora, numa dimensão muito diferente, o "Viking Prince" de Joe Kubert.
    Um abraço do
    Jorge Magalhães

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    1. Caro Jorge Magalhães,
      Obrigado pela sugestão de mais duas obras sobre vickings a (re)ler.

      Boas leituras!

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