Hervé Loiselet (argumento)
Blary (desenho)
Le Lombard
França, 19 de Abril
de 2013
237 x 310 mm, 56 p.,
cor, cartonado
14,45 €
Povo envolto nas brumas da lenda, que a banda desenhada
(também) fez por alimentar, os vickings têm sido abordados por esta forma
narrativa sob os mais diversos prismas.
Do humor de Astérix [e os Normandos] ao
tom fantástico de Thorgal,
passando pelo registo de aventura pura presente em “Harald le vicking” do
recém-falecido Fred Funcken ou em “Sigurd, o herói”, do português Eduardo Teixeira Coelho. Ou, a título de
curiosidade, pela pouco convencional exploração proposta pela casa Bonelli,
quando fez Tex descobrir uma aldeia vicking perdida no tempo ao largo do continente
norte-americano em “A Ilha misteriosa” (Almanaque Tex #16).
O díptico “Sigurd & Vigdis” é mais um regresso a esta
temática, que me seduziu primeiramente pelo seu lado gráfico.
Apesar de algumas
limitações no tratamento da figura humana, que nem sempre é muito feliz ao
nível dos rostos, o recurso maioritariamente a uma paleta de tons sépia e cinza
e a ambientes enevoados (que Goscinny e Uderzo bem parodiaram) consegue
transmitir o tom exacto procurado pelo relato e diluir – também com recurso à
composição das pranchas - os aspectos menos conseguidos.
“L’Ordre”, introduz os dois protagonistas - e narra o improvável
encontro entre eles - Sigurd, tornado
mercenário para vingar o massacre do seu clã, e a princesa Vigdis, pouco interessada
num casamento combinado apenas agradar à vontade paterna.
Transformados em fugitivos, vitoriosos à custa do emprego da
força e da habilidade no manejo das armas, assistimos à sua transformação em
lendas vivas, admirados e temidos, embora o seu propósito seja apenas seguir o
seu desejo de liberdade e autodeterminação.
Com um fundo histórico (também) nebuloso – os Jomsvickings,
uma ordem de mercenários cuja existência não é consensual entre os
historiadores – esta é uma aventura de tom tradicional, com cujos protagonistas
é fácil simpatizar e a cuja leitura se adere embalados pelo mar em que eles
navegam e irmanados dos desejos que os fazem lutar.
Mais um excelente comentário, a que já nos habituou, desta feita sobre uma obra que me parece extremamente interessante, embora os nomes dos seus autores, de antemão, nada me digam. A suavidade do traço e o tratamento da cor, pelos exemplos escolhidos, parecem realçar, de facto, o ambiente um pouco nebuloso.
ResponderEliminarQuanto à temática em causa, lembro outra grande criação de E.T. Coelho, "Ragnar le Viking", com o personagem que o projectou no panorama da BD francesa e mundial. E já agora, numa dimensão muito diferente, o "Viking Prince" de Joe Kubert.
Um abraço do
Jorge Magalhães
Caro Jorge Magalhães,
EliminarObrigado pela sugestão de mais duas obras sobre vickings a (re)ler.
Boas leituras!