A 8 de Novembro de 1973 a Walt Disney Company estreava Robin
Hood, uma adaptação de uma das mais conhecidas lendas do imaginário popular,
protago-nizada por animais antropomórficos.
Juntava assim mais um rosto, aos
muitos que já tinha assumido esse herói lendário no cinema, na TV e na banda
desenhada.
Nesse filme, o 21.º dos clássicos animados da Disney, Robin
e Marion eram raposas, o príncipe João um leão, o xerife de Nothingham um urso,
tal como João Pequeno. Um galo como narrador, galinhas, coelhos e rinocerontes
também faziam parte do elenco, que contava com as vozes de Brian Bedford
(Robin), Peter Ustinov ou Alan Devine.
A história basicamente era a mesma que alimenta o imaginário
popular pelo menos desde o século XV, data da primeira referência a Robin Hood
e os seus Merry Men (alegres companheiros). Ambientada no condado de
Nothingham, governado pelo Príncipe João, aproveitando a ausência nas cruzadas
do legítimo rei, Ricado Coração de Leão, narra a luta de Robin Hood, a partir
da floresta de Sherwood, com um grupo de homens que incluía João Pequeno e o
frei Tuck, contra as injustiças cometidas pelo príncipe regente. Admirado pela
população, por “roubar aos ricos para dar aos pobres” – lema inexistente nas
primeiras versões… - exímio na utilização do arco e da espada, tem no xerife de
Nothingham o seu maior adversário e na bela Marion o objecto da sua paixão.
Aquele filme não era, no entanto, a primeira abordagem da
Disney à lenda, pois já nos anos 30, Floyd Gotfredson tinha provocado um
encontro de Mickey Mouse com o arqueiro, nas páginas dominicais dos jornais
norte-americanos. Intitulada The Robin Hood Adventure, foi publicada na
primeira versão portuguesa da revista Mickey, em 1936.
Outra versão animada do herói de Sherwwod, Robin Hood and
his Merry Mouse (2012), coloca Tom e Jerry na época medieval em auxílio do
justiceiro, que já tinham visitado em 1958. Bugs Bunny, Daffy Duck, Mister
Magoo, Marretas, Schtroumpfs, Super Mario ou Ren e Stimpy são outros heróis de
animação que se cruzaram com Robin.
A primeira versão cinematográfica é bastante mais antiga,
e foi feita em Inglaterra, em 1908. Filme mudo intitulado Robin Hood and his
Merry Men, foi dirigido por Percy Stow.
Numa lista que conta mais de meia centena de adaptações,
entre versões cinematográficas e televisivas, há três que se destacam
naturalmente. Robin Hood (1922), dirigido por Allan Dwan, alia ao protagonismo
de Douglas Fairbanks, o facto de ter sido o primeiro filme com direito a
ante-estreia em Hollywood.
O mais famoso e aclamado, é The Robin Hood Adventures,
graças ao protagonismo de Errol Flynn, que se tornou quase a ‘imagem oficial’
do justiceiro de Sherwood. Dirigido por Michael Curtiz é um dos clássicos
intemporais da 7.ª arte, com presença recorrente nas listas dos melhores 100
filmes de sempre.
Mais recentes são Robin Hood: Prince of Thieves (1991) a
versão de Kevin Reynolds mal recebida pela crítica, protagonizada por Kevin
Costner, que contava no elenco com Morgan Freeman e Sean Connery, e Robin Hood
(2010), de Riddley Scott, com Russell Crowne e Cate Blanchett.
Numa aproximação diferente, surge Robin Hood: Men in Thights
(1993), com o humor nonsense de Mel Brooks.
Quanto à banda desenhada, também não ficou indiferente ao
potencial do lendário herói e ele foi mesmo a primeira personagem recorrente da
futura DC Comics, em Janeiro de 1938, meses antes de surgir o Superman, escrito
e desenhado por Sven Elven.
Em histórias que envolvem viagens do tempo ou dimensões
paralelas, diversos dos super-heróis da DC, como Superman, Batman, Arqueiro
Verde, Mulher Maravilha ou a Liga da Justiça encontraram-se com o justiceiro da
floresta de Sherwwod, auxiliando-o na sua cruzada. Este último teve também uma
pequena participação em Fables, uma série da Vertigo que retoma personagens lendários
ou de livros infantis, colocando-os nos EUA nos nossos dias, dotados dos piores
defeitos do ser humano.
Em termos europeus, desde a década de 1940 que sucessivas
versões foram criadas em Inglaterra, tendo algumas surgido em Portugal em
títulos como Mundo de Aventuras, Condor, Cavaleiro Andante, Tigre ou Falcão e
mesmo na revista Robin dos Bosques, na década de 1970.
Em França, onde o português Edurado Teixeira Coelho se
distinguiu com esta personagem (ver caixa), referência também para Robin da Mata,
a sátira bem humorada criada por Bob de Groot e Turk em 1969, que a revista
Tintin publicou entre nós.
Pela floresta de Sherwood pesseou também o grande mestre
português Eduardo Teixeira Coelho (1919-2005), dotado de um traço clássico e vigoroso,
durante o período ‘francês’ da sua longa e notável carreira, quando desenhou
mais de meia centena de episódios de Robin
du Bois, a partir de argumentos de Jean Olivier.
Originalmente publicados na revista Vaillant, entre 1969 e 1975, foram em grande parte editados no
nosso país no Mundo de Aventuras,
tendo alguns deles merecido também traduções noutros países.
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