19/02/2014

Daredevil: El fin de los días










Se a origem dos super-heróis tem sido (re)contada muitas vezes (de muitas maneiras) ao longo dos tempos, raramente o mesmo tem acontecido com o seu fim.
Talvez, porque como diz o aforismo, os (super-)heróis nunca morrem…
El fin de los días – sem o contrariar… - narra de forma bem interessante a morte de Daredevil.


Nascido, de certa forma, sob influência de O Regresso do Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, e fazendo parte de obras similares dedicadas a Hulk, Punisher, Wolverine ou Fantastic Four – como bem enquadra Julián M. Clemente na introdução deste volume – este argumento de Brian Michael Bendis e David Mack  – como seria de esperar… - está muito bem construído e é um pretexto para revisitar alguns dos momentos mais marcantes da vida do justiceiro cego da Marvel, em companhia de alguns dos autores que mais marcaram graficamente esse percurso, numa conseguida homenagem aqueles que deram vida ao heróis dos quadradinhos ao longo de décadas e numa bela evocação das motivações e razão de ser do herói.
El fin de los días abre exactamente com a morte de Daredevil, numa das sequências mais realisticamente violetas que já vi em histórias de super-heróis (e que mostro a ilustrar este texto, no original norte-americano), beneficiando do traço duro e agreste de Klaus Janson (não inocentemente ‘repescado’, como anterior parceiro de Miller justamente numa das fases mais aclamadas de Daredevil).
Situando-se num futuro não muito distante, após um período de ausência do alter-ego de Matt Murdock, em que os super-heróis foram praticamente banidos da sociedade e transformados em marcas publicitárias para fast-food, seguros ou jornais, esta obra tem como protagonista o jornalista Ben Ulrich, que tenta descobrir o que aconteceu nos últimos dias da vida do seu antigo amigo e qual o significado da última palavra que ele pronunciou antes de morrer.
Assumindo um tom mais policial do que super-heróico, por força da investigação jornalística – para publicar na última edição do Clarim Diário antes de ele encerrar as portas, vencido pelas novas tecnologias? – que Ulrich leva a cabo, El fin de los días avança acompanhando as suas visitas e perguntas a antigos amigos, inimigos e relações amorosas de Daredevil, num percurso onde a violência e as vítimas o perseguem cada vez mais de perto.
A história está muito bem construída, e as suas quase 200 páginas lêem-se de uma assentada, com os leitores presos pelos vários mistérios que, com o jornalista, vamos descobrindo, apesar do véu que teima em esconder o significado da tal palavra e a identidade do ‘anjo-da-guarda’ que parece velar por Ulrich.
E se a resposta a esta última questão se torna evidente a partir de certo ponto, só no final – trágico, num fechar de ciclo que a morte do herói iniciou – surgem à luz do dia todas as respostas, com tanto de surpreendente quanto de lógico.

Daredevil: El fin de los días
Brian Michael Bendis e David Mack (argumento)
Klaus Janson (desenho) com a participação de Bill Sienkiewicz, Alex Maleev e David Mack
Matt Hollingsworth (cor)
Panini Comics
Espanha, Dezembro de 2013
175 x 265 mm, 208 p., cor, brochada com badanas, 17,95 €

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