09/04/2014

Noé: L’Intégrale






Estreia amanhã nas salas portuguesas o filme Noé que - muitos não saberão – tem como ponto de partida a banda desenhada homónima.
Esta, apresenta como curiosidade ter sido foi escrita por Daren Aronofsky, realizador do filme, que encontrou (primeiramente) na BD – e numa editora francófona – o meio para narrar uma história que há muito o acompanhava.
Já a seguir, descubram como Aronofsky (em parceria com Ari Handel) fez do relato bíblico um épico com uma nova dimensão humana.


Suponho que a história de Noé é conhecida – ainda que superficialmente - de todos: perante a maldade do mundo, Deus ordenou ao patriarca que construísse uma enorme arca, onde deveria entrar com a sua família e dois animais de cada espécie, para assegurar a sua sobrevivência quando o dilúvio se abatesse sobre a terra.
Ele assim fez e, durante 40 dias e 40 noites não parou de chover, até que todos os continentes ficaram submersos e toda a vida no exterior da arca foi extinta, possibilitando um novo recomeço para a criação.

A esta base, seguida de perto, os argumentistas conferiram um curioso tom ecologista e, mais ainda, uma enorme dimensão humana.
Desde logo porque esvazia bastante a questão teológica – Noé não recebe as ordens directamente de Deus, tem visões que, na sua humanidade falível, deve interpretar.
Mas, mais do que isso, Noé é assolado por sucessivas dúvidas, de quem deve conhecer a tragédia que está para vir à construção da arca, de quem nela deve entrar a – até – a quem dela deve sair…
Pelo meio, tem que enfrentar o tirano local, que primeiro tenta assassina-lo porque sente que a sua mensagem pode erodir o seu poder, depois quando, perante as evidências que confirmam a mensagem de Noé, tenta tomar a arca à força.
Subjugado pelo fardo imenso do conhecimento que retém, das decisões que deve tomar, das escolhas que está obrigado a fazer, o protagonista tem opções que parecem raiar a loucura – ou pelo menos o fanatismo e que, na prática, ameaçam pôr em causa o objectivo primário da arca.
É no periclitante equilíbrio entre a missão – sobrenatural? - que é conferida a Noé e a sua falibilidade humana que a narrativa ganha um tom épico e entusiasmante, deixando o leitor suspenso do desfecho que, evidentemente, não vou aqui adiantar.
Inicialmente publicado em quatro álbuns, agora compilados num único volume integral, Noé conta com o traço inspirado do canadiano Niko Henrichon, que os portugueses conhecem do magnífico Fábula de Bagdad. O seu desenho em Noé não é tão cuidado e belo como naquele livro, antes assume um tom mais duro, mais agreste, muitas vezes mais selvagem, adequando-se ao tom da obra e contribuindo decisivamente para o arrebatamento que ela provoca.

Noé
L’Intégrale
Daren Aronofsky e Ari Andel (argumento)
Niko Henrichon (desenho)
Le Lombard
Bélgica, 14 de Março de 2014
222 x 295 mm, 264 p., cor, cartonado, 29,90 €

2 comentários:

  1. Olá Pedro!

    Onde conseguiste encontrar esse exemplar cá em Portugal?

    Obrigado.

    Abraço,

    João Eugénio

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    1. Olá JOão,
      Podes encomendá-lo na livraria Dr. Kartoon, em Coimbra, ou então através da FNAC ou da Amazon...

      Boas leituras!

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