08/05/2014

Simpsons Comics #1









Há sensivelmente 20 anos, antecipando um regresso à escrita sobre BD ao jornal O Primeiro de Janeiro – que acabou por nunca se concretizar – escrevi um texto sobre a revista norte-americana Simpsons Comics #1.
Agora, perdido o texto original – ou pelo menos em paradeiro desconhecido… - volto ao tema, com uma satisfação acrescida: a edição sobre que falo é em português.
E esse aspecto, levanta-me desde logo duas questões, que apresento já a seguir:

A primeira, diz respeito ao conteúdo. A opção – que não sei sequer se esteve em cima da mesa – foi seguir na edição nacional a ordem de publicação da edição da Bongo Comics. A outra hipótese, seria utilizar material mais recente (nos EUA, a Simpsons Comics atingiu já o #214).
Se a primeira permite acompanhar a evolução da família amarela nos quadradinhos, a segunda talvez permitisse uma maior identificação com os leitores pela proximidade à época que proporcionava. Ambas as opções me parecem justificáveis e defensáveis.
A segunda, para mim mais sensível, diz respeito ao formato. Se em termos de papel e acabamento – e também de divulgação - a Goody está de parabéns (mais uma vez), não compreendo a opção pelo crescimento da revista: 195 x 285 mm da edição lusa contra os 170 x 260 mm da edição original.
Como a arte – como veremos mais à frente - não serve de justificação, penso que este acréscimo de gasto em papel só faz sentido pela maior visibilidade que ganha(rá?) na exposição para venda.
E já que comecei em termos formais, deixo duas sugestões à editora:
A primeira, dando voz a um comentário surgido no texto deapresentação da Simpsons Comics #1, pede a inclusão (no índice ou na ficha técnica, por exemplo) da referência à edição em que cada história foi originalmente publicada.
A segunda sugestão passa pela ocupação total da página pelas “capas” que antecedem cada uma das histórias publicadas. No comic original – com apenas 32 páginas – existem “duas capas”: a ‘verdadeira’, que encaminha para a história principal, e uma outra, visível voltando a revista ao contrário, que supostamente anuncia uma publicação diferente (de terror, romântica, …); a elas correspondem as ilustrações publicadas nas páginas 29 e 58 da edição portuguesa. A utilização destas ilustrações (bem como a da página 35, correspondente à capa da segunda edição americana) em página inteira, sem a margem branca à volta, permitiria aproximá-las da ideia original.

Passando – finalmente – à BD em si, ela tem tudo para seduzir os fãs dos Simpsons: as personagens, as situações, as expressões, são as que eles (bem) conhecem, com o bónus extra de serem relatos inéditos.
Quanto aos outros, o humor cáustico dos Simpsons está suficientemente presente para tornar a edição suficientemente divertida para justificar a leitura. Mais numas histórias do que noutras, como seria de esperar, brilhando neste número inicial Bart, o presidiário, que narra um dia do miúdo Simpson na pele de um condenado, e O Coleccionador, capaz de aterrorizar todos aqueles que fazem das edições de BD o alvo da sua paixão.
Em termos artísticos, apesar de diversos pormenores divertidos espalhados pelas vinhetas, a arte é apenas funcional, embora aqui e ali se destaque pelo dinamismo que transmite às sequências ou por alguns planos menos convencionais bem conseguidos.

Simpsons Comics
Steve Vance e Bill Morrison (argumento)
Bill Morrison, Sondra Roy e Tim Bavington (desenho)
Goody
Portugal, 30 de Abril de 2014
195 x 285 mm, 64 p., cor, mensal, 2,50 €

8 comentários:

  1. Anónimo8/5/14 15:11

    Este blogue é um achado. Vou aqui ganhar muito tempo certamente. Obrigado pela partilha.

    David

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    1. David, obrigado pela visita, espero que te continues a sentir bem por aqui.

      Boas leituras!

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  2. Anónimo8/5/14 18:37

    E já agora alguém sabe em que comics originais foram publicadas estas histórias?

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    1. David,
      As duas primeiras histórias da edição portuguesa saíram na Simpspns Comics #1 original e as outras duas na #2.

      Boas leituras!

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  3. Bem-vindo ao blogue, anónimo. Pedro Cleto só há um em Portugal. Aproveita a estadia e ajuda o blogue a crescer (ainda mais).

    Quanto à tua pergunta, estas histórias foram as primeiras que saíram nos EUA (apesar de já ir no #214), salvo erro.


    Your friendly neighborhood,

    Angelo

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    1. Ângelo,
      Obrigado pelos elogios e pela antecipação na resposta.
      Boas leituras!

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  4. "acréscimo de gasto em papel só faz sentido pela maior visibilidade que ganha(rá?) na exposição para venda."

    Eu acho que foi isso mesmo já para nºao falar que a aproximou ao formato magazine basta ver o destaque nas bancas e fnac.Nem é original as 1as teias do Aranha tambem tinham esse formato e papel.Tal como a espada Selvagem de CONAN.

    "Quanto aos outros, o humor cáustico dos Simpsons está suficientemente presente para tornar a edição suficientemente divertida para justificar a leitura. Mais numas histórias do que noutras, como seria de esperar, brilhando neste número inicial Bart, o presidiário, que narra um dia do miúdo Simpson na pele de um condenado, e O Coleccionador, capaz de aterrorizar todos aqueles que fazem das edições de BD o alvo da sua paixão."

    Sem duvida as melhores.

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  5. Em relação ao texto acima, recebi comentários da Goody, que agradeço. Porque ajudam a esclarecer algumas das questões apontadas, passo a transcrevê-los:

    “A primeira, diz respeito ao conteúdo. A opção – que não sei sequer se esteve em cima da mesa – foi seguir na edição nacional a ordem de publicação da edição da Bongo Comics. A outra hipótese, seria utilizar material mais recente (nos EUA, a Simpsons Comics atingiu já o #214).”
    Quanto a esta questão, foi de facto obrigação em termos de licenciamento optarmos por seguir a ordem da edição da Bongo Comics.

    “Não compreendo a opção pelo crescimento da revista: 195 x 285 mm da edição lusa contra os 170 x 260 mm da edição original.”
    De facto o crescimento da revista tem a ver com não só com questões estéticas mas também com melhor exposição em banca. Acreditamos que possa ser vantajoso para todos fazer crescer um pouco a publicação, sobretudo num país onde os Comics não têm a penetração como nos EUA, por exemplo.

    “A primeira, dando voz a um comentário surgido no texto de apresentação da Simpsons Comics #1, pede a inclusão (no índice ou na ficha técnica, por exemplo) da referência à edição em que cada história foi originalmente publicada.”
    É realmente uma boa sugestão e numa próxima oportunidade poderemos considerar essa possibilidade.

    “A segunda sugestão passa pela ocupação total da página pelas “capas” que antecedem cada uma das histórias publicadas.”
    A nossa opção é discutível, e um pouco subjectiva. Foram feitos vários ensaios e considerámos que esta seria a opção mais equilibrada pois a ocupação da página na totalidade pareceu-nos “pesada” quando comparada com esta nossa escolha.

    Boas leituras!

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