Há sensivelmente 20 anos, antecipando um regresso à escrita
sobre BD ao jornal O Primeiro de Janeiro
– que acabou por nunca se concretizar – escrevi um texto sobre a revista norte-americana Simpsons Comics #1.
Agora, perdido o texto original – ou pelo menos em paradeiro
desconhecido… - volto ao tema, com uma satisfação acrescida: a edição sobre que
falo é em português.
E esse aspecto, levanta-me desde logo duas questões, que apresento já a seguir:
A primeira, diz respeito ao conteúdo. A opção – que não sei
sequer se esteve em cima da mesa – foi seguir na edição nacional a ordem de
publicação da edição da Bongo Comics. A outra hipótese, seria utilizar material mais
recente (nos EUA, a Simpsons Comics
atingiu já o #214).
Se a primeira permite acompanhar a evolução da família amarela
nos quadradinhos, a segunda talvez permitisse uma maior identificação com os
leitores pela proximidade à época que proporcionava. Ambas as opções me parecem
justificáveis e defensáveis.
A segunda, para mim mais sensível, diz respeito ao formato.
Se em termos de papel e acabamento – e também de divulgação - a Goody está de
parabéns (mais uma vez), não compreendo a opção pelo crescimento da revista:
195 x 285 mm da edição lusa contra os 170 x 260 mm da edição original.
Como a arte – como veremos mais à frente - não serve de
justificação, penso que este acréscimo de gasto em papel só faz sentido pela
maior visibilidade que ganha(rá?) na exposição para venda.
E já que comecei em termos formais, deixo duas sugestões à
editora:
A primeira, dando voz a um comentário surgido no texto deapresentação da Simpsons Comics #1,
pede a inclusão (no índice ou na ficha técnica, por exemplo) da referência à
edição em que cada história foi originalmente publicada.
A segunda sugestão passa pela ocupação total da página pelas
“capas” que antecedem cada uma das histórias publicadas. No comic original –
com apenas 32 páginas – existem “duas capas”: a ‘verdadeira’, que encaminha
para a história principal, e uma outra, visível voltando a revista ao contrário,
que supostamente anuncia uma publicação diferente (de terror, romântica, …); a
elas correspondem as ilustrações publicadas nas páginas 29 e 58 da edição
portuguesa. A utilização destas ilustrações (bem como a da página 35,
correspondente à capa da segunda edição americana) em página inteira, sem a
margem branca à volta, permitiria aproximá-las da ideia original.
Passando – finalmente – à BD em si, ela tem tudo para
seduzir os fãs dos Simpsons: as personagens, as situações, as expressões, são
as que eles (bem) conhecem, com o bónus extra de serem relatos inéditos.
Quanto aos outros, o humor cáustico dos Simpsons está
suficientemente presente para tornar a edição suficientemente divertida para
justificar a leitura. Mais numas histórias do que noutras, como seria de
esperar, brilhando neste número inicial Bart,
o presidiário, que narra um dia do miúdo Simpson na pele de um condenado, e
O Coleccionador, capaz de aterrorizar
todos aqueles que fazem das edições de BD o alvo da sua paixão.
Em termos artísticos, apesar de diversos pormenores
divertidos espalhados pelas vinhetas, a arte é apenas funcional, embora aqui e
ali se destaque pelo dinamismo que transmite às sequências ou por alguns planos
menos convencionais bem conseguidos.
Simpsons Comics
Steve Vance e Bill Morrison (argumento)
Bill Morrison, Sondra Roy e Tim
Bavington (desenho)
Goody
Portugal, 30 de Abril de 2014
195 x 285 mm, 64 p., cor, mensal,
2,50 €
Este blogue é um achado. Vou aqui ganhar muito tempo certamente. Obrigado pela partilha.
ResponderEliminarDavid
David, obrigado pela visita, espero que te continues a sentir bem por aqui.
EliminarBoas leituras!
E já agora alguém sabe em que comics originais foram publicadas estas histórias?
ResponderEliminarDavid,
EliminarAs duas primeiras histórias da edição portuguesa saíram na Simpspns Comics #1 original e as outras duas na #2.
Boas leituras!
Bem-vindo ao blogue, anónimo. Pedro Cleto só há um em Portugal. Aproveita a estadia e ajuda o blogue a crescer (ainda mais).
ResponderEliminarQuanto à tua pergunta, estas histórias foram as primeiras que saíram nos EUA (apesar de já ir no #214), salvo erro.
Your friendly neighborhood,
Angelo
Ângelo,
EliminarObrigado pelos elogios e pela antecipação na resposta.
Boas leituras!
"acréscimo de gasto em papel só faz sentido pela maior visibilidade que ganha(rá?) na exposição para venda."
ResponderEliminarEu acho que foi isso mesmo já para nºao falar que a aproximou ao formato magazine basta ver o destaque nas bancas e fnac.Nem é original as 1as teias do Aranha tambem tinham esse formato e papel.Tal como a espada Selvagem de CONAN.
"Quanto aos outros, o humor cáustico dos Simpsons está suficientemente presente para tornar a edição suficientemente divertida para justificar a leitura. Mais numas histórias do que noutras, como seria de esperar, brilhando neste número inicial Bart, o presidiário, que narra um dia do miúdo Simpson na pele de um condenado, e O Coleccionador, capaz de aterrorizar todos aqueles que fazem das edições de BD o alvo da sua paixão."
Sem duvida as melhores.
Em relação ao texto acima, recebi comentários da Goody, que agradeço. Porque ajudam a esclarecer algumas das questões apontadas, passo a transcrevê-los:
ResponderEliminar“A primeira, diz respeito ao conteúdo. A opção – que não sei sequer se esteve em cima da mesa – foi seguir na edição nacional a ordem de publicação da edição da Bongo Comics. A outra hipótese, seria utilizar material mais recente (nos EUA, a Simpsons Comics atingiu já o #214).”
Quanto a esta questão, foi de facto obrigação em termos de licenciamento optarmos por seguir a ordem da edição da Bongo Comics.
“Não compreendo a opção pelo crescimento da revista: 195 x 285 mm da edição lusa contra os 170 x 260 mm da edição original.”
De facto o crescimento da revista tem a ver com não só com questões estéticas mas também com melhor exposição em banca. Acreditamos que possa ser vantajoso para todos fazer crescer um pouco a publicação, sobretudo num país onde os Comics não têm a penetração como nos EUA, por exemplo.
“A primeira, dando voz a um comentário surgido no texto de apresentação da Simpsons Comics #1, pede a inclusão (no índice ou na ficha técnica, por exemplo) da referência à edição em que cada história foi originalmente publicada.”
É realmente uma boa sugestão e numa próxima oportunidade poderemos considerar essa possibilidade.
“A segunda sugestão passa pela ocupação total da página pelas “capas” que antecedem cada uma das histórias publicadas.”
A nossa opção é discutível, e um pouco subjectiva. Foram feitos vários ensaios e considerámos que esta seria a opção mais equilibrada pois a ocupação da página na totalidade pareceu-nos “pesada” quando comparada com esta nossa escolha.
Boas leituras!