30/10/2014

Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes












O dia de hoje, em termos cinematográficos, fica marcado pela estreia de Tartarugas Ninja: Heróis Mutantes, que marca o regresso aos ecrãs de Miguel Ângelo, Donatelo, Leonardo e Rafael, as mais famosas tartarugas da BD e do cinema.
Para ver já a seguir.

O filme, com direcção de Jonathan Liebesman, que entre outros já tinha realizado Massacre no Texas: O Início (2006), Invasão Mundial: Batalha Los Angeles (2011) ou Fúria de Titãs (2012), era considerado um dos grandes blockbusters do passado Verão, mas os 190 milhões de dólares conseguidos nas bilheteiras norte-americanas (300 milhões a nível mundial), fizeram dele apenas o 11.º mais visto do ano nos EUA, distante dos 328 milhões (752 milhões a nível global) angariados por Guardiões da Galáxia que lidera o ranking de 2014.
Nesta quinta longa-metragem, depois das três películas em live-action (em 1990, 1991 e 1993) e de uma versão em animação computorizada (2007), o tom leve, bem-humorado e predominantemente adolescente herdado das sucessivas séries animadas (em exibição desde 1987) e distante do clima negro e violento com que nasceram na BD (ver texto no final), acaba por chocar com a caracterização demasiado realista feita de Miguel Ângelo, Donatelo, Leonardo e Rafael (respectivamente interpretados por Noel Fisher, Jeremy Howard, Pete Ploszek e Alan Richson).
Essa caracterização está muito bem conseguida e a passagem das duas dimensões desenhadas para as três dimensões do filme é um dos seus pontos fortes. Isso fica-se a dever em grande parte à utilização de uma técnica avançada de captação de movimentos dos actores, conseguida com a aplicação de sensores em número mais elevado que o habitual, o que confere aos movimentos das tartarugas – e também do seu mestre Splinter (Danny Woodburn), um rato, e do robot Destruidor (Tohoru Masamune) – naturalidade, humanidade e credibilidade.
A história, escrita por Josh Appelbaum, André Nemec e Evan Daugherty, perde-se, por vezes, em explicações e na revisitação das origens do quarteto, que quebram a sequência narrativa, e mostra uma Nova Iorque mergulhada no crime e na corrupção, situação que se irá inverter quando as quatro tartarugas mutantes ninja adolescentes saírem dos esgotos onde vivem para descobrirem a sua vocação de heróis e derrotarem o plano urdido pelo vilão.
O elenco inclui ainda Megan Fox, no papel de April O'Neill, a jornalista amiga das tartarugas, a quem foi atribuído um protagonismo excessivo não justificado, William Fichtner (Prison Break, Crossing Lines), como Eric Sacks, um dos parceiros do vilão, e Whoopi Goldberg, directora do canal noticioso onde trabalha April.
Apesar de tudo, os resultados globais do filme foram suficientemente interessantes para a Paramount  ter anunciado logo após a estreia norte-americana uma sequela, com o segundo dos três filmes previstos agendado para Junho de 2016, de novo produzido por Michael Bay, a partir de um argumento de Josh Appelbaum e André Nemec.
A estreia em Portugal coincide com o lançamento nos Estados Unidos do primeiro número de Teenage Mutant Ninja Turtles/Ghostbusters (edição da IDW Publishing), mais um dos estranhos crossovers que abundam nos quadradinhos norte-americanos, numa história escrita por Erik Burnham e Tom Waltz e desenhada por Dan Schoening, cuja acção decorre em Nova Iorque e em que as tartarugas ninja unem forças com os (velhos) Caça-Fantasmas cinematográficos, para derrotarem um antigo inimigo.




(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 29 de Outubro de 2014)

Tartarugas Ninja: Adolescentes com 30 anos
(versão adaptada do texto publicado no Jornal de Notícias de 26 de Maio de 2009, a propósito do 25.º aniversário das TMNT)

Há 30 anos, corria Maio de 1984, eram publicadas pela primeira vez aquelas que seriam um dos maiores sucessos da história da BD e da animação: as Tartarugas Adolescentes Mutantes Ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles) que tornaram os seus autores milionários.
Elas tinham sido criadas um ano antes, por dois jovens norte-americanos, Kevin Eastman e Peter Laird, que então (sobre)viviam de ilustrações publicitárias e part-times, que desenharam quatro tartarugas antropomórficas e decidiram fazer delas homenagem e paródia aos comics que mais apreciavam: Daredevil e Ronin, ambos de Frank Miller. Por isso, na sua origem, as tartarugas são um dano colateral do acidente que cegou Matt Murdock, ampliando os seus sentidos e transformando-o em Daredevil. Deram-lhes carácter adolescente, nomes de grandes artistas renascentistas: Miguel Ângelo, Donatelo, Leonardo e Rafael, uma ratazana especialista em artes marciais como mestre e mutantes e extraterrestres como inimigos.

Como o traço de Eastman e Laird era semelhante, ambos escreveram e desenharam as primeiras histórias, que enviaram para diversas editoras, sem qualquer resultado. Por isso, entre uma restituição fiscal e um empréstimo de um tio, juntaram 1200 dólares e imprimiram 3000 exemplares, a preto e branco, sob o selo Mirage Studios.
A ideia era vender as revistas pelo correio, mas uma página paga numa revista especializada e um dossier enviado para estações de televisão e agências noticiosas, originaram artigos sobre as TMNT em todo o país e inúmeras encomendas de lojas especializadas. As sucessivas reedições rapidamente ultrapassaram os 100 mil exemplares e tornaram-nas o maior sucesso das edições independentes nos EUA.
Mark Fredman, entretanto entrado para a Mirage, conseguiu contratos para uma mini-série televisiva de 5 episódios e o fabrico de figuras de acção pela Playmates Toys, e o êxito junto dos jovens repetiu-se, tendo sido realizados 194 episódios, entre 1987 e 1996. Neles, a violência da BD foi atenuada e as tartarugas, agora devoradoras compulsivas de pizza, distinguiam-se pela cor das máscaras. Seguiu-se "Ninja Turtles: The Next Mutation (1997), uma série live-action de má memória com uma quinta tartaruga fêmea, Vénus de Milo, voltando às boas graças dos fãs em 2003, com mais cinco temporadas em desenho animado.

1 comentário:

  1. Eu gostei muito,até adaptou bem a serie da decada de 80/90 com a April de amerelo a homenagear o desenho e outros momentos.E um Vernom que não é chato

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