06/01/2015

Cassidy & Demian #1









Chega este mês às bancas portuguesas o primeiro número de uma nova colecção Bonelli da editora Mythos.
Colecção dupla, pois em cada volume há histórias de Cassidy e de Demian, que deveria ter 18 volumes – correspondentes ao integral das duas colecções em Itália - mas que a Mythos cancelou ao fim de cinco meses por vendas insuficientes.
A apresentação já a seguir.


Introdução
Cassidy e Demian têm alguns aspectos em comum, a começar desde logo pelo argumentista, Pasquale Ruju.
Ambos são também aquilo a que poderíamos chamar ‘bandidos simpáticos’ pois os respectivos códigos de conduta levam a que o leitor simpatize com eles e torça a seu favor contra os seus inimigos, mesmo que eles sejam as forças da lei.

Raymond Cassidy é um assaltante famoso que, durante um golpe, é ferido pelos seus próprios companheiros de assalto e, após uma fuga atribulada, acaba à beira da morte, no meio de um bosque. Surge então um estranho músico, velho, negro e cego, que lhe concede mais 18 meses – o tempo da colecção… - de vida para “resolver” o que até aí deixou para trás.

Quanto a Demian, é uma espécie de justiceiro que se move na sombra, na zona do Mediterrãneo, entre a Europa e África, e enfrenta a máfia marselhesa, aplicando os seus conceitos de Bem e de Mal.

Desenvolvimento
Com dois números já lidos, confesso a minha preferência por Cassidy, uma leitura mais directa e dinâmica que tem como atractivo extra o toque de sobrenatural que está na base da narrativa.
A forma como Cassidy aplica o conceito de “resolver as coisas”, preferindo ajustar contas do que compor o que de menos bom até aí fizera, díspar daquele que levou o velho cego a prolongar a sua vida, torna mais interessante o conteúdo de cada história, sempre num registo duro e violento, que decorrem em ritmo acelerado e condimentadas com sucessivos flashbacks que ajudam a entender opções e relações que o protagonista vai assumindo ao longo delas.
Os flashbacks são outro ponto comum às duas mini-séries, pois Ruju também os utiliza de forma equilibrada em Demian para colocar o leitor a par do seu passado. Aqui, as histórias decorrem a um ritmo mais pausado – a informação disponibilizada ao leitor é maior e exige mais atenção - revelam-se por isso mais consistentes e estruturadas, num tom mais próximo do policial com um toque de suspense, com as cenas de acção a receberem menos protagonismo.
Se ambas as séries se lêem bem, ambas são bons exemplos das propostas Bonelli vocacionadas para proporcionar um bom momento de distracção e um intervalo ligeiro no ritmo quotidiano.

A reter
- A opção pelo formato original italiano, que a Mythos devia utilizar mais vezes.
- A utilização das capas de ambas as séries (na capa e contracapa) de cada volume – embora pudesse ter sido interessante que cada série se começasse a ler a partir da respectiva capa.
- O tom ligeiro mas bem conseguido dos dois registos.

Menos conseguido
- A falta de adesão dos leitores (brasileiros) a Cassidy & Demian, o que levou a Mythos a cancelá-la ao fim de apenas cinco números. Como pequena compensação fica o facto de as histórias serem auto conclusivas, podendo ser lidas independentemente.
- O preço elevado da edição em Portugal e no Brasil – consequência do formato? - que certamente (ajuda a) explica(r) o afastamento dos leitores.

Cassidy & Demian #1
Cassidy: Ajeitando as coisas
Pasquale Ruju (argumento)
Maurizio di Vincenzo (desenho)
Demian: Vingança!
Pasquale Ruju (argumento)
Luigi Piccatto e Giorgio Sommacal (desenho)
Mythos Editora
Brasil, Janeiro/Fevereiro de 2014
160 x 210 mm, 226 p., pb, capa mole, bimestral
R$ 24,90 / 12,00 €

2 comentários:

  1. A capa chamou-me a atenção, a sinopse também e o que o Pedro escreveu ainda mais, mas saber que dos 18 número apenas publicaram 5 e cancelaram não é o melhor para que por cá a malta compre e o preço também não ajuda nada. Até estava para arriscar, caso encontra-se a revista, mas assim nem pensar.

    Um abraço

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  2. É verdade marco,
    O preço e o cancelamento fazem pensar... mas como digo acima, em especial Cassidy é interessante e as histórias são auto conclusivas.

    Boas leituras e... um óptimo 2015!

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