18/09/2015

Pyongyang














Relato de uma estadia num estúdio de animação na Coreia do Norte durante dois meses, Piongyang é, a um tempo, uma banda desenhada autobiográfico e também uma obra de cariz social e político.

Guy Delisle, natural do Canadá, onde nasceu em 1966, passou algumas semanas na Coreia do norte no final da década de 1990, a trabalhar como supervisor num estúdio de animação local. A sua experiência – sob muitos aspectos surreal – deu origem a dois romances gráficos, este Pyongyang (editado originalmente em 2003) e Shenzen (2000).
Diário pessoal desenhado, aborda sob a capa de um humor mordaz, o absurdo quotidiano daquele país e as (muitas) restrições e limites impostos aos estrangeiros que, por alguma razão, têm de lá viver ou passar algum tempo - telemóveis confiscados à chegada, proibição de revistas pornográficas, controle da música e literatura introduzidos no país…- de uma forma tão ingénua e amadora que se torna risível apesar de tristemente verdadeira.
Entre a maçada dos dias sempre iguais, confinado ao local de trabalho e limitado às saídas esporádicas, sempre aos mesmos locais, sempre acompanhado – guardado… - pelo seu guia privativo (!), Delisle vai desfilando situações caricatas e reacções anómalas, revelando o atraso civilizacional em que a Coreia do Norte (ainda) vive e expondo o seu aborrecimento e a incontornável (não) passagem do tempo de uma experiência a um tempo rica e também (quase) insuportável. Dessa forma e baseando-se num traço simples, expressivo quanto baste, muitas vezes reduzido à mínima expressão mas extremamente legível, transforma estas quase 200 páginas de BD num belo exemplo da utilização da banda desenhada como suporte de uma verdadeira reportagem documental, com a vantagem de lhe conferir um cunho pessoal único.

Pyongyang
Guy Delisle
Devir, Portugal, Junho de 2015
165 x 240 mm, 184 p., pb, cartonado
ISBN: 978-989-559-258-6
22,00 €

4 comentários:

  1. Há cerca de duas semanas estive em Portugal e comprei algumas novidades BD... fiquei indeciso com este... e agora arrependo-me tanto de não o ter!! Poderia comprar em ingles ou espanhol, mas dou sempre, SEMPRE, preferencia as edicoes locais. Terei que esperar pelo natal :)

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    1. Pyongyang vale sem dúvida a pena e será uma boa prenda natalícia, Diogo!

      Boas leituras!

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  2. Tenho-o em Inglês e adorei. Só acho que esta edição em Português é um pouco carota...

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    1. É o problema das tiragens curtas, Daniel...

      Boas leituras!

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