Relato de uma estadia num estúdio de animação na Coreia do
Norte durante dois meses, Piongyang é, a um tempo, uma banda desenhada
autobiográfico e também uma obra de cariz social e político.
Guy Delisle, natural do Canadá, onde nasceu em 1966, passou
algumas semanas na Coreia do norte no final da década de 1990, a trabalhar como
supervisor num estúdio de animação local. A sua experiência – sob muitos
aspectos surreal – deu origem a dois romances gráficos, este Pyongyang (editado originalmente em
2003) e Shenzen (2000).
Diário pessoal desenhado, aborda sob a capa de um humor
mordaz, o absurdo quotidiano daquele país e as (muitas) restrições e limites
impostos aos estrangeiros que, por alguma razão, têm de lá viver ou passar
algum tempo - telemóveis confiscados à chegada, proibição de revistas pornográficas,
controle da música e literatura introduzidos no país…- de uma forma tão ingénua
e amadora que se torna risível apesar de tristemente verdadeira.
Entre a maçada dos dias sempre iguais, confinado ao
local de trabalho e limitado às saídas esporádicas, sempre aos mesmos locais,
sempre acompanhado – guardado… - pelo seu guia privativo (!), Delisle vai
desfilando situações caricatas e reacções anómalas, revelando o atraso
civilizacional em que a Coreia do Norte (ainda) vive e expondo o seu
aborrecimento e a incontornável (não) passagem do tempo de uma experiência a um
tempo rica e também (quase) insuportável. Dessa forma e baseando-se num traço
simples, expressivo quanto baste, muitas vezes reduzido à mínima expressão mas
extremamente legível, transforma estas quase 200 páginas de BD num belo exemplo
da utilização da banda desenhada como suporte de uma verdadeira reportagem
documental, com a vantagem de lhe conferir um cunho pessoal único.
Pyongyang
Guy Delisle
Devir, Portugal, Junho de 2015
165 x 240 mm, 184 p., pb, cartonado
ISBN: 978-989-559-258-6
22,00 €
Há cerca de duas semanas estive em Portugal e comprei algumas novidades BD... fiquei indeciso com este... e agora arrependo-me tanto de não o ter!! Poderia comprar em ingles ou espanhol, mas dou sempre, SEMPRE, preferencia as edicoes locais. Terei que esperar pelo natal :)
ResponderEliminarPyongyang vale sem dúvida a pena e será uma boa prenda natalícia, Diogo!
EliminarBoas leituras!
Tenho-o em Inglês e adorei. Só acho que esta edição em Português é um pouco carota...
ResponderEliminarÉ o problema das tiragens curtas, Daniel...
EliminarBoas leituras!