26/12/2015

2015, um ano excepcional


2015 foi um ano excepcional no que à BD diz respeito, em especial no capítulo da edição.
Com cerca de 30 anos que levo ligado à banda desenhada, nunca tinha vivido um ano como este em termos de quantidade, qualidade e diversidade.

Edição
Edição 2015 - Distribuição com jornais vs. Outras edições
Quantidade. Pelas minhas contas – presumivelmente incompletas – este ano foram lançadas em Portugal 198 edições de banda desenhada, número que não distingue o tipo de edição nem de distribuição, deixando, no entanto, de fora as revistas de banca.
Destas edições, cerca de um terço – 65 livros - foram publicadas com jornais (Público e Sol) – e sensivelmente outro terço teve uma distribuição limitada, maioritariamente fora do circuito das livrarias.
Edição 2015 - Autores portugueses vs. autores estrangeiros
As obras de autores portugueses representam 31 % do total de obras editadas.

Qualidade. Um bom número destas edições apresentam qualidade acima da média, sendo capazes de agradar não só ao seu público-alvo mas também ao leitor de outros géneros e mesmo àqueles que não lêem regularmente BD.
Em termos de As Leituras do Pedro, para escolher as melhores edições de 2015, isso implicou a sua divisão por géneros/tipo/proveniência, pelo que ao longo dos próximos dias vou divulgar as que elegi, segundo os seguintes critérios: revistas, séries em curso, super-heróis, romances gráficos, obras de autores portugueses, outras edições, personalidade do ano e edições estrangeiras.

Diversidade. Mais do que a quantidade e a qualidade, para mim a principal nota distintiva da edição de BD em Portugal em 2015 foi a diversidade. E diversidade a dois níveis.
Em termos de editoras, não há uma casa dominante – como aconteceu ao longo de muitos anos em Portugal – há sim, um bom número de editoras a lançar banda desenhada. A Levoir, a que mais títulos lançou (39), representa apenas 20 % do total e houve mais cinco editoras com mais de 10 títulos editados.

Edição 2015 - Divisão das edições pelas editoras
A par disso, a diversidade revela-se também pelo facto de, no ano que agora termina, ter sido possível ler em português histórias de super-heróis, romances gráficos, obras independentes, banda desenhada francófona (uma área em tempos dominante e que agora até surge deficitária, com clara falha no que à edição de obras actuais diz respeito), títulos de autores portugueses e brasileiros, edições mainstream americanas…
E, num ano marcado pela qualidade e diversidade, a colecção Novela Gráfica, editada pela Levoir com o jornal Público, merece uma referência pela surpresa, o sucesso e a qualidade e diversidade das obras que a integraram.

Uma palavra final para o início da publicação da Colecção Oficial de Graphic Novels Marvel, para a qual estão anunciados 60 volumes a um ritmo quinzenal, o que promete fazer da Salvat uma das editoras com mais títulos editados em 2016. Para além disso, e na sequência da colecção Comics Star Wars (Planeta DeAgostini), esta iniciativa confirma Portugal na rota dos grandes coleccionáveis – de BD - de banca.

Eventos
O Festival de Beja, dentro dos padrões – elevados – que o balizam (segundo os ecos que me chegaram, uma vez que não me desloquei lá) e a Comic Con, confirmando as expectativas de 2014 com um bom leque de convidados, apesar de haver arestas por limar, são os pontos altos de 2015.
Em contra-ciclo esteve o AmadoraBD que, sem convidados de vulto e com claro desinvestimento nas exposições, acentuou um percurso descendente que se vem a verificar há alguns anos.

Uma referência ainda para a 2.ª Mostra do Clube Tex Portugal que, embora direccionada para um nicho específico, trouxe mais uma vez autores de gabarito ao nosso país e permitiu um fim-de-semana de convívio para os admiradores do ranger da Sergio Bonelli Editore.

4 comentários:

  1. Estou de acordo com a tua análise mas acho que falta a referência ao Jose Hartvig de Freitas, que deve ter estado em cerca de 30% das edições de BD do ano...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Rui,
      A análise, mais pormenorizada, estende-se ao longo dos próximos dias...

      Boas leituras!

      Eliminar
  2. Na primeira metade dos anos 2000 o Central Comics fazia uma apreciação anual de tendências editoriais e de contagem de edições, que depois servia de base para resenhar por outros canais noticiosos, e que chegou a contabilizar um recorde de 490 títulos lançados, em 2005, e nos anteriores entre 200 e 300 edições anuais...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Hugo,
      As quase 200 edições que eu contabilizei não incluem revistas; estas foram quase 600, o que elevaria o total para perto de 800 edições. Ou 350, se não incluirmos as revistas brasileiras.
      De qualquer forma, mais do que pela quantidade, o ano foi excepcional em termos de diversidade.
      Boas leituras!

      Eliminar