2015 foi um ano excepcional no que à BD diz respeito, em
especial no capítulo da edição.
Com cerca de 30 anos que levo ligado à banda desenhada,
nunca tinha vivido um ano como este em termos de quantidade, qualidade e diversidade.
Quantidade.
Pelas minhas contas – presumivelmente incompletas – este ano foram lançadas em
Portugal 198 edições de banda desenhada, número que não distingue o tipo de
edição nem de distribuição, deixando, no entanto, de fora as revistas de banca.
Destas edições, cerca de um terço – 65 livros - foram
publicadas com jornais (Público e Sol) – e sensivelmente outro terço teve uma
distribuição limitada, maioritariamente fora do circuito das livrarias.
|
As obras de autores portugueses representam 31 % do total de
obras editadas.
Qualidade.
Um bom número destas edições apresentam qualidade acima da média, sendo capazes
de agradar não só ao seu público-alvo mas também ao leitor de outros géneros e
mesmo àqueles que não lêem regularmente BD.
Em termos de As Leituras do Pedro, para escolher as melhores
edições de 2015, isso implicou a sua divisão por géneros/tipo/proveniência,
pelo que ao longo dos próximos dias vou divulgar as que elegi, segundo os
seguintes critérios: revistas, séries em curso, super-heróis, romances gráficos,
obras de autores portugueses, outras edições, personalidade do ano e edições
estrangeiras.
Diversidade. Mais do que a quantidade e a qualidade, para mim a
principal nota distintiva da edição de BD em Portugal em 2015 foi a
diversidade. E diversidade a dois níveis.
Em termos de editoras, não há uma casa dominante – como
aconteceu ao longo de muitos anos em Portugal – há sim, um bom número de
editoras a lançar banda desenhada. A Levoir, a que mais títulos lançou (39),
representa apenas 20 % do total e houve mais cinco editoras com mais de 10
títulos editados.
|
A par disso, a diversidade revela-se também pelo facto de,
no ano que agora termina, ter sido possível ler em português histórias de
super-heróis, romances gráficos, obras independentes, banda desenhada
francófona (uma área em tempos dominante e que agora até surge deficitária, com
clara falha no que à edição de obras actuais diz respeito), títulos de autores
portugueses e brasileiros, edições mainstream americanas…
E, num ano marcado pela qualidade e diversidade, a colecção Novela Gráfica, editada pela Levoir com o jornal Público, merece uma referência pela surpresa, o sucesso e a qualidade e diversidade das obras que a integraram.
E, num ano marcado pela qualidade e diversidade, a colecção Novela Gráfica, editada pela Levoir com o jornal Público, merece uma referência pela surpresa, o sucesso e a qualidade e diversidade das obras que a integraram.
Uma palavra final para o início da publicação da Colecção
Oficial de Graphic Novels Marvel, para a qual estão anunciados 60 volumes a um
ritmo quinzenal, o que promete fazer da Salvat uma das editoras com mais
títulos editados em 2016. Para além disso, e na sequência da colecção Comics
Star Wars (Planeta DeAgostini), esta iniciativa confirma Portugal na rota dos
grandes coleccionáveis – de BD - de banca.
O Festival de Beja, dentro dos padrões – elevados – que o
balizam (segundo os ecos que me chegaram, uma vez que não me desloquei lá) e a
Comic Con, confirmando as expectativas de 2014 com um bom leque de convidados,
apesar de haver arestas por limar, são os pontos altos de 2015.
Em contra-ciclo esteve o AmadoraBD que, sem convidados de
vulto e com claro desinvestimento nas exposições, acentuou um percurso
descendente que se vem a verificar há alguns anos.
Uma referência ainda para a 2.ª Mostra do Clube Tex Portugal
que, embora direccionada para um nicho específico, trouxe mais uma vez autores
de gabarito ao nosso país e permitiu um fim-de-semana de convívio para os
admiradores do ranger da Sergio Bonelli Editore.
Estou de acordo com a tua análise mas acho que falta a referência ao Jose Hartvig de Freitas, que deve ter estado em cerca de 30% das edições de BD do ano...
ResponderEliminarRui,
EliminarA análise, mais pormenorizada, estende-se ao longo dos próximos dias...
Boas leituras!
Na primeira metade dos anos 2000 o Central Comics fazia uma apreciação anual de tendências editoriais e de contagem de edições, que depois servia de base para resenhar por outros canais noticiosos, e que chegou a contabilizar um recorde de 490 títulos lançados, em 2005, e nos anteriores entre 200 e 300 edições anuais...
ResponderEliminarHugo,
EliminarAs quase 200 edições que eu contabilizei não incluem revistas; estas foram quase 600, o que elevaria o total para perto de 800 edições. Ou 350, se não incluirmos as revistas brasileiras.
De qualquer forma, mais do que pela quantidade, o ano foi excepcional em termos de diversidade.
Boas leituras!