07/01/2016

Ataque ao “Charlie Hebdo” foi há um ano








Há um ano, a redacção do jornal satírico francês “Charlie Hebdo” sofria um ataque que iniciava uma nova escalada terrorista que ainda continua.
A 7 de Janeiro de 2015, dois homens irromperam aos tiros pelas instalações da publicação, durante uma reunião da redacção, causando 11 mortos, entre os quais os desenhadores Wolinski, Charb, Cabu, Honoré e Tignous, alegadamente devido à linha editorial do jornal.
Reivindicado pelo Estado Islâmico, o atentado teria algumas réplicas logo no dia seguinte com a execução de dois polícias e um ataque a uma mercearia judaica, que fizeram subir o número de vítimas. A reacção da sociedade civil foi imediata, condenando os ataques e defendendo o direito à liberdade de expressão, em grandiosas manifestações que mobilizaram milhares de pessoas.
Desde então, foram vários os ataques cometidos em nome da mesma organização – e possivelmente mais ainda os que foram evitados – que tiveram o seu auge no dia 13 de Novembro último, quando diversos atentados simultâneos, de novo em Paris, originaram mais de 130 mortos.
Para assinalar a data, o “Charlie Hebdo” lançou ontem um número com o dobro das páginas e uma tiragem de um milhão de exemplares. Na capa negra, desenhado a branco, vê-se Deus em fuga, com uma metralhadora às costas e salpicado com sangue, sob a legenda “Um ano depois o assassino continua impune”. O seu autor foi Riss, sobrevivente do atentado, que em editorial defende o laicismo e denuncia “os fanáticos embrutecidos pelo Corão” e “os beatos provenientes doutras religiões” que desejaram a morte do jornal por “ousar rir do religioso”. E prossegue: “As convicções dos ateus e dos laicos podem mover mais montanhas do que a fé dos crentes”, evocando as dificuldades sentidas para continuar a publicar o jornal.
A data ficou igualmente assinalada pela atribuição, pelo governo francês, da ordem de Cavaleiros da Legião de Honra às vítimas dos atentados de há um ano.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 7 de Janeiro de 2016)

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