04/05/2016

Capitán América: Blanco







No início do século XXI, Jeph Loeb e Tim Sale, entre outros aspectos relevantes, destacaram-se pela original abordagem com base em cores feita a alguns dos super-heróis Marvel.
Há oito anos, retomaram a ideia ‘pintando’ o Capitão América de branco.

Antes tínhamos visto o Demolidor: Amarelo (2001, sobre os primeiros dias do super-herói cego e os últimos do seu pai lutador, sob o signo da cobardia), Homem-Aranha: Azul (2002, que abordava o início da relação de Peter Parker com Gwen Stacy, como que ao som de blues) - ambos editados pela Devir - e Hulk: Cinzento (2003, que partia da cor originalmente prevista para o monstro, para revisitar igualmente os seus primeiros dias) – e que a Levoir editou na colecção Universo Marvel.
Esta predilecção pelo passado dos super-heróis, pelos momentos iniciais que marcaram e definiram os seus percursos,  revela-se igualmente neste relato, anunciado há 8 anos através de um (madrugador) número #0, mas na verdade só concretizado e concluído no ano transacto, que aplica o ‘monocromatismo’ ao mais americano dos super-heróis, numa narrativa ambientada na Segunda Guerra Mundial, que abre com o encontro que transformou Bucky Barnes no companheiro adolescente de Steve Rogers e acompanha uma das suas missões a França, na companhia de Nick Fury e os seus Howling Comands, onde terão (mais uma vez) que defrontar o Caveira Vermelha.
Tal como as outras narrativas desta ‘tetralogia colorida’, Blanco tem por base as memórias do seu protagonista, no caso o Capitão, e o peso que elas (ainda) têm no momento presente, após ter sido retirado das águas geladas, duas décadas mais tarde, pelos Vingadores.
Especialmente porque a ausência de Bucky vem acompanhada de um indisfarçável sentimento de culpa pela sua morte – e por ele próprio estar vivo - aumentado pela admiração e confiança que sabe que Bucky sempre depositou nele.
Este facto, a par das dúvidas (e dos receios) que os franceses exprimem sobre o papel de ‘salvadores’ que os norte-americanos – e o Capitão – apregoam, confere um tom dramático e um peso acessório ao relato, ao mostrar que a guerra – como tudo na vida – não é a preto e branco, não há bons e maus, há inúmeros matizes cinzentos e de um lado e outro pode haver gente boa convencida que está a fazer o melhor e há, de certeza, incontáveis vítimas, muitas delas inocentes…
E é esta a ideia principal que fica de Blanco, mesmo que algo atenuada pelo traço leve e semi-caricatural de Sale, apesar dos tons sombrios e frios que o pintam e que parecem querer negar o ‘branco’ do título, e pelos diálogos bem-dispostos de Loeb, em especial quando espelham a tensão existente - escapatória para a admiração recíproca não declarada - entre o Capitão e Nick Fury ou reflectem a inexperiência do protagonista com o sexo (não tão) fraco (assim).


A fechar, este volume inclui um extenso dossier que inclui entrevistas com os autores, diversos extras e capas alternativas.

Capitán América: Blanco
Inclui Captain America: White USA #0 a #5 (2008, 2015)
Jeff Loeb (argumento)
Tim Sale (desenho
Dave Stewart (cor)
Panini Comics
Espanha, Abril de 2016
160 p., cor, capa dura
16,95 €

(clicar sobre as imagens para aproveitar toda a sua extensão)

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