No início do século XXI, Jeph Loeb e Tim Sale, entre outros
aspectos relevantes, destacaram-se pela original abordagem com base em cores feita
a alguns dos super-heróis Marvel.
Há oito anos, retomaram a ideia ‘pintando’ o Capitão América
de branco.
Antes tínhamos visto o Demolidor:
Amarelo (2001, sobre os primeiros dias do super-herói cego e os últimos do
seu pai lutador, sob o signo da cobardia), Homem-Aranha:
Azul (2002, que abordava o início da relação de Peter Parker com Gwen Stacy,
como que ao som de blues) - ambos editados pela Devir - e Hulk: Cinzento (2003, que partia da cor originalmente prevista para
o monstro, para revisitar igualmente os seus primeiros dias) – e que a Levoir
editou na colecção Universo Marvel.
Esta predilecção pelo passado dos super-heróis, pelos
momentos iniciais que marcaram e definiram os seus percursos, revela-se igualmente neste relato, anunciado
há 8 anos através de um (madrugador) número #0, mas na verdade só concretizado
e concluído no ano transacto, que aplica o ‘monocromatismo’ ao mais americano
dos super-heróis, numa narrativa ambientada na Segunda Guerra Mundial, que abre
com o encontro que transformou Bucky Barnes no companheiro adolescente de Steve
Rogers e acompanha uma das suas missões a França, na companhia de Nick Fury e os
seus Howling Comands, onde terão (mais uma vez) que defrontar o Caveira
Vermelha.
Tal como as outras narrativas desta ‘tetralogia colorida’, Blanco tem por base as memórias do seu
protagonista, no caso o Capitão, e o peso que elas (ainda) têm no momento
presente, após ter sido retirado das águas geladas, duas décadas mais tarde,
pelos Vingadores.
Especialmente porque a ausência de Bucky vem acompanhada de
um indisfarçável sentimento de culpa pela sua morte – e por ele próprio estar
vivo - aumentado pela admiração e confiança que sabe que Bucky sempre depositou
nele.
Este facto, a par das dúvidas (e dos receios) que os
franceses exprimem sobre o papel de ‘salvadores’ que os norte-americanos – e o
Capitão – apregoam, confere um tom dramático e um peso acessório ao relato, ao
mostrar que a guerra – como tudo na vida – não é a preto e branco, não há bons
e maus, há inúmeros matizes cinzentos e de um lado e outro pode haver gente boa
convencida que está a fazer o melhor e há, de certeza, incontáveis vítimas,
muitas delas inocentes…
E é esta a ideia principal que fica de Blanco, mesmo que algo atenuada pelo traço leve e semi-caricatural
de Sale, apesar dos tons sombrios e frios que o pintam e que parecem querer
negar o ‘branco’ do título, e pelos diálogos bem-dispostos de Loeb, em especial
quando espelham a tensão existente - escapatória para a admiração recíproca não
declarada - entre o Capitão e Nick Fury ou reflectem a inexperiência do
protagonista com o sexo (não tão) fraco (assim).
A fechar, este volume inclui um extenso dossier que inclui
entrevistas com os autores, diversos extras e capas alternativas.
Capitán América: Blanco
Inclui Captain
America: White USA #0 a #5 (2008, 2015)
Jeff Loeb (argumento)
Tim Sale (desenho
Dave Stewart (cor)
Panini Comics
Espanha, Abril de 2016
160 p., cor, capa dura
16,95 €
(clicar sobre as imagens para aproveitar toda a sua extensão)
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