17/10/2017

Manhattan Murmures

Refúgio (no silêncio)





Como sempre acontece quando entra em depressão, Sam refugia-se m Nova Iorque.
Desta vez, com um plano preciso e original: fazer uma foto-reportagem para a revista que co-dirige com um amigo de infância, sobre a sua estadia, durante a qual não proferirá uma  única palavra.
Desde sempre fechado sobre si próprio, reservado, pouco comunicativo, seguidor de regras e estratégias que reduzem ao mínimo a interacção com os outros, Sam sente-se (quase) como peixe na água no papel – que afinal espelha as suas opções de vida - que desempenha.
O aparecimento de uma jovem – a cores! – em fotografias reveladas a preto e branco, em conjunção com uma série de sucessivos acontecimentos – trágicos para Sam pelas alterações a que obrigam nas suas rotinas– vão obriga-lo a sair da sua zona de conforto ao mesmo tempo que mergulham (ainda mais) o leitor no seu intimo.
Narrativa sensível, introspectiva e personalizada, com um traço delicado e belíssimas cores, com Nova Iorque (magnificamente pintada) a representar mais do que o simples pano de fundo, Manhattan Murmures é também, marginalmente, uma reflexão sobre o silêncio, o anonimato e o isolamento crescentes numa era que se diz de comunicação global.
Do contraste entre o hiper-realismo da situação pessoal de Sam e o toque (quase) fantástico que a situação envolve, Bevilacqua faz desenrolar perante os nossos olhos um retrato que nos deixa suspensos e (cada vez mais) curiosos, mesmo que o final possa revelar-se aquém das expectativas criadas.

Manhattan Murmures
Giacomo Bevilacqua
Vents D’Ouest
França, 27 de Setembro de 2017
200 x 265 mm, 208 p. cor, capa dura
20,00 €

(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

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