09/01/2018

Alias #4

Inevitável retrocesso








O título é assumidamente enganador e tem pretensões de provocação.
Porquê? Vão ter de continuar a ler o texto para saber…
É inevitável - parece ser pelo menos - quando uma série, mesmo que mini, abraça um determinado sucesso, a certa altura há que revisitar o passado do protagonista e procurar (inventar?) nele as razões para os comportamentos presentes.
Jessica Jones, proprietária e única investigadora da agência de detectives Alias - que dá título a esta soberba série que a G. Floy conclui neste volume, mas cuja continuação, The Pulse, já está anunciada - é um desses casos.
Com comportamentos desviantes, em insatisfação constante consigo própria e com o mundo, violenta, imprevisível e com tendências auto-destruidoras e de destruição de todas as relações que se possam minimamente assemelhar a amizade (ou algo mais), a protagonista teria de ter no seu passado - e nos encontros ou desencontros que ele proporcionou, com as inevitáveis frustrações ou sucessos a eles associados - um momento de viragem que potenciasse a sua actual forma de ser, estar e agir.
Mantendo a lógica de investigação no universos próprio dos super-heróis, por onde a própria Jessica passou de forma mais ou menos tangencial - como por tudo na vida? - este último arco da mini-série original - soberba, como já escrevi acima, mas quero reiterar - levam-nos então ao seu passado.
Tematicamente, claro, mas também de forma gráfica, assumindo visuais dos anos 60/80 em que esses acontecimentos - relacionados com o Homem-Púrpura e mais não digo - tiveram lugar.
Bendis, assume o tal ‘inevitável retrocesso’ (ao passado, entendam agora!) de forma coerente e estimulante como toda a série, sem excessos nem desvios, mantendo o tom autoral e adulto do relato, sempre com o traço semi-impreciso e duro de Micahel Gaydos, cujas características próprias são destacadas também pelas participações de Rick Mays/Dean White e Mark Bagley/Art Thibert/Dean White responsáveis pelas outras épocas da acção.
Se alguém ainda não comprou Alias - temendo o 'super-heróico' selo Marvel ou um eventual cancelamento a meio (apesar de os volumes serem auto-contidos) - num mês em que não abundam as novidades, não hesito em aconselhar agora a sua compra como série já fechada, num ‘retrocesso’, que reputo ‘inevitável’, ao passado editorial recente nacional, que possibilitará a qualquer tipo de leitor desfrutar de uma… (muito) boa leitura!

Jessica Jones: Alias, volume 4
Reúne os #22-28 da série original de ALIAS
Brian Michael Bendis (argumento)
Michael Gaydos, Rick Mays, Dean White Mark Bagley e Art Thibert (desenho)
175 x 260 mm, 176 p., cor, capa dura
ISBN: 978-84-16510-49-8
14,99 €

(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as apreciar em toda a sua extensão)

3 comentários:

  1. Deu-me uma ligeira ideia que o parágrafo "se alguém ainda não comprou", era dirigido a mim :-)
    Por acaso... não comprei e nem vom comprar.
    Mas a razão não é por ser (ou não) SHC :-), mas sim porque tenho a edição Omnibus (e também The Pulse), que na verdade foram adquiridos antes deste meu enjoo .
    Mas sim. Concordo contigo. Mesmo quem esteja cheio de SHC, poderá adquirir e ler estas edições com algum prazer.

    nota) SHC = super herois em cuecas

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  2. Há certos comentários que já vão fartando.

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  3. Não mando recados para ninguém pelo blog, pco69.
    A referência era para todos aqueles que - justificadamente - ao longo dos anos deixaram de comprar BD em português de pois das muitas séries iniciadas e nunca terminadas...
    Boas leituras!

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