O título é assumidamente enganador e tem pretensões de
provocação.
Porquê? Vão ter de continuar a ler o texto para saber…
É inevitável - parece ser pelo menos - quando uma série,
mesmo que mini, abraça um determinado sucesso, a certa altura há que revisitar
o passado do protagonista e procurar (inventar?) nele as razões para os
comportamentos presentes.
Jessica Jones, proprietária e única investigadora da agência
de detectives Alias - que dá título a esta soberba série que a G. Floy conclui
neste volume, mas cuja continuação, The
Pulse, já está anunciada - é um desses casos.
Com comportamentos desviantes, em insatisfação constante
consigo própria e com o mundo, violenta, imprevisível e com tendências
auto-destruidoras e de destruição de todas as relações que se possam
minimamente assemelhar a amizade (ou algo mais), a protagonista teria de ter no
seu passado - e nos encontros ou desencontros que ele proporcionou, com as inevitáveis frustrações ou sucessos a eles associados - um momento de viragem que potenciasse a sua
actual forma de ser, estar e agir.
Mantendo a lógica de investigação no universos próprio dos
super-heróis, por onde a própria Jessica passou de forma mais ou menos tangencial - como por tudo na vida? - este último arco da mini-série original - soberba,
como já escrevi acima, mas quero reiterar - levam-nos então ao seu passado.
Tematicamente, claro, mas também de forma gráfica, assumindo
visuais dos anos 60/80 em que esses acontecimentos - relacionados com o
Homem-Púrpura e mais não digo - tiveram lugar.
Bendis, assume o tal ‘inevitável retrocesso’ (ao passado,
entendam agora!) de forma coerente e estimulante como toda a série, sem
excessos nem desvios, mantendo o tom autoral e adulto do relato, sempre com o
traço semi-impreciso e duro de Micahel Gaydos, cujas características próprias são
destacadas também pelas participações de Rick Mays/Dean White e Mark Bagley/Art
Thibert/Dean White responsáveis pelas outras épocas da acção.
Se alguém ainda não comprou Alias - temendo o 'super-heróico' selo Marvel ou um eventual cancelamento a meio
(apesar de os volumes serem auto-contidos) - num mês em que não abundam as
novidades, não hesito em aconselhar agora a sua compra como série já fechada, num
‘retrocesso’, que reputo ‘inevitável’, ao passado editorial recente nacional,
que possibilitará a qualquer tipo de leitor desfrutar de uma… (muito) boa leitura!
Jessica Jones: Alias, volume 4
Reúne os #22-28 da
série original de ALIAS
Brian Michael Bendis (argumento)
Michael Gaydos, Rick
Mays, Dean White Mark Bagley e Art Thibert (desenho)
175 x 260 mm, 176 p., cor, capa dura
ISBN: 978-84-16510-49-8
14,99 €
(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as
apreciar em toda a sua extensão)
Deu-me uma ligeira ideia que o parágrafo "se alguém ainda não comprou", era dirigido a mim :-)
ResponderEliminarPor acaso... não comprei e nem vom comprar.
Mas a razão não é por ser (ou não) SHC :-), mas sim porque tenho a edição Omnibus (e também The Pulse), que na verdade foram adquiridos antes deste meu enjoo .
Mas sim. Concordo contigo. Mesmo quem esteja cheio de SHC, poderá adquirir e ler estas edições com algum prazer.
nota) SHC = super herois em cuecas
Há certos comentários que já vão fartando.
ResponderEliminarNão mando recados para ninguém pelo blog, pco69.
ResponderEliminarA referência era para todos aqueles que - justificadamente - ao longo dos anos deixaram de comprar BD em português de pois das muitas séries iniciadas e nunca terminadas...
Boas leituras!