12/03/2018

Ecos Invisíveis


Silêncio(s)






Trabalho conjunto de dois autores ‘fetiche’ da Kingpin Books - Tony Sandoval e Grazia La Padula - Ecos Invisíveis oferece-nos o que era expectável de cada um destes dois autores, conseguindo fazer sobressair o melhor de ambos.

Grazia La Padula não tem um traço fácil. Nem bonito. É desproporcionado, por vezes dá a sensação de impreciso, mas a verdade é que em termos narrativos - o que aqui é fundamental - funciona muito bem. A falta de dinamismo é mais aparente do que real, a expressividade é muito grande e, até plasticamente, há vinhetas/páginas que conseguem surpreender pela sua beleza - ou sensibilidade, ou ambas.
Quanto a Tony Sandoval, continua a demonstrar apetência pelo sobrenatural e o fantástico - embora eu seja mais adepto dos seus relatos mais próximos da realidade, como é o caso de Rendez-vous em Phoenix.
Em Ecos Invisíveis, narra-nos a história de Baltus, fotógrafo apaixonado por essa arte, que abandonou por força de uma morte trágica e de um dom - ou de uma maldição - que descobriu: a possibilidade de entrever o futuro daqueles que fotografava ou com quem convivia. O isolamento a que se confinou voluntariamente, acaba por ser quebrado por uma repórter insistente, empenhada em investigar um salvamento milagroso (?) que Baltus aparentemente testemunhou - ou protagonizou?
Conjugando sensibilidade, fantástico e surpresa, calma e lenta para que o leitor se embrenhe no seu tom e na mente de Baltus, Ecos Invisíveis é a história de alguém que tem de escolher entre ser feliz ou enterrar os seus fantasmas porque, ao contrário do que muitos ensinam, conjugá-los, aqui, é - parece? - impossível.

Ecos Invisíveis
Tony Sandoval (argumento)
Grazia LaPadula (desenho)
Kingpin Books
Portugal, Setembro de 2017
195 x 217 p., 144 p., cor, capa dura
18,99 €

(pranchas recolhidas no blog de Grazia la Padula; clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)

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