Silêncio(s)
Trabalho conjunto de dois autores ‘fetiche’ da Kingpin Books
- Tony Sandoval e Grazia La Padula - Ecos
Invisíveis oferece-nos o que era expectável de cada um destes dois autores,
conseguindo fazer sobressair o melhor de ambos.
Grazia La Padula não tem um traço fácil. Nem bonito. É desproporcionado, por vezes dá a sensação de impreciso, mas a verdade é que em termos narrativos - o que aqui é fundamental - funciona muito bem. A falta de dinamismo é mais aparente do que real, a expressividade é muito grande e, até plasticamente, há vinhetas/páginas que conseguem surpreender pela sua beleza - ou sensibilidade, ou ambas.
Quanto a Tony Sandoval, continua a demonstrar apetência pelo
sobrenatural e o fantástico - embora eu seja mais adepto dos seus relatos mais
próximos da realidade, como é o caso de Rendez-vous
em Phoenix.
Em Ecos Invisíveis,
narra-nos a história de Baltus, fotógrafo apaixonado por essa arte, que abandonou
por força de uma morte trágica e de um dom - ou de uma maldição - que descobriu:
a possibilidade de entrever o futuro daqueles que fotografava ou com quem
convivia. O isolamento a que se confinou voluntariamente, acaba por ser
quebrado por uma repórter insistente, empenhada em investigar um salvamento milagroso
(?) que Baltus aparentemente testemunhou - ou protagonizou?
Conjugando sensibilidade, fantástico e surpresa, calma e
lenta para que o leitor se embrenhe no seu tom e na mente de Baltus, Ecos Invisíveis é a história de alguém que
tem de escolher entre ser feliz ou enterrar os seus fantasmas porque, ao
contrário do que muitos ensinam, conjugá-los, aqui, é - parece? - impossível.
Ecos Invisíveis
Tony Sandoval (argumento)
Grazia LaPadula (desenho)
Kingpin Books
Portugal, Setembro de 2017
195 x 217 p., 144 p., cor, capa dura
18,99 €
(pranchas recolhidas no blog de Grazia la Padula; clicar nas
imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
Sem comentários:
Enviar um comentário