Trás-os-Montes,
algures, num ano da (des)graça indefinido, na primeira metade do
século passado. Numa
pequena aldeia, isolada pela neve, os cadáveres começam a
multiplicar-se. É
este o ponto de partida de Fojo,
uma co-edição a três entre a Kingpin Books, a Comic Heart e A
Seita, que vem confirmar o português Osvaldo Medina como um grande
autor completo, depois do seu díptico Kong, the King.
Devido
à pequena dimensão do mercado editorial português de BD e às
consequentes tiragens curtas, há obras nacionais que se tornaram
quase lendárias. Uma
delas é A
Fórmula da Felicidade,
publicada originalmente em dois tomos há cerca de década e meia
(2008
e 2009) que
desapareceram há muito do mercado e eram procuradas por
colecionadores ou leitores interessados. Agora,
ressurge numa edição integral, com todas as vantagens das técnicas
de produção e impressão modernas, e com um posfácio extra de 16
páginas, que na verdade é um prólogo e acrescenta um elemento
importante ao relato.
Não tendo podido deslocar-me este ano ao Amadora BD por razões pessoais, mesmo assim editores amigos, a quem mais uma vez agradeço, fizeram-me chegar alguns autógrafos de autores que estiveram presentes.
Na
banda desenhada - como nos perfumes, nos
chocolates… - o tamanho não tem importância. Que é como quem
diz, a qualidade de uma obra não se afere pelo seu número de
páginas, mas sim pelo que ela conta e/ou pelo modo como o conta.
Em
2015, Kongthe King
(edição da Kingpin Books) irrompia na paisagem da banda desenhada
portuguesa, de forma surpreendente e estimulante. Revisão livre
da
história de King
Kong,
tinha o mesmo ponto de partida, a chegada de uma equipa de filmagens
à ilha da Caveira e o transporte do seu colossal habitante para a
grande metrópole.
Depois
de Rugasou de Ne m’oublie pas,
a doença de Alzheimer chega à banda desenhada portuguesa. Ou, mais
especificamente, a banda desenhada portuguesa lembra-se da doença de
Alzheimer. Para
que não esqueçamos.