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03/12/2021

Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus sonhos

No mundo real


No mundo ideal, no que à BD diz respeito, todas as obras marcantes e significativas estariam sempre disponíveis, regularmente, em novas edições beneficiadas pelos avanços tecnológicos de reprodução e impressão.
No mundo real em que vivemos, está de novo disponível Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus sonhos (belíssimo título!), um dos grandes livros nacionais aos quadradinhos - embora eles sejam raros nas suas páginas…

Autores portugueses na Kingpin Books

 (imagem disponibilizada pela livraria; clicar na imagem para a aproveitar em toda a sua extensão) 

25/09/2017

Desenhar em cima da conserva

Mais diversidade

Num mercado alargado como é actualmente o da BD em Portugal, há mais hipóteses de surgirem projectos diferentes, como este.
E também de passarem despercebidos.

11/03/2010

A noiva que o rio disputa ao mar + Portimão – Como se faz uma cidade

A noiva que o rio disputa ao mar
João Paulo Cotrim (argumento)
Miguel Rocha (desenho)
Câmara Municipal de Portimão (Portugal, Dezembro de 2009)
172 x 250 mm, 128 p., cor, cartonado

Portimão – Como se faz uma cidade
João Paulo Cotrim (argumento)
Alex Gozblau, Daniel Lima, Filipe Abranches, Jorge Mateus, Pedro Brito, Ricardo Cabral, Susa Monteiro e Zé Manel (desenho)
Câmara Municipal de Portimão (Portugal, Dezembro de 2009)
172 x 250 mm, 152 p., cor, cartonado

Num país em que muitas autarquias continuam a apostar na banda desenhada para contarem a sua História ou as suas histórias, esta edição da C. M. Portimão merece destaque duplo. Não pelo facto (relevante) de se tratar de dois livros – é esse o seu formato – mas pela aposta numa utilização dos quadradinhos moderna e atraente, que foge às narrativas habituais, mais ou menos monocórdicas e pouco estimulantes, que se limitam a debitar informação (mais ou menos bem) ilustrada.
Não que ela esteja ausente destas obras, mas encontra-se (muito) diluída, só limitada ao essencial, surgindo Portimão como cenário e pano de fundo e, na realidade, único protagonista dos dois livros.
Isto acontece mais no primeiro título, sobre a génese da cidade – bela amante dividida entre as carícias do rio e do mar – devido à escolha de um fotógrafo (intemporal, para cobrir cerca de 500 anos de história…) cujos instantâneos fotográficos vão marcando os momentos destacados – um casamento, a construção de naus, a chegada do comboio, a atribuição do foral… - e também pelo facto de estes tanto serem reais como fictícios, históricos como anónimos, dando corpo(s) e alma(s) ao relato. Tudo assinado com cores fortes mas difusas, apropriadas aos diversos aspectos abordados, mas sempre com o azul (forte) da água como tom predominante, por um Miguel Rocha na posse de todas as suas (muitas) qualidades gráficas.
Mas o protagonismo de Portimão é mais evidente em “Como se faz uma cidade”, em que alguns dos mais relevantes ilustradores e autores de BD nacionais contemporâneos, com os seus traços, técnicas e estilos personalizados, mostram diversos aspectos daquela localidade algarvia, cosmopolita mas humana, com belezas naturais e artificiais, que servem de referência e preenchem as memórias (de férias) de tantos e que é local onde vivem e se cruzam tantas pessoas, tantas vivências, tantas (outras) histórias…
Neste conjunto – desculpem-me os outros… - quero destacar em especial os trabalhos de Filipe Abranches, Ricardo Cabral e Pedro Brito, que considero especialmente conseguidos.
No (bom) resultado final, pesa João Paulo Cotrim, escolhido para coordenar e escrever os argumentos, já que é marcante o tom poético que costuma pontuar a sua escrita em que mais do que o que diz, deixa no ar hipóteses, sugestões, dúvidas, desafios que pedem ao leitor várias (re)leituras e abrem a porta a interpretações diversas. E que no todo apresentam Portimão pelo que é mais do que por aquilo que foi ou lá aconteceu.

Curiosidades
- O livro “Portimão – Como se faz uma cidade” inclui no seu miolo um caderno intitulado “Como se vive esta cidade” com pranchas de 19 jovens que participaram num workshop de BD conduzido por Pedro Brito, merecendo algumas delas um olhar atento.

(Versão revista e aumentada do texto publicado originalmente a 6 de Março de 2010, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

30/01/2010

BD para Ver: Pedro Brito e João Fazenda na Mundo Fantasma

Pedro Brito e João Fazenda estão hoje no Porto para darem a conhecer diversas facetas da sua criatividade em banda desenhada, cinema de animação e ilustração.
O dia começa às 17horas, na Galeria Mundo Fantasma, no Centro Comercial Brasília, para autógrafos e a inauguração da exposição “Mosaicos suburbanos”, composta por pranchas dos livros “Pano Cru”, que tem texto e desenho de Brito, “Loverboy”, três tomos desenhados por Fazenda a partir de argumentos de Marte, e “Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus sonhos”, com texto de Brito e desenho de Fazenda. Este último, considerado o Melhor Álbum Português de BD no Festival da Amadora, em 2001, foi recentemente editado em França e na Polónia.
Depois, às 22 horas, estarão na Casa da Animação, onde serão projectados diversos filmes animados de sua autoria, entre os quais “A Estrela de Gaspar” e “Sem dúvida, amanhã” (de Brito) ou “Algo Importante” (de Fazenda e João Paulo Cotrim), seguindo-se uma conversa com os dois.
Finalmente, às 23h30, na Gesto Cooperativa Cultural, será inaugurada a mostra “Construção Civil”, uma selecção ilustrações de João Fazenda.
Pedro Brito nasceu no Barreiro em 1975, licenciou-se em Design Visual pelo IADE em 1998 e faz formação na área da animação, a que dedicou os últimos anos. Recentemente regressou à BD, com uma biografia dos UHF, a editar pela Tugaland, e tem em mãos a curta-metragem, “Fado do homem crescido”, com argumento de J. P. Cotrim.
João Fazenda, quatro anos mais novo, licenciado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa, dedica-se especialmente à ilustração para jornais e revistas, livros infantis, cartazes de cinema e capas de discos (Mariza, Carlos Paredes, Deolinda). Entre diversas distinções recebidas, conta-se o Grande Prémio Stuart de Desenho de Imprensa, em 2007.

(Versão revista e actualizada do artigo publicado originalmente no Jornal de Notícias de 30 de Janeiro de 2010)
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