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18/11/2021

O Pescador de Memórias

Esquecimento





Depois de Rugas ou de Ne m’oublie pas, a doença de Alzheimer chega à banda desenhada portuguesa. Ou, mais especificamente, a banda desenhada portuguesa lembra-se da doença de Alzheimer.
Para que não esqueçamos.

07/09/2020

Random

À cacetada






Digam todos o que disseram, uma ou outra vez já tivemos vontade de fazer o mesmo que o protagonista deste Random: resolver algumas questões à cacetada, mesmo tratando-se - tantas vezes…! - de picuinhices que o momento, a (nossa) actualidade, o (nosso) contexto transformaram no (quase) desencadear da tempestade perfeita emocional.

14/10/2016

Cemitério dos Sonhos







“O passado, dá saudades, o presente, dissabores, e o futuro, receios.”
In Cemitério dos Sonhos

As memórias são aquilo que nós fomos. O que fazemos com elas, dita o que somos e seremos.

Leitura Nova/Apresentação: Cemitério de Sonhos



Onde está o teu sonho de infância?
O Dre Amos perdeu-o há muito tempo. Responsável pelos testes de máquinas de lavar roupa, leva uma vida inútil. Um dia, uma entidade estranha surge na sua vida, dando-lhe uma segunda oportunidade para recuperar o seu sonho. Mas para isso, o nosso herói terá de atravessar os recantos da sua própria mente, lutando e conquistando os seus fantasmas interiores e traumas até chegar ao Cemitério dos Sonhos.
Terá Dre Amos força de vontade suficiente para ultrapassar os obstáculos que se avizinham?

12/11/2012

Cinzas da Revolta













Miguel Peres (argumento)
Jhion (desenho)
ASA (Portugal, Outubro de 2012)
195x265 mm, 48 p., cor, cartonado
13,90 €



Resumo
Angola, 1961. Durante um ataque a uma fazenda de portugueses, o casal que lá habita é assassinado e a sua filha adolescente levada por um dos assaltantes.
Angola, 1963. Um comando de soldados portugueses é enviado supostamente para encontrar a rapariga desaparecida dois anos antes.
As mudanças por ela sofridas, o questionar da missão – eventualmente do interesse de uma alta autoridade nacional - e da própria guerra pelos soldados são outros dos motes que orientam a narrativa.

Desenvolvimento
Este álbum é uma das surpresas deste fim de ano em Portugal, apesar das limitações que se lhe reconhecem. Fundamentalmente pela (nova) dupla autoral e pela sua temática.
Vamos por partes.
Os autores são os portugueses Miguel Peres e Jhion (ou seja “o artista anteriormente conhecido por João Amaral!).
O traço deste último surpreende por surgir diferente do seu registo mais habitual. Mais natural, possivelmente porque mais liberto da base fotográfica e/ou informática que geralmente utiliza, mas também com alguma falta de expressividade e preso de movimentos. Nota-se, no entanto, uma melhoria ao longo do álbum, fruto certamente da experiência que este lhe foi possibilitando.
A composição das páginas, diversificada, serve-lhe para ritmar a narrativa, embora nalguns casos a utilização de um traço demasiado espesso para delimitar as vinhetas, torne as páginas algo pesadas. Ainda no que diz respeito à planificação, destaque para alguns efeitos interessantes, originais e conseguidos, nomeadamente os “rasgões” que permitem visualizar em simultâneo o interior e o exterior da fazenda (na p. 4) ou a utilização recorrente das onomatopeias como limite das vinhetas (como na p.5).
A surpresa maior acaba por ser o argumento do estreante Miguel Peres, apesar de algumas pontas soltas, uma ou outra oscilação de ritmo e, principalmente a falta de explicação para a(s) mudança(s) de atitude da cativa. A sensação que fica é que faltaram páginas para a justificar, bem como para aprofundar a sua relação com o seu captor e para explorar o tempo (e as respectivas consequências) que os soldados passaram no mato.
Destaca-se, mesmo assim, a coragem para abordar uma temática – a guerra colonial - que a diversos níveis ainda continua a ser tabu entre nós. O que se lamenta pois é extremamente rica a diversos níveis, permitindo abordagens em registos de acção, intimistas, ideológicos, históricos…
A Miguel Peres serviu para questionar as razões por detrás das guerras e os efeitos que elas provocam naqueles que mais directamente estão a ela associados – sejam os soldados que combatem ou as “vítimas colaterais” hoje tanto na moda.
Dessa forma, Cinzas da Revolta, inegavelmente, indica e trilha um caminho que a BD nacional pode percorrer com originalidade, para exorcizar fantasmas e para chegar a leitores habitualmente avessos aos quadradinhos.


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