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28/08/2016
"O Nosso Mosteiro"
Leituras relacionadas
Fora das Livrarias,
Mário José Teixeira
26/11/2012
Combates Navais
Heróis do Mar, Contra
os Canhões…
LUTAR… LUTAR
Fazer o levantamento – embora tal se apresente como tarefa
árdua, pela forma como muitas delas “desaparecem” (ou não chegam a aparecer) e
nunca cheguem realmente a circular – de todas as edições de BD feitas e/ou
apoiadas por câmaras, institutos e instituições, privadas e públicas, em
Portugal, ao longo dos últimos anos, daria com certeza origem a algumas
descobertas surpreendentes.
Desde logo pelo elevado número de títulos que, acredito,
seria encontrado (constituindo alguns deles a (única?) fonte de rendimentos dos
seus autores) mas também pelo desconhecimento (natural…) do meio narrativo e da
realidade editorial nacional por parte de quem as editou – mas, se assim não
fosse, dirão alguns, quantas destas edições chegariam a ver a luz do dia…?
Desconhecimentos visíveis, por exemplo, em prefácios e notas
introdutórias descabidas ou em tiragens mirabolantes, que podem chegar aos 5 ou
10 mil exemplares!
E tiragens (mirabolantes) essas que se destinam – tantas vezes!
– a ser distribuídas (com que critério…?) por estabelecimentos de ensino, instituições
e/ou bibliotecas (ou a ficarem esquecidas em armazéns), sem que qualquer parcela seja
direccionada para os seus leitores naturais.
Não obedecendo implicitamente a (tudo) o que atrás fica
escrito, segue-se o registo de duas destas edições, que recebi recentemente.
A. Vassalo
Edições Culturais da Marinha (Portugal, 2011)
210 x 297 mm, 24 p., pb, capa fina
Com uma invulgar tiragem de 10.000 exemplares, esta edição de
algum modo “responde” ao quesito que estabeleci a propósito do álbum Cinzas daRevolta, sobre a falta de abordagens à Guerra Colonial na BD portuguesa.
O seu autor é A. Vassalo (que também já assinou Vassalo de Miranda), já com currículo razoável
no género (incluindo corajosa glorificação dos comandos nacionais em África
logo após o 25 de Abril) que, mais uma vez, opta por exaltar os feitos
guerreiros (apesar de tudo) recentes dos soldados portugueses, em 1961. (O que
só soa estranho pelo seu lado de contemporaneidade, pois o mesmo se faz há
muito tempo em relação a figuras como D. Afonso Henriques, Nuno Álvares Pereira
ou Mouzinho de Albuquerque…)
Agora, para além da época, muda o local da acção – Diu, na
costa ocidental da Índia – e os protagonistas – a guarnição portuguesa local… Desenhada
de forma clássica, em traço fino, perde pela falta de profundidade devida à ausência
de sombreado ou de manchas negras, e também pelo uso de legendagem mecânica
pouco agradável.
Tendo como ponto de partida uma homenagem actual da marinha
indiana a “heróis” portugueses, entra depois num longo flashback que evoca o
confronto entre uma lancha portuguesa e forças aeronavais indianas. Assumindo um
tom documental e didáctico, abusa dos textos de apoio, mesmo quando predominam
os combates, mas tem o mérito de evocar um episódio pouco conhecido de um
período da nossa História que muitos ainda têm dificuldade em revisitar.
Leituras relacionadas
A. Vassalo,
Fora das Livrarias
Operação Mar Verde
A. Vassalo
Caminhos Romanos (Portugal, 2012)
210 x 297 mm, 32 p., pb, brochada
5,00 €
Apesar de ter editora, esta é outra edição que dificilmente
se encontrará em livrarias.
Com o mesmo autor de Combates Navais…, e de tom semelhante,
graficamente apresenta maior cuidado devido ao uso de sombras e de contrastes
branco/negro.
O cenário da acção muda de Diu para a Guiné e apresenta como
protagonista Alpoim Calvão, com a curiosidade de o autor (que também foi comando) surgir numa das suas
páginas, o que reforça a veracidade do relato, que recorda uma operação “secreta”,
“não autorizada”, durante anos “ignorada” pelo poder português, levada a cabo
por um comando nacional no território da Guiné Conacri para libertar um piloto
português e provocar um golpe nas forças “terroristas” do PAIGC.
E tal como o livro anterior, tem o mérito de trazer à luz do
dia outro episódio pouco conhecido da generalidade dos portugueses.
Leituras relacionadas
A. Vassalo,
Caminhos Romanos,
Fora das Livrarias
23/03/2011
Mestre Gil e o Mistério do Sardoal
Ricardo Cabrita (argumento e desenho)
TAGUS e Câmara Municipal do Sardoal (Portugal, Março de 2011)
200x200 mm, 16 p., cor, brochado com badanas
Este é mais um exemplo de como as entidades públicas – quase sempre câmaras municipais – continuam a ser o principal empregador dos autores portugueses, no que à banda desenhada diz respeito, substituindo-se às editoras nacionais de BD (às editoras que em Portugal publicam BD talvez seja mais exacto…) quando deveriam ter um papel complementar.
Esclareça-se desde já que a culpa é das editoras em particular – e do contexto cultural e do mercado editorial português em geral - não das entidades, cujo papel neste particular deve ser louvado, pesem embora as limitações que normalmente têm este tipo de edições, nomeadamente a inexistente ou fraca divulgação e distribuição destas obras.
Mas adiante, chega de genera-lidades, voltemo-nos então para este “Mestre Gil e o Mistério do Sardoal“, editado com o propósito de “envolver os mais pequenos, chamando-lhes a atenção para os factos do passado que ainda hoje persistem” para lhes dar “instrumentos de análise para melhor compreender o presente e prepararem-se para o futuro”, lê-se na contracapa deste livrinho.
Esse será o seu maior defeito, o reduzido número de páginas, dando por isso a ideia que a Ricardo Cabrita faltou papel (que poderia ter sido retirado das quatro páginas finais destinadas a serem pintadas pelos pequenos leitores?) para explanar e desenvolver um pouco mais este passeio pelo passado e presente da religiosidade do Sardoal, traduzida principalmente pelo seu retábulo quinhentista e pelas expressões de arte popular que têm lugar cada ano, na Páscoa, nas igrejas e capelas locais.
Cabrita, já autor de uma interes-sante biografia de Fernando Lopes Graça para a Câmara Municipal de Tomar, opta aqui por um traço mais caricatural com personagens de narizes grandes, na tradição de muita da BD humorística franco-belga – tendo em conta o público-alvo do livro – para dar vida ao seu Mestre Gil, mas combinando-o de forma conseguida com um tratamento mais realista e rigoroso dos cenários, merecendo realce a forma como integra na narrativa, que percorre várias épocas, os azulejos que ilustram uma tragicomédia da autoria de Gil Vicente, eventualmente nascido no Sardoal.
TAGUS e Câmara Municipal do Sardoal (Portugal, Março de 2011)
200x200 mm, 16 p., cor, brochado com badanas
Este é mais um exemplo de como as entidades públicas – quase sempre câmaras municipais – continuam a ser o principal empregador dos autores portugueses, no que à banda desenhada diz respeito, substituindo-se às editoras nacionais de BD (às editoras que em Portugal publicam BD talvez seja mais exacto…) quando deveriam ter um papel complementar.
Esclareça-se desde já que a culpa é das editoras em particular – e do contexto cultural e do mercado editorial português em geral - não das entidades, cujo papel neste particular deve ser louvado, pesem embora as limitações que normalmente têm este tipo de edições, nomeadamente a inexistente ou fraca divulgação e distribuição destas obras.
Mas adiante, chega de genera-lidades, voltemo-nos então para este “Mestre Gil e o Mistério do Sardoal“, editado com o propósito de “envolver os mais pequenos, chamando-lhes a atenção para os factos do passado que ainda hoje persistem” para lhes dar “instrumentos de análise para melhor compreender o presente e prepararem-se para o futuro”, lê-se na contracapa deste livrinho.
Esse será o seu maior defeito, o reduzido número de páginas, dando por isso a ideia que a Ricardo Cabrita faltou papel (que poderia ter sido retirado das quatro páginas finais destinadas a serem pintadas pelos pequenos leitores?) para explanar e desenvolver um pouco mais este passeio pelo passado e presente da religiosidade do Sardoal, traduzida principalmente pelo seu retábulo quinhentista e pelas expressões de arte popular que têm lugar cada ano, na Páscoa, nas igrejas e capelas locais.
Cabrita, já autor de uma interes-sante biografia de Fernando Lopes Graça para a Câmara Municipal de Tomar, opta aqui por um traço mais caricatural com personagens de narizes grandes, na tradição de muita da BD humorística franco-belga – tendo em conta o público-alvo do livro – para dar vida ao seu Mestre Gil, mas combinando-o de forma conseguida com um tratamento mais realista e rigoroso dos cenários, merecendo realce a forma como integra na narrativa, que percorre várias épocas, os azulejos que ilustram uma tragicomédia da autoria de Gil Vicente, eventualmente nascido no Sardoal.
Leituras relacionadas
C.M. Sardoal,
Fora das Livrarias,
Ricardo Cabrita
15/02/2011
José Mendes Cabeçadas Júnior
Um Espírito Indomável
José Carlos Fernandes (argumento)
Roberto Gomes (desenho)
Câmara Municipal de Loulé (Portugal, Setembro de 2010)
175x240 mm, 40 p., cor, brochada com badanas
Resumo
Este álbum traça a biografia de José Mendes Cabeçadas Júnior, um louletano que foi Presidente da República e que teve papel fundamental em alguns momentos-chave da História de Portugal, como a implantação da República, o levantamento de 28 de Maio ou a campanha de Humberto Delgado para as eleições presidenciais de 1958.
Desenvolvimento
Projecto institucional, “obrigado” a condensar uma vida (muito) cheia em apenas três dezenas de pranchas, apresenta algumas das qualidades e defeitos que são (quase) inevitáveis neste tipo de obras.
Por um lado, foi impossível a José Carlos Fernandes (JCF) fugir ao rigor de datas e acontecimentos, mais a mais face a uma personalidade como José Mendes Cabeçadas Júnior, que de militar a político, de revoltoso a preso, teve uma vida cheia de acontecimentos relevantes que importava conhecer (e pena é que a dimensão da obra não permita aprofundar mais alguns; ficará como ponto de partida para outras leituras).
Por outro, aqui e ali JCF consegue libertar-se daquele espartilho, com pequenos apontamentos (momentos, gestos…), geralmente nas pranchas(/vinhetas com menos texto que mostram e apelam para o lado menos conhecido da personagem pública, mas que lhe conferem uma dimensão mais humana.
Do equilíbrio entre uns e outros, conseguiu uma obra sem paixão, é verdade, mas legível e que cumpre os seus objectivos: divulgar a vida e feitos de um nome marcante da história lusa da primeira metade do século XX.
Quanto a Roberto Gomes, se consegue diversificar bastante a planificação, conseguindo mesmo alguns efeitos interessantes ao utilizar um desenho único, dividido ao alto, como se de várias vinhetas se tratasse, para dinamizar a narrativa (nas páginas 21 e 27, por exemplo), a nível da figura humana apresenta rostos inexpressivos e que só ganhariam se fossem um pouco mais realistas. Em contrapartida, o envelhecimento do protagonista está bem conseguido, merecendo ainda especial destaque a coloração das pranchas, em que predominam os tons ocre e violeta.
A reter
- A excelente edição – design, impressão, papel, acabamento – de fazer inveja a algumas edições “profissionais”.
- A boa selecção de cores.
- A presteza com que a C. M. de Loulé satisfez o pedido de um exemplar.
Menos conseguido
- Numa altura em que José Carlos Fernandes é publicado (e apreciado) em Espanha e França, e expõe em Angoulême e no Centro Belga de BD, é lamentável que no seu país só possa ser lido numa obra de carácter institucional (sem que isto signifique menosprezo por esta edição) e esteja prestes a deixar – ou tenha mesmo já deixado? – a BD.
- Se é louvável esta iniciativa da C. M. Loulé, custa vê-la subaproveitada, por não ser suficientemente divulgada (ou até posta à venda, num espaço como a FNAC, por exemplo). O que seria a melhor forma de atingir os propósitos da edição.
Curiosidade
- Esta não é a primeira vez que José Carlos Fernandes emprega o seu talento em projectos institucionais; já o tinha feito, com argumento de João Miguel Lameiras e João Ramalho Santos, em “A Revolução Interior – À procura do 25 de Abril”, e como autor completo, em “Um passeio ao outro lado da noite”, “Francisco e o rei de Simesmo” (editados pelo Centro Regional de Alcoologia do Centro) e “Os pesadelos fiscais de Porfírio Zap” (Direcção-Geral de Impostos).
José Carlos Fernandes (argumento)
Roberto Gomes (desenho)
Câmara Municipal de Loulé (Portugal, Setembro de 2010)
175x240 mm, 40 p., cor, brochada com badanas
Resumo
Este álbum traça a biografia de José Mendes Cabeçadas Júnior, um louletano que foi Presidente da República e que teve papel fundamental em alguns momentos-chave da História de Portugal, como a implantação da República, o levantamento de 28 de Maio ou a campanha de Humberto Delgado para as eleições presidenciais de 1958.
Desenvolvimento
Projecto institucional, “obrigado” a condensar uma vida (muito) cheia em apenas três dezenas de pranchas, apresenta algumas das qualidades e defeitos que são (quase) inevitáveis neste tipo de obras.
Por um lado, foi impossível a José Carlos Fernandes (JCF) fugir ao rigor de datas e acontecimentos, mais a mais face a uma personalidade como José Mendes Cabeçadas Júnior, que de militar a político, de revoltoso a preso, teve uma vida cheia de acontecimentos relevantes que importava conhecer (e pena é que a dimensão da obra não permita aprofundar mais alguns; ficará como ponto de partida para outras leituras).
Por outro, aqui e ali JCF consegue libertar-se daquele espartilho, com pequenos apontamentos (momentos, gestos…), geralmente nas pranchas(/vinhetas com menos texto que mostram e apelam para o lado menos conhecido da personagem pública, mas que lhe conferem uma dimensão mais humana.
Do equilíbrio entre uns e outros, conseguiu uma obra sem paixão, é verdade, mas legível e que cumpre os seus objectivos: divulgar a vida e feitos de um nome marcante da história lusa da primeira metade do século XX.
Quanto a Roberto Gomes, se consegue diversificar bastante a planificação, conseguindo mesmo alguns efeitos interessantes ao utilizar um desenho único, dividido ao alto, como se de várias vinhetas se tratasse, para dinamizar a narrativa (nas páginas 21 e 27, por exemplo), a nível da figura humana apresenta rostos inexpressivos e que só ganhariam se fossem um pouco mais realistas. Em contrapartida, o envelhecimento do protagonista está bem conseguido, merecendo ainda especial destaque a coloração das pranchas, em que predominam os tons ocre e violeta.
A reter
- A excelente edição – design, impressão, papel, acabamento – de fazer inveja a algumas edições “profissionais”.
- A boa selecção de cores.
- A presteza com que a C. M. de Loulé satisfez o pedido de um exemplar.
Menos conseguido
- Numa altura em que José Carlos Fernandes é publicado (e apreciado) em Espanha e França, e expõe em Angoulême e no Centro Belga de BD, é lamentável que no seu país só possa ser lido numa obra de carácter institucional (sem que isto signifique menosprezo por esta edição) e esteja prestes a deixar – ou tenha mesmo já deixado? – a BD.
- Se é louvável esta iniciativa da C. M. Loulé, custa vê-la subaproveitada, por não ser suficientemente divulgada (ou até posta à venda, num espaço como a FNAC, por exemplo). O que seria a melhor forma de atingir os propósitos da edição.
Curiosidade
- Esta não é a primeira vez que José Carlos Fernandes emprega o seu talento em projectos institucionais; já o tinha feito, com argumento de João Miguel Lameiras e João Ramalho Santos, em “A Revolução Interior – À procura do 25 de Abril”, e como autor completo, em “Um passeio ao outro lado da noite”, “Francisco e o rei de Simesmo” (editados pelo Centro Regional de Alcoologia do Centro) e “Os pesadelos fiscais de Porfírio Zap” (Direcção-Geral de Impostos).
Leituras relacionadas
C.M. Loulé,
Fora das Livrarias,
José Carlos Fernandes,
Robert Gomes
11/02/2011
Score the Goals
Droit aux Buts / Anota los Goles
United Nations Office on Sport for Development and Peace
(Janeiro de 2011)
Wilfried Lemke , o Conselheiro Especial do Secretário Geral das Nações Unidas (ONU) para o desporto ao serviço do desenvolvimento e da paz, apresentou no final de Janeiro uma banda desenhada que pretende sensibilizar para os Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento (OMD), especialmente vocacionada para as crianças e adolescentes entre os 8 e os 12 anos.
A história de “Score the goals” começa com o naufrágio de um veleiro, a bordo do qual seguiam 10 futebolistas famosos, todos eles embaixadores das Nações Unidas, que iam participar num jogo amigável a favor da ONU. Trata-se de Luís Figo, Emmanuel Adebayor, Roberto Baggio, Michael Ballack, Iker Casillas, Didier Drogba, Raúl, Ronaldo, Patrick Vieira e Zinédine Zidane que, chegados a uma ilha deserta, terão que fazer face a uma série de situações novas e desconhecidas, auxiliando os restantes náufragos.
Dessa forma, ao longo do relato, vão sendo introduzidos e explicados de forma simples e directa os oito Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento até 2015: erradicar a pobreza extrema e a fome, alcançar o ensino primário universal, promover a igualdade de género e autonomização da mulher, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde materna, combater o VIH/SIDA, a malária e outras doenças, garantir a sustentabilidade ambiental e criar uma parceria global para o desenvolvimento.
Iker Casillas, guarda-redes do Real Madrid, durante a apresentação declarou-se “muito honrado por participar nesta banda desenhada, pois é um meio ao mesmo tempo lúdico e pedagógico que permite sensibilizar as crianças do mundo inteiro para os OMD, ensinando valores como a tolerância, o respeito e o espírito de equipa. Como diz a BD: juntos podemos conseguir!”.
Lemke realçou que “ainda há poucas pessoas no mundo que conhecem os OMD, por isso é primordial chamar a atenção para eles, em especial junto dos mais jovens”.
Embora vá ter uma primeira edição impressa com uma tiragem de 10 mil exemplares que vão ser distribuídos pela ONU junto dos seus parceiros, a banda desenhada pode ser descarregada no formato pdf em inglês, francês e espanhol. Traduções noutras línguas, entre as quais o árabe, o chinês e o russo, serão disponibilizadas em breve.
United Nations Office on Sport for Development and Peace
(Janeiro de 2011)
Wilfried Lemke , o Conselheiro Especial do Secretário Geral das Nações Unidas (ONU) para o desporto ao serviço do desenvolvimento e da paz, apresentou no final de Janeiro uma banda desenhada que pretende sensibilizar para os Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento (OMD), especialmente vocacionada para as crianças e adolescentes entre os 8 e os 12 anos.
A história de “Score the goals” começa com o naufrágio de um veleiro, a bordo do qual seguiam 10 futebolistas famosos, todos eles embaixadores das Nações Unidas, que iam participar num jogo amigável a favor da ONU. Trata-se de Luís Figo, Emmanuel Adebayor, Roberto Baggio, Michael Ballack, Iker Casillas, Didier Drogba, Raúl, Ronaldo, Patrick Vieira e Zinédine Zidane que, chegados a uma ilha deserta, terão que fazer face a uma série de situações novas e desconhecidas, auxiliando os restantes náufragos.
Dessa forma, ao longo do relato, vão sendo introduzidos e explicados de forma simples e directa os oito Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento até 2015: erradicar a pobreza extrema e a fome, alcançar o ensino primário universal, promover a igualdade de género e autonomização da mulher, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde materna, combater o VIH/SIDA, a malária e outras doenças, garantir a sustentabilidade ambiental e criar uma parceria global para o desenvolvimento.
Iker Casillas, guarda-redes do Real Madrid, durante a apresentação declarou-se “muito honrado por participar nesta banda desenhada, pois é um meio ao mesmo tempo lúdico e pedagógico que permite sensibilizar as crianças do mundo inteiro para os OMD, ensinando valores como a tolerância, o respeito e o espírito de equipa. Como diz a BD: juntos podemos conseguir!”.
Lemke realçou que “ainda há poucas pessoas no mundo que conhecem os OMD, por isso é primordial chamar a atenção para eles, em especial junto dos mais jovens”.
Embora vá ter uma primeira edição impressa com uma tiragem de 10 mil exemplares que vão ser distribuídos pela ONU junto dos seus parceiros, a banda desenhada pode ser descarregada no formato pdf em inglês, francês e espanhol. Traduções noutras línguas, entre as quais o árabe, o chinês e o russo, serão disponibilizadas em breve.
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 4 de Fevereiro de 2011)
Leituras relacionadas
Digital,
Fora das Livrarias,
ONU
18/01/2011
Portugal 25 anos depois
Rui Alves, Teresa Cardia e António Valjean (argumento e desenho)
CIEJD - Centro de Informação Europeia Jacques Delors (Portugal, Janeiro de 2010)
210 x 230 mm, 12 p., cor, sem capa
Hoje, às 15 horas, é lançado em Lisboa, no Palacete do Relógio, no Cais do Sodré, “Portugal 25 anos depois”, uma banda desenhada de carácter institucional que mostra algumas das mudanças operadas no nosso país (para o bem e para o mal, digo eu), 25 anos após a assinatura do tratado de adesão de Portugal à União Europeia (então CEE).
A história, simples e directa, através de um passeio por diversas zonas de Portugal, mostra essas alterações através do olhar de duas gerações, Maria, de 25 anos, nascida no dia de assinatura do tratado, e o seu avô.
Esta edição do Centro de Informação Europeia Jacques Delors (CIEJD), que assim assinala aquela efeméride, teve o patrocínio da Novabase e dos Pastéis de Belém, estando prevista a presença na sessão de lançamento do ex-Secretário de Estado da Integração Europeia, Dr. Vítor Martins, responsável pela Pasta entre 1985 e 1995.
A obra está já disponível em versão digital na Infoeuropa - Biblioteca de Informação Europeia em língua portuguesa, onde também pode ser pedida gratuitamente a versão em papel.
CIEJD - Centro de Informação Europeia Jacques Delors (Portugal, Janeiro de 2010)
210 x 230 mm, 12 p., cor, sem capa
Hoje, às 15 horas, é lançado em Lisboa, no Palacete do Relógio, no Cais do Sodré, “Portugal 25 anos depois”, uma banda desenhada de carácter institucional que mostra algumas das mudanças operadas no nosso país (para o bem e para o mal, digo eu), 25 anos após a assinatura do tratado de adesão de Portugal à União Europeia (então CEE).
A história, simples e directa, através de um passeio por diversas zonas de Portugal, mostra essas alterações através do olhar de duas gerações, Maria, de 25 anos, nascida no dia de assinatura do tratado, e o seu avô.
Esta edição do Centro de Informação Europeia Jacques Delors (CIEJD), que assim assinala aquela efeméride, teve o patrocínio da Novabase e dos Pastéis de Belém, estando prevista a presença na sessão de lançamento do ex-Secretário de Estado da Integração Europeia, Dr. Vítor Martins, responsável pela Pasta entre 1985 e 1995.
A obra está já disponível em versão digital na Infoeuropa - Biblioteca de Informação Europeia em língua portuguesa, onde também pode ser pedida gratuitamente a versão em papel.
Leituras relacionadas
António Valjean,
CIEJD,
Fora das Livrarias,
Rui Alves,
Teresa Cardia
13/11/2010
O Sonho do João: A Visita de D. Manuel I a Castro Verde - Lançamento
Miguel Rego e Joaquim Rosa (argumento)
Joaquim Rosa, Sara Paulino e Rafael Afonso (desenho e cor)
Câmara Municipal de Castro Verde (Portugal, Outubro de 2010)
230 x 315 mm, 28 p., cor, agrafado
Notícia
O livro de banda desenhada “O Sonho do João, editado pela Câmara Municipal de Castro Verde, no âmbito das Comemorações dos 500 anos da Doação dos Forais a Castro Verde e Casével pelo rei D. Manuel I, vai ser apresentado hoje no Centro de Convívio de S. Marcos da Ataboeira. No mesmo local está patente uma exposição relacionada com esta obra.
Este é um projecto elaborado em colaboração com a Escola Secundária local, tendo argumento de Miguel Rego e ilustrações de Joaquim Rosa, Sara Paulino e Rafael Afonso, respectivamente docente e alunos daquele estabelecimento de ensino.
Resumo
A história, ficcionada, conta as aventuras do João e dos seus amigos Salomão e Ahmed, aquando dos preparativos da festa de entrega dos forais de Castro Verde e Casével, documentos que são roubados por um grupo de malfeitores que eles têm que descobrir para os recuperar.
Desenvolvimento
Mais um projecto apoiado por uma autarquia, este O Sonho do João, apesar de algumas limitações devidas ao “amadorismo” dos autores – e não interpretem mal o termo, que apenas indica falta de prática na prática (!) da banda desenhada – consegue surpreender.
Por um lado, porque está bem escrito, sem o habitual (noutros casos similares) recurso excessivo a textos de apoio, com a narrativa, embora simples e linear, a desenvolver-se de forma cadenciada e sem quebras.
Graficamente, é verdade que o traço utilizado, embora sendo equilibrado quanto à representação da figura humana e com algum dinamismo, revela várias insuficiências e alguma inconstância qualitativa – perfeitamente aceitáveis e compreensíveis face à tal falta de experiência. Mas que de certa forma é compensada por um agradável trabalho de colorização e de aplicação de sombras e pela planificação diversificada, o que também é devido à utilização de pontos de vista diversificados, alguns dos quais bem conseguidos, como é o caso do picado aqui reproduzido.
Joaquim Rosa, Sara Paulino e Rafael Afonso (desenho e cor)
Câmara Municipal de Castro Verde (Portugal, Outubro de 2010)
230 x 315 mm, 28 p., cor, agrafado
Notícia
O livro de banda desenhada “O Sonho do João, editado pela Câmara Municipal de Castro Verde, no âmbito das Comemorações dos 500 anos da Doação dos Forais a Castro Verde e Casével pelo rei D. Manuel I, vai ser apresentado hoje no Centro de Convívio de S. Marcos da Ataboeira. No mesmo local está patente uma exposição relacionada com esta obra.
Este é um projecto elaborado em colaboração com a Escola Secundária local, tendo argumento de Miguel Rego e ilustrações de Joaquim Rosa, Sara Paulino e Rafael Afonso, respectivamente docente e alunos daquele estabelecimento de ensino.
Resumo
A história, ficcionada, conta as aventuras do João e dos seus amigos Salomão e Ahmed, aquando dos preparativos da festa de entrega dos forais de Castro Verde e Casével, documentos que são roubados por um grupo de malfeitores que eles têm que descobrir para os recuperar.
Desenvolvimento
Mais um projecto apoiado por uma autarquia, este O Sonho do João, apesar de algumas limitações devidas ao “amadorismo” dos autores – e não interpretem mal o termo, que apenas indica falta de prática na prática (!) da banda desenhada – consegue surpreender.
Por um lado, porque está bem escrito, sem o habitual (noutros casos similares) recurso excessivo a textos de apoio, com a narrativa, embora simples e linear, a desenvolver-se de forma cadenciada e sem quebras.
Graficamente, é verdade que o traço utilizado, embora sendo equilibrado quanto à representação da figura humana e com algum dinamismo, revela várias insuficiências e alguma inconstância qualitativa – perfeitamente aceitáveis e compreensíveis face à tal falta de experiência. Mas que de certa forma é compensada por um agradável trabalho de colorização e de aplicação de sombras e pela planificação diversificada, o que também é devido à utilização de pontos de vista diversificados, alguns dos quais bem conseguidos, como é o caso do picado aqui reproduzido.
Leituras relacionadas
Castro Verde,
Fora das Livrarias,
Joaquim Rosa,
Miguel Rego,
Rafael Afonso,
Sara Paulino
04/10/2010
Gambuzine #2
Wittek, Anna Bas Backer, Lucas Weidinger, Catarina Henriques, Fruzzie, António Vitorino, Vasco Câmara Pestana, Steffan Neville, Johanna Lonka, Pedro Rocha Nogueira, Adreas Alt, Plu!, Sónia Oliveira, Birgit Wheyhe, Titus Ackerman, Schmiko, Rautie, Matjaz Bertoncelj, Teresa Câmara Pestana, Axel Blotevogel, Álvaro e Sven Tauke (argumento e/ou desenho)
Teresa Câmara Pestana (Portugal, Julho de 2010)
210 x 297 mm, 100 p., pb, brochado, agrafado
Sou do tempo em que a edição de fanzines tinha muito de militante e em que não havia as facilidades gráficas e informáticas que hoje existem. Os textos eram batidos em máquina de escrever, os parágrafos recortados e montados em mesa de luz e as edições vendidas pelas ruas e cafés, em filas de cantinas universitárias ou nos festivais e salões.
Hoje, com os meios informáticos e a internet, muitos destes factores parecem obsoletos (e são-no com certeza) e até o aspecto militante quase desapareceu.
Quase porque, “na pequena vila da Lousã, Teresa Câmara Pestana resiste ainda e sempre às invasões” e se “a sua vida editorial não é nada fácil” continua a editar quem gosta, como gosta e ninguém tem nada com isso! Ou melhor, tem, porque há 500 exemplares para vender, para que uma nova edição possa conhecer a luz do dia.
Segundo número da nova vida do Gambuzine, este tomo – de capa rugosa, pesado, papel brilhante e negros bem impressos – se por um lado segue a linha editorial definida pela (também) autora, assente em obras pessoais e/ou experimentais, de autores marginais provenientes de vários pontos do mundo – com boas quotas de portugueses e de criadoras femininas - por outro surpreende face às duas linhas condutoras que aglutinam (quase) todas as bandas desenhadas publicadas.
Por um lado, este número consegue surpreender pelo humor patente em muitas das criações, alternativo e sujo, sim, mas mesmo assim humor – algo pouco usual nas publicações da TCP e mesmo neste tipo de registos – o que mais uma vez vem provar que os limites da criatividade – a qualquer nível – são os dos próprios autores.
Por outro lado, em consonância com a (triste) actualidade (que teima em manter-se actual) também a crise (ou os seus efeitos sobre pessoas comuns e/ou criadores) está presente em muitas das obras, com um sem número de registos e estilos, experiências e opções estéticas, que tornam o todo estimulante e convidam à descoberta.
Uma referência final para o destaque que tem neste número o alemão Wittek, com direito a entrevista e à publicação de várias bandas desenhadas.
Pode soar a nostalgia, mas a verdade é que (mais) edições assim fazem falta à BD nacional.
Contactos
Teresa Pestana
Apartado 67
3200-909 LOUSÃ
PORTUGAL
http://www.blogger.com/gambuzine@hotmail.com
http://www.gambuzine.com/
Teresa Câmara Pestana (Portugal, Julho de 2010)
210 x 297 mm, 100 p., pb, brochado, agrafado
Sou do tempo em que a edição de fanzines tinha muito de militante e em que não havia as facilidades gráficas e informáticas que hoje existem. Os textos eram batidos em máquina de escrever, os parágrafos recortados e montados em mesa de luz e as edições vendidas pelas ruas e cafés, em filas de cantinas universitárias ou nos festivais e salões.
Hoje, com os meios informáticos e a internet, muitos destes factores parecem obsoletos (e são-no com certeza) e até o aspecto militante quase desapareceu.
Quase porque, “na pequena vila da Lousã, Teresa Câmara Pestana resiste ainda e sempre às invasões” e se “a sua vida editorial não é nada fácil” continua a editar quem gosta, como gosta e ninguém tem nada com isso! Ou melhor, tem, porque há 500 exemplares para vender, para que uma nova edição possa conhecer a luz do dia.
Segundo número da nova vida do Gambuzine, este tomo – de capa rugosa, pesado, papel brilhante e negros bem impressos – se por um lado segue a linha editorial definida pela (também) autora, assente em obras pessoais e/ou experimentais, de autores marginais provenientes de vários pontos do mundo – com boas quotas de portugueses e de criadoras femininas - por outro surpreende face às duas linhas condutoras que aglutinam (quase) todas as bandas desenhadas publicadas.
Por um lado, este número consegue surpreender pelo humor patente em muitas das criações, alternativo e sujo, sim, mas mesmo assim humor – algo pouco usual nas publicações da TCP e mesmo neste tipo de registos – o que mais uma vez vem provar que os limites da criatividade – a qualquer nível – são os dos próprios autores.
Por outro lado, em consonância com a (triste) actualidade (que teima em manter-se actual) também a crise (ou os seus efeitos sobre pessoas comuns e/ou criadores) está presente em muitas das obras, com um sem número de registos e estilos, experiências e opções estéticas, que tornam o todo estimulante e convidam à descoberta.
Uma referência final para o destaque que tem neste número o alemão Wittek, com direito a entrevista e à publicação de várias bandas desenhadas.
Pode soar a nostalgia, mas a verdade é que (mais) edições assim fazem falta à BD nacional.
Contactos
Teresa Pestana
Apartado 67
3200-909 LOUSÃ
PORTUGAL
http://www.blogger.com/gambuzine@hotmail.com
http://www.gambuzine.com/
Leituras relacionadas
Fora das Livrarias,
Gambuzine,
Teresa Câmara Pestana
03/10/2010
As Aparições de Nossa Senhora aos Pastorinhos
Rui Guedes (produção)
Pedro Aires (ilustração)
Padre Luciano Cristino (Coordenação científica)
Santuário de Fátima (Portugal, Maio de 2010)
210 x 297 mm, 32 p., cor, brochado
O meu amigo Geraldes Lino chamar-lhe-ia um “Álbum imprevisível e difícil de obter” e, tendo uma edição limitada e sem distribuição comercial é-o com certeza. É, também, mais um exemplo – curioso, sem dúvida - de como a banda desenhada vai sendo usada para fins pedagógicos ou panfletários (no bom sentido do termo).
Surgindo no décimo aniversário da beatificação dos videntes Francisco e Jacinta Marto, dirige-se a um público essencialmente infantil, tem desenho pouco mais do que incipiente (que poderia funcionar melhor num formato mais reduzido), e usa como base textos (demasiado extensos) retirados das “Memórias da Irmã Lúcia”, o que retira ritmo e fluência à narrativa, que de forma descontínua narra todas as aparições narradas pelos chamados pastorinhos de Fátima.
Fica o registo, a título de curiosidade.
Pedro Aires (ilustração)
Padre Luciano Cristino (Coordenação científica)
Santuário de Fátima (Portugal, Maio de 2010)
210 x 297 mm, 32 p., cor, brochado
O meu amigo Geraldes Lino chamar-lhe-ia um “Álbum imprevisível e difícil de obter” e, tendo uma edição limitada e sem distribuição comercial é-o com certeza. É, também, mais um exemplo – curioso, sem dúvida - de como a banda desenhada vai sendo usada para fins pedagógicos ou panfletários (no bom sentido do termo).
Surgindo no décimo aniversário da beatificação dos videntes Francisco e Jacinta Marto, dirige-se a um público essencialmente infantil, tem desenho pouco mais do que incipiente (que poderia funcionar melhor num formato mais reduzido), e usa como base textos (demasiado extensos) retirados das “Memórias da Irmã Lúcia”, o que retira ritmo e fluência à narrativa, que de forma descontínua narra todas as aparições narradas pelos chamados pastorinhos de Fátima.
Fica o registo, a título de curiosidade.
Leituras relacionadas
Fora das Livrarias,
Pedro Aires,
Santuário de Fátima
23/03/2010
Face à l’urgence
Erik Bongers (argumento e desenho)
Office des publications de l’Union Européene (Luxemburgo, 2010)
210 x 297 mm, 40 p, cor, cartonado
Edição institucional, tem por objectivo “ilustrar o trabalho do serviço de ajuda humanitária da Comissão Europeia” face a catástrofes naturais como terramotos ou inundações. Fazendo um bom uso da linguagem dos quadradinhos, diluindo competentemente a carga informativa, narra um caso ficcional, num país imaginário, a Bordúvia, mostrando alguns dos problemas e dificuldades que se deparam passo a passo às entidades que têm por missão levar auxílio às vítimas das catástrofes.
Apesar do tom neutro, a que naturalmente está obrigado, não deixa mesmo assim de aflorar temas como a corrupção, a dificuldade de fazer a ajuda chegar a quem mais necessita ou os constantes obstáculos diplomáticos que são levantados, desvendando um pouco como a política e os interesse de minorias continuam a ser soberanos e ajudando a perceber porque motivo o auxílio demora, por vezes, tanto a chegar.
O traço do belga Erik Bongers, uma linha clara, com predominância de tons ocres, que evoca o “Jonathan” de Cosey, e que funciona melhor quando trabalha sobre registos fotográficos do que no tratamento da figura humana, cumpre razoavelmente o seu papel, sem deslumbrar:
O livro, disponível em inglês, francês, alemão, holandês e italiano, pode ser obtido gratuitamente em papel ou em versão pdf.
Office des publications de l’Union Européene (Luxemburgo, 2010)
210 x 297 mm, 40 p, cor, cartonado
Edição institucional, tem por objectivo “ilustrar o trabalho do serviço de ajuda humanitária da Comissão Europeia” face a catástrofes naturais como terramotos ou inundações. Fazendo um bom uso da linguagem dos quadradinhos, diluindo competentemente a carga informativa, narra um caso ficcional, num país imaginário, a Bordúvia, mostrando alguns dos problemas e dificuldades que se deparam passo a passo às entidades que têm por missão levar auxílio às vítimas das catástrofes.
Apesar do tom neutro, a que naturalmente está obrigado, não deixa mesmo assim de aflorar temas como a corrupção, a dificuldade de fazer a ajuda chegar a quem mais necessita ou os constantes obstáculos diplomáticos que são levantados, desvendando um pouco como a política e os interesse de minorias continuam a ser soberanos e ajudando a perceber porque motivo o auxílio demora, por vezes, tanto a chegar.
O traço do belga Erik Bongers, uma linha clara, com predominância de tons ocres, que evoca o “Jonathan” de Cosey, e que funciona melhor quando trabalha sobre registos fotográficos do que no tratamento da figura humana, cumpre razoavelmente o seu papel, sem deslumbrar:
O livro, disponível em inglês, francês, alemão, holandês e italiano, pode ser obtido gratuitamente em papel ou em versão pdf.
14/03/2010
Vulcão dos Capelinhos
António Bulcão (argumento)
Paulo Neves (desenho)
OMA – Observatório do Mar dos Açores (Portugal, Setembro de 2007)
210 x 297 mm, 36 p., cor, brochado
O recente temporal que se abateu sobre a Madeira com as consequências (sobejamente…) conhecidas (e exploradas…) levou a que – como é hábito - fossem feitos levantamentos, mais ou menos exaustivos sobre outros acontecimentos similares no território nacional, mais ou menos próximos no tempo.
Entre eles surgiu a erupção do Vulcão dos Capelinhos, nos Açores, que durou entre Setembro de 1957 e Outubro de 1958, de que existe esta narração em banda desenhada.
Editada pelo OMA – Observatório do Mar dos Açores, está disponível no site daquela organização, ou seja, é mais uma daquelas obras aos quadradinhos, editadas neste país, com uma tiragem – assinalável – de 1500 exemplares, mas sem distribuição nem visibilidade, que muitas vezes nem os próprios aficionados do género sabem que existe.
De carácter didáctico e destinado a um público infanto-juvenil, a narrativa de António Bulcão utiliza (bem) como estratégia um peixe como narrador, conseguindo dessa forma apontar de forma ficcionada os factos mais marcantes, transmitindo a informação necessária mas sem ser de todo maçador.
O desenho foi entregue a Paulo Neves que revela alguma insegurança do traço – na linha do estilo cómico franco-belga – possivelmente devido a pouca experiência nesta área, o que se nota também na utilização de cores demasiado vivas, que acabaram prejudicadas na reprodução, especialmente ao nível da capa, que resultou demasiado escura. No entanto, Paulo Neves apresenta um certo domínio da planificação, com algumas soluções interessantes (como na prancha aqui reproduzida), e algum dinamismo narrativo que contribuem sem dúvida para ritmar a obra.
Paulo Neves (desenho)
OMA – Observatório do Mar dos Açores (Portugal, Setembro de 2007)
210 x 297 mm, 36 p., cor, brochado
O recente temporal que se abateu sobre a Madeira com as consequências (sobejamente…) conhecidas (e exploradas…) levou a que – como é hábito - fossem feitos levantamentos, mais ou menos exaustivos sobre outros acontecimentos similares no território nacional, mais ou menos próximos no tempo.
Entre eles surgiu a erupção do Vulcão dos Capelinhos, nos Açores, que durou entre Setembro de 1957 e Outubro de 1958, de que existe esta narração em banda desenhada.
Editada pelo OMA – Observatório do Mar dos Açores, está disponível no site daquela organização, ou seja, é mais uma daquelas obras aos quadradinhos, editadas neste país, com uma tiragem – assinalável – de 1500 exemplares, mas sem distribuição nem visibilidade, que muitas vezes nem os próprios aficionados do género sabem que existe.
De carácter didáctico e destinado a um público infanto-juvenil, a narrativa de António Bulcão utiliza (bem) como estratégia um peixe como narrador, conseguindo dessa forma apontar de forma ficcionada os factos mais marcantes, transmitindo a informação necessária mas sem ser de todo maçador.
O desenho foi entregue a Paulo Neves que revela alguma insegurança do traço – na linha do estilo cómico franco-belga – possivelmente devido a pouca experiência nesta área, o que se nota também na utilização de cores demasiado vivas, que acabaram prejudicadas na reprodução, especialmente ao nível da capa, que resultou demasiado escura. No entanto, Paulo Neves apresenta um certo domínio da planificação, com algumas soluções interessantes (como na prancha aqui reproduzida), e algum dinamismo narrativo que contribuem sem dúvida para ritmar a obra.
Leituras relacionadas
António Bulcão,
Fora das Livrarias,
OMA,
Paulo Neves
11/03/2010
A noiva que o rio disputa ao mar + Portimão – Como se faz uma cidade
A noiva que o rio disputa ao mar
João Paulo Cotrim (argumento)
Miguel Rocha (desenho)
Câmara Municipal de Portimão (Portugal, Dezembro de 2009)
172 x 250 mm, 128 p., cor, cartonado
Portimão – Como se faz uma cidade
João Paulo Cotrim (argumento)
Alex Gozblau, Daniel Lima, Filipe Abranches, Jorge Mateus, Pedro Brito, Ricardo Cabral, Susa Monteiro e Zé Manel (desenho)
Câmara Municipal de Portimão (Portugal, Dezembro de 2009)
172 x 250 mm, 152 p., cor, cartonado
Num país em que muitas autarquias continuam a apostar na banda desenhada para contarem a sua História ou as suas histórias, esta edição da C. M. Portimão merece destaque duplo. Não pelo facto (relevante) de se tratar de dois livros – é esse o seu formato – mas pela aposta numa utilização dos quadradinhos moderna e atraente, que foge às narrativas habituais, mais ou menos monocórdicas e pouco estimulantes, que se limitam a debitar informação (mais ou menos bem) ilustrada.
Não que ela esteja ausente destas obras, mas encontra-se (muito) diluída, só limitada ao essencial, surgindo Portimão como cenário e pano de fundo e, na realidade, único protagonista dos dois livros.
Isto acontece mais no primeiro título, sobre a génese da cidade – bela amante dividida entre as carícias do rio e do mar – devido à escolha de um fotógrafo (intemporal, para cobrir cerca de 500 anos de história…) cujos instantâneos fotográficos vão marcando os momentos destacados – um casamento, a construção de naus, a chegada do comboio, a atribuição do foral… - e também pelo facto de estes tanto serem reais como fictícios, históricos como anónimos, dando corpo(s) e alma(s) ao relato. Tudo assinado com cores fortes mas difusas, apropriadas aos diversos aspectos abordados, mas sempre com o azul (forte) da água como tom predominante, por um Miguel Rocha na posse de todas as suas (muitas) qualidades gráficas.
Mas o protagonismo de Portimão é mais evidente em “Como se faz uma cidade”, em que alguns dos mais relevantes ilustradores e autores de BD nacionais contemporâneos, com os seus traços, técnicas e estilos personalizados, mostram diversos aspectos daquela localidade algarvia, cosmopolita mas humana, com belezas naturais e artificiais, que servem de referência e preenchem as memórias (de férias) de tantos e que é local onde vivem e se cruzam tantas pessoas, tantas vivências, tantas (outras) histórias…
Neste conjunto – desculpem-me os outros… - quero destacar em especial os trabalhos de Filipe Abranches, Ricardo Cabral e Pedro Brito, que considero especialmente conseguidos.
No (bom) resultado final, pesa João Paulo Cotrim, escolhido para coordenar e escrever os argumentos, já que é marcante o tom poético que costuma pontuar a sua escrita em que mais do que o que diz, deixa no ar hipóteses, sugestões, dúvidas, desafios que pedem ao leitor várias (re)leituras e abrem a porta a interpretações diversas. E que no todo apresentam Portimão pelo que é mais do que por aquilo que foi ou lá aconteceu.
Curiosidades
- O livro “Portimão – Como se faz uma cidade” inclui no seu miolo um caderno intitulado “Como se vive esta cidade” com pranchas de 19 jovens que participaram num workshop de BD conduzido por Pedro Brito, merecendo algumas delas um olhar atento.
(Versão revista e aumentada do texto publicado originalmente a 6 de Março de 2010, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
João Paulo Cotrim (argumento)
Miguel Rocha (desenho)
Câmara Municipal de Portimão (Portugal, Dezembro de 2009)
172 x 250 mm, 128 p., cor, cartonado
Portimão – Como se faz uma cidade
João Paulo Cotrim (argumento)
Alex Gozblau, Daniel Lima, Filipe Abranches, Jorge Mateus, Pedro Brito, Ricardo Cabral, Susa Monteiro e Zé Manel (desenho)
Câmara Municipal de Portimão (Portugal, Dezembro de 2009)
172 x 250 mm, 152 p., cor, cartonado
Num país em que muitas autarquias continuam a apostar na banda desenhada para contarem a sua História ou as suas histórias, esta edição da C. M. Portimão merece destaque duplo. Não pelo facto (relevante) de se tratar de dois livros – é esse o seu formato – mas pela aposta numa utilização dos quadradinhos moderna e atraente, que foge às narrativas habituais, mais ou menos monocórdicas e pouco estimulantes, que se limitam a debitar informação (mais ou menos bem) ilustrada.
Não que ela esteja ausente destas obras, mas encontra-se (muito) diluída, só limitada ao essencial, surgindo Portimão como cenário e pano de fundo e, na realidade, único protagonista dos dois livros.
Isto acontece mais no primeiro título, sobre a génese da cidade – bela amante dividida entre as carícias do rio e do mar – devido à escolha de um fotógrafo (intemporal, para cobrir cerca de 500 anos de história…) cujos instantâneos fotográficos vão marcando os momentos destacados – um casamento, a construção de naus, a chegada do comboio, a atribuição do foral… - e também pelo facto de estes tanto serem reais como fictícios, históricos como anónimos, dando corpo(s) e alma(s) ao relato. Tudo assinado com cores fortes mas difusas, apropriadas aos diversos aspectos abordados, mas sempre com o azul (forte) da água como tom predominante, por um Miguel Rocha na posse de todas as suas (muitas) qualidades gráficas.
Mas o protagonismo de Portimão é mais evidente em “Como se faz uma cidade”, em que alguns dos mais relevantes ilustradores e autores de BD nacionais contemporâneos, com os seus traços, técnicas e estilos personalizados, mostram diversos aspectos daquela localidade algarvia, cosmopolita mas humana, com belezas naturais e artificiais, que servem de referência e preenchem as memórias (de férias) de tantos e que é local onde vivem e se cruzam tantas pessoas, tantas vivências, tantas (outras) histórias…
Neste conjunto – desculpem-me os outros… - quero destacar em especial os trabalhos de Filipe Abranches, Ricardo Cabral e Pedro Brito, que considero especialmente conseguidos.
No (bom) resultado final, pesa João Paulo Cotrim, escolhido para coordenar e escrever os argumentos, já que é marcante o tom poético que costuma pontuar a sua escrita em que mais do que o que diz, deixa no ar hipóteses, sugestões, dúvidas, desafios que pedem ao leitor várias (re)leituras e abrem a porta a interpretações diversas. E que no todo apresentam Portimão pelo que é mais do que por aquilo que foi ou lá aconteceu.
Curiosidades
- O livro “Portimão – Como se faz uma cidade” inclui no seu miolo um caderno intitulado “Como se vive esta cidade” com pranchas de 19 jovens que participaram num workshop de BD conduzido por Pedro Brito, merecendo algumas delas um olhar atento.
(Versão revista e aumentada do texto publicado originalmente a 6 de Março de 2010, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
Leituras relacionadas
Abranches,
C.M. Portimão,
Cotrim,
Fora das Livrarias,
Gozblau,
Lima,
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Ricardo Cabral,
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Susa Monteiro,
Zé Manel
13/10/2009
Fora das Livrarias - Fernando Lopes-Graça, Andamentos de uma vida
Ricardo Cabrita (argumento e desenho)
Câmara Municipal de Tomar (Dezembro de 2008)
212 x 305 mm, 44 p., cor, brochado com badanas
Num mercado pequeno e com diversas outras limitações, alguns autores encontram junto das autarquias guarida para a publicação das suas obras. Quase sempre, traçando aos quadradinhos a História – as histórias – das respectivas localidades, com as potencialidades, características e limitações de todos bem conhecidas.
Ricardo Cabrita, com este álbum, é mais um exemplo, contando de forma sóbria (um)a biografia do maestro, compositor e musicólogo Fernando Lopes-Graça, a propósito dos 100 anos do seu nascimento.
Numa banda desenhada construída (propositadamente) a vários andamentos, com grandes variações (e alguns – inevitáveis – desequilíbrios), em termos gráficos e narrativos, para atenuar a sempre necessária carga documental, está especialmente conseguido o segundo deles, “Prisão”, em que um interrogatório da PIDE serve de pretexto para desfiar de forma aligeirada uma série de factos históricos sobre o artista. Ao todo falta, no entanto, uma abordagem mais profunda ao lado humano de Lopes-Graça.
Graficamente, se Cabrita ficou algo preso à imagem do homenageado, apresenta diversas soluções graficamente interessantes, mostra algum à vontade com técnicas diferentes e a (bela) prancha final deixa a vontade de o reencontrar num projecto em que disponha de outra liberdade…
(Versão revista do texto publicado originalmente a 13 de Junho de 2009, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
Câmara Municipal de Tomar (Dezembro de 2008)
212 x 305 mm, 44 p., cor, brochado com badanas
Num mercado pequeno e com diversas outras limitações, alguns autores encontram junto das autarquias guarida para a publicação das suas obras. Quase sempre, traçando aos quadradinhos a História – as histórias – das respectivas localidades, com as potencialidades, características e limitações de todos bem conhecidas.
Ricardo Cabrita, com este álbum, é mais um exemplo, contando de forma sóbria (um)a biografia do maestro, compositor e musicólogo Fernando Lopes-Graça, a propósito dos 100 anos do seu nascimento.
Numa banda desenhada construída (propositadamente) a vários andamentos, com grandes variações (e alguns – inevitáveis – desequilíbrios), em termos gráficos e narrativos, para atenuar a sempre necessária carga documental, está especialmente conseguido o segundo deles, “Prisão”, em que um interrogatório da PIDE serve de pretexto para desfiar de forma aligeirada uma série de factos históricos sobre o artista. Ao todo falta, no entanto, uma abordagem mais profunda ao lado humano de Lopes-Graça.
Graficamente, se Cabrita ficou algo preso à imagem do homenageado, apresenta diversas soluções graficamente interessantes, mostra algum à vontade com técnicas diferentes e a (bela) prancha final deixa a vontade de o reencontrar num projecto em que disponha de outra liberdade…
(Versão revista do texto publicado originalmente a 13 de Junho de 2009, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
Leituras relacionadas
C.M. Tomar,
Fora das Livrarias,
Ricardo Cabrita
07/10/2009
Fora das Livrarias – Salúquia
A Lenda de Moura em Banda Desenhada
Vários autores
Câmara Municipal de Moura (Portugal, Junho de 2009)
208 x 295 mm, 76 p., cor, brochado com badanas
A história recente da banda desenhada portuguesa tem sido pródiga em álbuns patrocinados por municípios ou entidades oficiais, maioritariamente de temática histórica. E quase sempre, diga-se, condenados a um reconhecimento limitado e a um anonimato alargado, pois não têm distribuição comercial, sendo apenas divulgados localmente, em escolas e bibliotecas. Ou pouco mais.
Não fugindo aos aspectos referidos, “Salúquia” não deixa de marcar alguma diferença, pois o recontar da Lenda de Moura foi entregue a 15 autores, o que permite abordagens – temáticas e estilísticas – completamente díspares. Em abono da verdade, a maior parte deles limita-se à história em si, num estilo clássico, sem grandes surpresas nem variações, fiéis a uma linha e área de especialização (a BD histórica), há muitos anos adoptada. Mesmo assim, neste grupo maioritário, veja-se a diferença que faz, em termos narrativos (ou faria se o final não fosse já conhecido…), a opção de Pedro Massano de não contar de imediato o resultado do combate intermédio entre portugueses e mouros…
Mais interessantes, pela corrupção da narrativa base, pela multiplicidade de caminhos que proporcionam, pela transposição do tema para outras épocas, pela oportunidade de questionar problemas actuais ou, simplesmente, pelo tom divertido, são as histórias de Artur Correia, Jorge Magalhães com Augusto Trigo e Catherine Labey, Luís Afonso, Zé Manel (o mais inspirado de todos) e José Abrantes.
Serve assim, também, este livro, em que curiosamente prevalece (quase sempre) a ideia (pouco vulgar) de que os mouros seriam os “bons” e os cristãos os “maus”, para mostrar, para o bem e para o mal, alguns dos caminhos trilhados ou (potencialmente) a trilhar pela BD portuguesa histórica.
(Versão revista do texto publicado originalmente a 18 de Julho de 2009, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
Vários autores
Câmara Municipal de Moura (Portugal, Junho de 2009)
208 x 295 mm, 76 p., cor, brochado com badanas
A história recente da banda desenhada portuguesa tem sido pródiga em álbuns patrocinados por municípios ou entidades oficiais, maioritariamente de temática histórica. E quase sempre, diga-se, condenados a um reconhecimento limitado e a um anonimato alargado, pois não têm distribuição comercial, sendo apenas divulgados localmente, em escolas e bibliotecas. Ou pouco mais.
Não fugindo aos aspectos referidos, “Salúquia” não deixa de marcar alguma diferença, pois o recontar da Lenda de Moura foi entregue a 15 autores, o que permite abordagens – temáticas e estilísticas – completamente díspares. Em abono da verdade, a maior parte deles limita-se à história em si, num estilo clássico, sem grandes surpresas nem variações, fiéis a uma linha e área de especialização (a BD histórica), há muitos anos adoptada. Mesmo assim, neste grupo maioritário, veja-se a diferença que faz, em termos narrativos (ou faria se o final não fosse já conhecido…), a opção de Pedro Massano de não contar de imediato o resultado do combate intermédio entre portugueses e mouros…
Mais interessantes, pela corrupção da narrativa base, pela multiplicidade de caminhos que proporcionam, pela transposição do tema para outras épocas, pela oportunidade de questionar problemas actuais ou, simplesmente, pelo tom divertido, são as histórias de Artur Correia, Jorge Magalhães com Augusto Trigo e Catherine Labey, Luís Afonso, Zé Manel (o mais inspirado de todos) e José Abrantes.
Serve assim, também, este livro, em que curiosamente prevalece (quase sempre) a ideia (pouco vulgar) de que os mouros seriam os “bons” e os cristãos os “maus”, para mostrar, para o bem e para o mal, alguns dos caminhos trilhados ou (potencialmente) a trilhar pela BD portuguesa histórica.
(Versão revista do texto publicado originalmente a 18 de Julho de 2009, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
Leituras relacionadas
C.M. Moura,
Fora das Livrarias,
Salúquia
06/10/2009
Fora das Livrarias: O Crime de Arronches
Eugénio Silva (argumento e desenho)
Câmara Municipal de Arronches Portugal, Julho de 2009)
Câmara Municipal de Arronches Portugal, Julho de 2009)
212 x 305 mm, 32 p., cor, cartonado
“O crime de Arronches”, um romance histórico de Henrique Lopes de Mendonça, datado de 1924, uma história de amor, desejo, honra e vingança, serviu de base a esta adaptação aos quadradinhos por Eugénio Silva, que é mais um exemplo da forma como as autarquias continuam a apostar nos nossos autores para promoverem o seu património histórico/literário, embora muitas vezes estas obras não entrem no habitual circuito de distribuição, pois são destinadas às escolas e bibliotecas locais.
Situada na vila de Arronches, a história gira em torno do (feliz) casal composto por Gaspar e Margarida e do desejo que esta desperta em Gomes Tição.. Um assassinato e a rivalidade entre o alcaide daquelas terras, o nobre André de Sousa, e o bispo da Guarda, são aspectos marcantes da narrativa, desenvolvida de forma agradável na sua versão aos quadradinhos, entre o tom policial e a crítica de costumes, com a intriga a avançar de forma sustentada e com o autor, por vezes, a trocar as voltas ao leitor, levando-o a seguir/imaginar pistas falsas, o que contribui para tornar a história mais cativante e o desfecho menos esperado.
O traço de Eugénio Silva, que na sua biografia contava já adaptações de Júlio Verne (Matias Sandor) ou as biografias de Eusébio e Inês de Castro, no seu habitual registo realista, servido por uma equilibrada paleta de cores, adapta-se bem à temática, sendo notório o cuidado havido na reconstituição histórica da Arronches do século XVI. A utilização de tons de cinzento nos flashbacks, ajuda a distingui-los e facilita a sua inserção na narrativa principal, sem provocar quebras no ritmo de leitura.
“O crime de Arronches”, um romance histórico de Henrique Lopes de Mendonça, datado de 1924, uma história de amor, desejo, honra e vingança, serviu de base a esta adaptação aos quadradinhos por Eugénio Silva, que é mais um exemplo da forma como as autarquias continuam a apostar nos nossos autores para promoverem o seu património histórico/literário, embora muitas vezes estas obras não entrem no habitual circuito de distribuição, pois são destinadas às escolas e bibliotecas locais.
Situada na vila de Arronches, a história gira em torno do (feliz) casal composto por Gaspar e Margarida e do desejo que esta desperta em Gomes Tição.. Um assassinato e a rivalidade entre o alcaide daquelas terras, o nobre André de Sousa, e o bispo da Guarda, são aspectos marcantes da narrativa, desenvolvida de forma agradável na sua versão aos quadradinhos, entre o tom policial e a crítica de costumes, com a intriga a avançar de forma sustentada e com o autor, por vezes, a trocar as voltas ao leitor, levando-o a seguir/imaginar pistas falsas, o que contribui para tornar a história mais cativante e o desfecho menos esperado.
O traço de Eugénio Silva, que na sua biografia contava já adaptações de Júlio Verne (Matias Sandor) ou as biografias de Eusébio e Inês de Castro, no seu habitual registo realista, servido por uma equilibrada paleta de cores, adapta-se bem à temática, sendo notório o cuidado havido na reconstituição histórica da Arronches do século XVI. A utilização de tons de cinzento nos flashbacks, ajuda a distingui-los e facilita a sua inserção na narrativa principal, sem provocar quebras no ritmo de leitura.
Curiosidade
- O album assinala uma (invejável) tiragem de 5 000 exemplares.
(Versão revista do texto publicado originalmente a 3 de Outubro de 2009, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
Leituras relacionadas
C.M. Arronches,
Eugénio Silva,
Fora das Livrarias
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