13/03/2018

Thor: A deusa do Trovão


Mudança de sexo...





Fraco adepto dos constantes ‘baralha e volta a dar’ da Marvel, com as inerentes mudanças de origens, propósitos, ambientes e portadores dos fatos - aproximei-me desta nova fase de Thor com desconfiança e poucas expectativas.
Estava errado.

O pressuposto - não original, mas nunca abordado com tanta profundidade nem num período de tempo tão extenso - tem tanto de estranho - a de assustador! - quanto de (mediático e comercialmente) genial: o que aconteceria se Thor, o deus do trovão fosse substituído por Thor, a deusa do trovão. Ou seja, o que aconteceria se ‘ele’ passasse a ser ‘ela’ - sem intervenções estranhas nem mudanças de sexo, reitere-se, apenas tão só porque o Mjolnir, o martelo mítico decide mudar o seu portador. Porque, infere-se, o Thor que até agora conhecíamos - e que vimos ainda recentemente em Os últimos dias de Midgard (edição portuguesa da G. Floy) - deixou de ser merecedor de tal privilégio. Em seu lugar, entra então em cena uma mulher, cuja identidade é ainda desconhecida no final do presente volume - tanto quanto isso é possível num tempo em que a informação chega (quase) antes de acontecer.
A narrativa avança então balizada por estes dois pressupostos - a ‘queda’ dele e a ‘ascensão’ dela - em exploração e com as justificações a serem adiadas para manter os leitores em suspenso, mas vai bem mais além. Jason Aaron, um argumentista cada vez mais incontornável no que aos comics americanos diz respeito, sejam eles de super-heróis ou não, acrescenta outros condimentos, quase todos centrados em pares opostos. Sem beliscar o universo e a realidade do herói, para além da exploração da mitologia nórdica e das intrigas palacianas a que nem os deuses são imunes, desde logo, num tempo em que é ‘politicamente correcto’ aderir ao ‘politicamente correcto’, explora o machismo (de Odin) e 0 feminismo (inerente a esta mudança), provocando um confronto - para já verbal - entre o ‘pai de todos’ e a sua esposa. Depois, faz o relato avançar assente no desejo do Thor homem, caído em desgraça, recuperar a sua posição e descobrir quem é a ‘usurpadora’ - vontade extensível a Odin - enquanto esta última se encontra dividida entre a surpresa da sua nova condição, as dúvidas sobre o porquê da sua escolha pelo Mjolnir e a exploração das imensas possibilidades que ela aporta.
A tudo isto, inevitavelmente, há que acrescentar as cenas de acção e o confronto com os vilões de serviço, tudo servido por um traço dinâmico, elegante e realista, (muito) bem complementado por um colorido vibrante mas suave e agradável aoolhar, que ajuda a definir o tom geral.

Thor: A Deusa do Trovão
Marvel Especial #6
Inclui Thor #1 a #6 (EUA, 2014)
Jason Aaron (argumento)
Russell Dauterman (desenho)
Mathew Wilson (cor)
Goody
168 x 260 mm, 128 p., cor, capa mole, mensal
7,90 €

(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

12 comentários:

  1. Como anteriormente referi, Jason Aaron está a fazer história com o com o Thor. Desde que começou a escrever para a revista mensal "Thor Deus do Trovão" os arcos são incríveis e interligam-se para um final grandioso. Os primeiros 25 números da revista com o Thor, antes de ser indigno incluem 3 arcos grandiosos. o 1º arco divide-se em 2 volumes com a saga do chacinador de Deuses (1º volume publicado pela panini).
    Lança a semente de uma guerra dos reinos com o 3º volume "O almadiçoadao", onde Malekith regressa e surge uma liga dos reinos (relembrando a irmandade do anel :)
    e Finalemte o 4º volume editado pela GfloY "Os ultimos dias de Midgard".
    Antes deste Marvel especial nº6 da Thor: A Deusa do Trovão, há a saga pecado original que é péssima e uma especial onde thor procura com loki pela sua irmã misteriosoa (Angela).É também nesse especial que Odin reaparece.
    Agora é esperar que a Goody lançe os restantes númers deste versão 1 e depois a v2 que continua com a Thor, o indigno Thor, muitas batalhas, conspirações, o martelo do thor ultimate, shiar vs Asgard, batalha com a Roxxon, etc..

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    1. Perdoarás (ou não) o meu comentário, mas tudo o que escreveste entusiasticamente, só reforça o meu sentimento de "telenovela"

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Não há nada a perdoar, respeito as opiniões, mesmo não concordando com elas.
      Caso tenha lido um destes arcos, escritos pelo Jason Aaron, e não gostou, tem todo o direito em criticar, bem como mostrar indignação :)
      Caso não tenha lido e simplesmente compara a uma "telenovela" (género que eu evito ver na TV ou ler em livros), revela pouco conhecimento, ódio a uma editora ou género em particular (super-heróis ou comics).
      Quando um escritor consegue criar boas histórias, dar profundidade aos personagens que rodeiam o herói, criar histórias que mexem com as emoções, interliga maravilhosamente todos os pontos que vai apresentando ao longo dos arcos...é telenovela??ou será antes um bom escritor e uma boa obra?

      Sou um enorme fá de bd franco belga, no entanto, existe alguns comics de super herois muitos bons....infelizmente o nosso mercado ficou saturado com tantas coleções e especias que, nem sempre, são publicadas boas obras.

      Sobre Thor não escrevo nem descrevo tão bem como o Pedro Cleto, apenas quis partilhar do meu entusiasmo com o curso que o Aaron está a seguir com o universo asgardiano.

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    4. pco69,
      Não sei se escrevi 'entusiasticamente', mas acho que é uma boa banda desenhada, que justifica a leitura. Independentemente de ser de super-heróis; mas principalmente enquanto história de super-heróis.
      Mantém as características próprias do género? Sim. Com todos os aspectos originais, continua a ser uma história de super-heróis.
      Isso faz dela uma 'telenovela'? Não sei.
      ...mas uma telenovela bem escrita, para mi merece ser lida.
      Boas leituras!

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    5. Apenas para esclarecer o meu ponto de vista.
      - não odeio nada, sobretudo relativamente a BD - poderei gostar mais ou menos e sobretudo poderei ignorar simplesmente, mas definitivamente não odeio
      - o sentimento "telenovela" foi bem abordado pelo Shazam num outro comentário e deriva das personagens em questão teram já 50/60/70 anos, mas sobretudo, deriva das histórias/runs percorrerem 4 5 revistas/livros até terem um fim lógico....
      - Pedro, adquiri o livro da GFloy devido à tua análise/comentário, sobretudo porque referes ser uma boa história. Ou seja, é-me indiferente ser ou não SH. Sendo boa história, compro e leio. Mas também me irrita ir comprando revistas ao estilo Goody, nomeadamente, ficando com CliffHangers de semana em semana.
      - Falando em CliffHangers, vamos ao FB - uma série FB que estou a acompanhar é o "Águias de Roma" e os CliffHanger no fim de cada volume é algo que me faz "trepar paredes" de tanta irritação...
      - Ou seja, o meu problema não é ralativo a um determindo tipo de BD mas sim à forma como essa BD decide ser impressa/apresentada.
      Em pedaços!
      Seja semanais, mensais ou até mesmo anuais....

      Resumindo, irrita-me não a história em si, mas a forma desta ser servida ao público

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    6. Viva pco69,
      Compreendo essa irritação, mas os cliffhangers são bastante utilizados na BD e nas séries de tv, principalmente no fim de uma temporada ou mid season, (ficando o espectador fica vários meses à espera dessa continuação com a estreia da nova temporada). Séries como Lost e Prison break foram um sucesso por ter uma história gigante que se desenrolava episódio a episódio sem fillers.
      Na BD passa-se o mesmo, os títulos desenhados pelo Marini têm esse problema(o Escorpião e águias de Roma)
      Irá verificar que muitas obras cult são compostas por vários números (XIII, Thorgal, etc...)
      No caso da Goody concordo que a editora está a falhar com a sua palavra, pois no início informaram que pretendiam lançar arcos completos por revista e agora temos Mixes. Nestes casos é penoso comprar uma edição e verificar que apenas uma história vale a pena (Exemplo do caso do old man loga de jeff lemire publicado na revista X-men).
      No caso deste especial da Thor compila os 6 primeiros números e penso que faltam mais 2 deste versão 1. De momento estou a acompanhar as edições mensais da nova thor v2 e apesar de ter de ficar a espera que a história continue, vale bem a pena.
      Penso que se um dia tivesse a oportunidade de ler todos os runs de Jason AAron, no universo do thor, irá ver o quão interessante, original, inovador é o título.
      O mesmo aconteceu com o capitão américa escrito pelo ed brubacker, demolidor de frank miller etc... são excelentes escritores que conseguiram inovar o personagem com boas e inovadoras histórias.
      Bem haja

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    7. Compreendo perfeitamente a utilização do suspense. Não tenho é que gostar disso :-) - e não é só o suspense. É tambem não ter histórias terminadas. Tenho o asteroid fighters (os dois publicados) nas prateleiras, sem serem lidos e à espera que alguma vez venha o terceiro. Tenho o BRK, infelizmente já lido, igualmente à espera do resto. Tenho os livros da Guerra dos tronos todos lidos, mas o cabrão do gajo não publica o resto... etc.. etc.. comprei uma ou duas das revistas da goody, mas definitivamente, não sou fã desse tipo de publicação, exactamente por me dar um sentimento de... "telenovela"...

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    8. Compreendo e as revistas mensais (x-men, aranha e vingadores) têm esse problema de deixar os arcos em abertos, obrigando à espera do próximo mês.
      No caso deste especial da Thor acaba efectivamente num momento de suspense, que obriga o leitor a ter de esperar pela edição seguinte e a goody poderia ter aberto uma exceção publicando os 8 números que compõem este arco. Os restantes livros compilados do thor que falei anteriormente, fogem dessa situação. Cada volume (a excepção do 1º e do 2º) são arcos auto-contidos, contudo o seu argumentista não escreve à toa e sem sentido. Ele semeia elementos, apresentados anteriormente,
      que têm peso e importância para o desenvolvimento do universo e das personagens. É possível ler esses arcos em separado? sim é possível. Contudo é o conjunto dessas obras que revelam a maestria de um argumentista que sabe para onde vai e o que fazer com o personagem.
      Como referi, é pena não ser editado volumes com arcos completos e que sejam runs de um argumentistas só.
      A vitamenina chegou a fazer isso com o run de joss Whedon à frente dos X-men durante 2 anos (publicando 4 maravilhosos livros em capa dura e relançados apenas 2 pela salvat). A g-floy pretende fazer o mesmo com X-force e punho de ferro, tendo já concluído um run da alias (jessica jones).
      Cumprimentos

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  2. Penso que para quem lê comics americanos principalmente as editoras americanas "main stream" dc/marvel sabe que vai ter de levar com estas "novelas" ou como chamam "runs" e é perfeitamente normal.. estes personagens ja tem 50/60/70 anos e claro que cada vez mais é dificil inovar neste genero tendo as limitações autorais propostas pelas grandes editoras.
    No entanto concordo com o jony o aaron tem feito um trabalho fantástico apesar de nao ter gostado muito do primeiro arco do carniceiro dos deuses os restantes foram bastante bons e diferentes do que temos visto no thor até a passagem do manto ao qual era um pouco céptico até ler :) .
    E concordo plenamente com o ponto de em portugal há muitas publicações principalmente marvel mas nem sempre é publicado o melhor dos personagens o que gera essa saturação compreensível que talvez o pco possa sentir de historias que vão de lado nenhum a lugar nenhum e que sabemos que no final do dia tudo vai voltar ao status quo original.
    Penso que obras como torpedo, y o ultimo homem , sandman e as obras publicadas tanto nas novelas graficas como pela g floy da image são uma lufada de ar fresco e cada vez mais penso que os portugueses vão gostando de acompanhar estes trabalhos autorais de muitos autores que ja leram historias seja na marvel ou na DC.

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    1. Concordo com o Shazam em todos os aspetos.
      Neste momento só há 2 títulos que me mantém agarrados à Marvel, um é a nova Thor de Jason Aaron e outro é o Old Man Logan de jeff Lemire. DC comecei a desligar-me durante a fase novos 52 e com a renascimento desliguei completamente.
      Sandman não li tudo, mas estou a adorar e aconselho. Novelas gráficas já foi dito muito e só posso elogiar a maioria das escolhas.
      BD franco belga tem saído uma ou outra, mas a ASA quase não publica nada a não ser através de parcerias com o público. Espero que publique um dia a nova edição do XIII, um integral do largo Wintch e quem sabe mais Thorgal (ambos do mestre J. Van Hamme e quase todas séries cult da BD)

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  3. Ainda bem que as publicações da Goody passaram a ter mix...só assim poderemos ter acesso a muita coisa que jamais editoras mais conservadoras publicariam nas suas sagradas colecções de capa dura. A meu ver os mixes atraem mais leitores do que os arcos completos, porque todos os meses há algo que agrada ao leitor x, y e z. Pode surgir algo que não gostamos em cada mix, mas a 7,90 por mês (se fossemos a comprar os títulos no original seriam no mínimo 30€ por mês nas comic shops) é um mal menor. Eu por exemplo nada gosto de Old Man Logan e X-men Gold, mas Jean Grey e X-men Blue compensam.

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