24/05/2018

Martin Mystère: O destino da Atlântida


Outra vez em Portugal





Nesta segunda incursão - literalmente - dos heróis Bonelli no nosso país, conhecemos - ou redescobrimos - Martin Mystère, o detective do impossível, nos Açores, às voltas com o fim da Atlântida.
Aquele que chegou a ser um dos mais populares heróis da Bonelli, surge nesta colecção depois da dupla viagem de Dampyr a Portugal, numa história em grande parte ambientada no mar dos Açores, baseada na lenda de que aquele arquipélago corresponde às zonas não submersos do mítico continente da Atlântida.
História construída com diversos flashbacks alusivos a uma anterior vinda do protagonista ao nosso país, que alternam com a acção no presente, apenas parcialmente protagonizada por Mystère, serve bem de cartão de visita a este americano, escritor, apresentador de televisão, arqueólogo e viajante incansável, que percorreu todo o planeta, o seu interior desconhecido e parte do espaço, em busca de respostas para os grandes mistérios da humanidade: da Atlântida às estátuas da Ilha da Páscoa, do Triângulo das Bermudas à presença de extraterrestres entre nós, entre muitos outros. Ao seu lado, quase sempre a bela Diana e Java, o neanderthal que encontrou numa das suas viagens; pontualmente também Orloff, antigo colega e amigo, agora quase sempre adversário embora por vezes com interesses comuns, como acontece em O destino da Atlântida. Como adversários recorrentes, surgem os poderosos Homens de Negro, uma sociedade secreta apostada em manter ocultas todas as descobertas que possam contrariar a História vigente.
O seu criador foi Alfredo Castelli, em 1982, que dotou as aventuras de Mystère de múltiplas referências, combinando habilmente factos conhecidos com lendas urbanas e hipóteses mais ou menos plausíveis, para criar um misto de veracidade e ficção que têm, pelo menos, o condão de aguçar a curiosidade do leitor.
Histórias ricas em informação - o que por vezes significa excesso de texto - muitas vezes não dão respostas - que não seriam possíveis - mas apontam soluções alternativas ou explicações plausíveis, mesmo que algumas delas - hoje - possam parecer um pouco ingénuas ou datadas...
O destino da Atlântida é um bom exemplo do que atrás fica escrito - e que está mais desenvolvido no prefácio, desta vez de Pedro Bouça, cuja leitura, mais uma vez aconselho. Partindo de dois factos aparentemente isolados - um pesadelo de Mystère e a queda de um satélite por acidente - a narrativa vai conduzir o investigador - e atrás dele, os leitores - após muitas peripécias - talvez demasiadas, reconheço que teria ganho com menos algumas páginas... -, alguns confrontos e diversas surpresas, para a explicação - uma explicação? - do cataclismo que destruiu a Atlântida - ou que a teria destruído se realmente tivesse existido...

Para além do regresso de um herói Bonelli a Portugal, este volume repete um outro aspecto da presente colecção, o regresso do mestre Sergio Toppi, depois da sua passagem por Julia: O Eterno Repouso, como desenhador da segunda narrativa deste volume.
Graças a mais essa colaboração de Toppi com a Bonelli, os leitores receberam duas dezenas de páginas 'extra' com Questões de Família, história curta desconcertante mas bem-humorada, que funciona no registo de quase anedota interna no seio do universo temático de Martin Mystère.

Curiosidade
A certa altura de O destino da Atlântida, Martin Mystère é transportado num táxi cuja matrícula é AZ59752. Não sendo de certeza matrícula portuguesa, poderá ser açoriana? Custa-me a crer que um argumentista como Castelli cometesse um erro destes, a não ser que este possa ser imputado aos desenhadores, no entanto, não consegui encontrar qualquer referência à existência deste tipo de matrícula automóvel no arquipélago português...

Martin Mystére
Colecção Bonelli #7

O destino da Atlântida
Alfredo Castelli (argumento)
Cardinale e Orlandi (desenho)

Questões de família
Alfredo Castelli (argumento)
Toppi (desenho)

Levoir/Público
Portugal, 24 de Maio de 2018
190 x 260 mm, 184 p., pb, capa dura
10,90 €

(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

2 comentários:

  1. A ver se o vou buscar mais logo.

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  2. Nestes dias li o Julia e o La Storie. Sendo do tempo do Falcão e demais revistas desse tipo daqueles tempos, já não sou de adquirir as obras "populares" da Bonelli. Pela mais simples razão de nem os ver nas bascas que frequento... Fico extremamente satisfeito por terem sido publicados desta forma e creio que, havendo um catálogo de certeza vastissimo na Bonelli, se justifica mais séries desta editora, editados desta forma.

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