22/05/2018

Thanos e Darth Maul

 

Pontos de contacto

Ambos são vilões e os protagonistas destas edições recentes em banda desenhada, mas os pontos de contacto não se ficam por aqui. O principal, aliás, ainda está por citar.
Têm muito em comum.
Thanos é o titã louco, o destruidor de mundos que recentemente chegou ao cinema em Vingadores: Infinito. Darth Maul é um Sith, um assassino de Jedi e foi no cinema que nasceu.
Ambos estão do lado errado - no conceito tradicional e clássico que atribuía o protagonismo aos bons e justos - mas nos dias que correm há cada vez mais nomes de vilões nos títulos das obras e como respectivas estrelas. Talvez porque o mal, o proibido, o limitado, o restrito são sempre mais atraentes - incomodamente atraentes - do que o ser correcto e certinho.
Graficamente, encontramos outros pontos de contacto: os desenhadores destas mini-séries são ambos brasileiros. Mais, Mike Deodato (Thanos) e Luke Ross (Darth Maul) são desenhadores consagrados, apreciados e reconhecidos. E, principalmente, ambos apresentam um bom desempenho. Ao seu traço seguro e com algo de clássico, acrescentam planificações dinâmicas e diversificadas, ajustadas aos momentos, usadas como separadores, multiplicando as vinhetas - ou as sequências - quando é necessário desacelerar a acção ou multiplicar a informação - ou explodindo em imagens de grande dimensão que ocupam a extensão de duas páginas para tornar mais evidente perante os nossos olhos a violência, o dinamismo e o movimento (quase sempre) dos confrontos.
Mas - e finalmente chego lá - se todos os aspectos já focados são válidos e significativos, para mim o principal ponto de contacto são os argumentistas. Porque, cada vez mais as grandes corporações - neste (duplo) caso a Marvel - tem sabido valorizar e aproveitar a inovação, a irreverência e a originalidade dos autores que vêm da edição independente. Jeff Lemire é hoje um dos argumentistas a seguir com atenção, seja neste Thanos, seja (mais) em O Velho Logan, seja ainda nas suas obras autorais de que em breve talvez tenhamos notícias, que é como quem escreve, edições em português.
Quanto a Colin Bunn, conhecemo-lo já - conhecem aqueles que se deixaram seduzir pelo desconhecido e pelo inesperado - de Harrow County (G. Floy).
Se as histórias contadas e o momento da vida dos protagonistas são díspares - Darth Maul está em início de carreira, à procura de objetivos e de se afirmar; Thanos está em final de vida, em tempo de balanço - têm mesmo assim muito em comum. A coerência - interna e dentro dos universos estabelecidos em que estão a trabalhar - a consistência dos relatos, a densidade narrativa - que não é sinónimo de lentidão rítmica nem de leitura pesada - que parece multiplicar as páginas das edições, a abordagem psicológica aos (vilões) protagonistas - mais em Maul que em Thanos - a procura - não se entenda a justificação - das razões para as (más) acções que lhes são reconhecíveis...
Acima de tudo - escrevo-o a título pessoal - a capacidade de (me) seduzir para temáticas que geralmente (me) passam um pouco ao lado e de terem proporcionado agradáveis - ainda mais porque inesperados - momentos de leitura.

Thanos: O regresso do vilão cósmico
Marvel Especial #8/10
Jeff Lemire (argumento)
Mike Deodato (desenho)
Goody
Portugal, 4 de Maio de 2018
168 x 260 mm, 128 p., cor, capa mole
7,90 €

Star Wars: Darth Maul
Colin Bunn (argumento)
Luke Ross (desenho)
Planeta
Portugal, 15 de Maio de 2018
170 x 265 mm, 128 p., cor, capa dura
16,99 €

(imagens disponibilizadas pelas editoras; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

7 comentários:

  1. A mim, o que salta mais à vista, é (se as fichas acima estiverem correctas), a disparidade de preço.
    Será que a capa dura "obriga" a uma diferença de valor de mais do dobro?

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  2. É realmente uma pena os preços da editora Planeta serem "puxados" tendo em conta a variedade de material disponível todos os meses em portugal de qualidade e com preços mais acessíveis.

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  3. Os preços da Planeta não são puxados. Está a ser comparado o que não se pode comparar: um capa dura que saí em livraria (tiragem mais baixa) com um capa mole distribuído pelas bancas.

    A capa dura e a tiragem menor é que fazem isto. Se forem à Amazon reparam que se comprarem neste momento o livro em capa mole americano é o mesmo preço.

    A Planeta não está cara. A Goody é que tem preço fantásticos.

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  4. Eu estou a comparar mas não dessa forma eu entendo perfeitamente os motivos mas contudo acredito que muitas pessoas e eu incluído, gostaríamos de poder comprar estas edições de star wars mas com tanta quantidade de títulos de enorme qualidade a preços competitivos a sair por mês fica difícil conseguir comprar estas edições

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  5. Eu não costumo comprar preços. Mas no caso, como as fichas estão bem ao pé uma da outra, a comparação acaba por ser quase impossível de não ser feita. E sei perfeitamente que o "pior" acaba por cair para o lado da Planeta. Mas reconheço que não tem comparação possível, uma edição de capa dura com uma edição tipo "revista". A qualidade é mesmo superior, e à partida, contaremos também com a manutenção da sua qualidade durante muitissimo mais tempo.

    Que a Goody, a Planeta, a KingPin, a Devir, a Levoir e demais editoras, continuem a editar BD e que o mercado assim o deseje também.

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  6. Não é apenas por ser capa dura, o papel das Planeta é superior às edições da Goody que parece papel de revistas côr-de-rosa, até cheira mal e está sempre enrugado.

    Mas para mim as Planeta estão fora, as traduções são uma porcaria, pelo menos as edições do Star Wars estavam intragáveis, faltam ali palavras e outras foram mal escolhidas e fazem perder o sentido.

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    1. Estas confundir bds com cheiro e mais Levoir,Quanto a papel Goody e melhor e com melhor Gramatura que o Original Marvel_/Dc usa e até Levoir Transparente,nao como a Salvat mas a piores.

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