Pontos
de contacto
Ambos
são vilões e os protagonistas destas edições recentes em banda
desenhada, mas os pontos de contacto não se ficam por aqui. O
principal, aliás, ainda está por citar.
Thanos
é o titã louco, o destruidor de mundos que recentemente chegou ao
cinema em Vingadores: Infinito. Darth Maul é um Sith, um
assassino de Jedi e foi no cinema que nasceu.
Ambos
estão do lado errado - no conceito tradicional e clássico que
atribuía o protagonismo aos bons e justos - mas nos dias que correm
há cada vez mais nomes de vilões nos títulos das obras e como
respectivas estrelas. Talvez porque o mal, o proibido, o limitado, o
restrito são sempre mais atraentes - incomodamente atraentes - do
que o ser correcto e certinho.
Graficamente,
encontramos outros pontos de contacto: os desenhadores destas
mini-séries são ambos brasileiros. Mais, Mike Deodato (Thanos)
e Luke Ross (Darth Maul) são desenhadores consagrados,
apreciados e reconhecidos. E, principalmente, ambos apresentam um bom
desempenho. Ao seu traço seguro e com algo de clássico, acrescentam
planificações dinâmicas e diversificadas, ajustadas aos momentos,
usadas como separadores, multiplicando as vinhetas - ou as sequências
- quando é necessário desacelerar a acção ou multiplicar a
informação - ou explodindo em imagens de grande dimensão que
ocupam a extensão de duas páginas para tornar mais evidente perante
os nossos olhos a violência, o dinamismo e o movimento (quase
sempre) dos confrontos.
Mas -
e finalmente chego lá - se todos os aspectos já focados são
válidos e significativos, para mim o principal ponto de contacto são
os argumentistas. Porque, cada vez mais as grandes corporações -
neste (duplo) caso a Marvel - tem sabido valorizar e aproveitar a
inovação, a irreverência e a originalidade dos autores que vêm da
edição independente. Jeff Lemire é hoje um dos argumentistas a
seguir com atenção, seja neste Thanos, seja (mais) em O
Velho Logan, seja ainda nas suas obras autorais de que em
breve talvez tenhamos notícias, que é como quem escreve, edições
em português.
Quanto
a Colin Bunn, conhecemo-lo já - conhecem aqueles que se deixaram
seduzir pelo desconhecido e pelo inesperado - de Harrow
County (G. Floy).
Se as
histórias contadas e o momento da vida dos protagonistas são
díspares - Darth Maul está em início de carreira, à procura de
objetivos e de se afirmar; Thanos está em final de vida, em tempo de
balanço - têm mesmo assim muito em comum. A coerência - interna e
dentro dos universos estabelecidos em que estão a trabalhar - a
consistência dos relatos, a densidade narrativa - que não é
sinónimo de lentidão rítmica nem de leitura pesada - que parece
multiplicar as páginas das edições, a abordagem psicológica aos
(vilões) protagonistas - mais em Maul que em Thanos - a procura -
não se entenda a justificação - das razões para as (más) acções
que lhes são reconhecíveis...
Acima
de tudo - escrevo-o a título pessoal - a capacidade de (me) seduzir
para temáticas que geralmente (me) passam um pouco ao lado e de
terem proporcionado agradáveis - ainda mais porque inesperados -
momentos de leitura.
Thanos:
O regresso do vilão cósmico
Marvel
Especial #8/10
Jeff
Lemire (argumento)
Mike
Deodato (desenho)
Goody
Portugal,
4 de Maio de 2018
168
x 260 mm, 128 p., cor, capa mole
7,90
€
Star
Wars: Darth Maul
Colin
Bunn (argumento)
Luke
Ross (desenho)
Planeta
Portugal,
15 de Maio de 2018
170
x 265 mm, 128 p., cor, capa dura
16,99
€
(imagens
disponibilizadas pelas editoras; clicar nelas para as aproveitar em
toda a sua extensão)
A mim, o que salta mais à vista, é (se as fichas acima estiverem correctas), a disparidade de preço.
ResponderEliminarSerá que a capa dura "obriga" a uma diferença de valor de mais do dobro?
É realmente uma pena os preços da editora Planeta serem "puxados" tendo em conta a variedade de material disponível todos os meses em portugal de qualidade e com preços mais acessíveis.
ResponderEliminarOs preços da Planeta não são puxados. Está a ser comparado o que não se pode comparar: um capa dura que saí em livraria (tiragem mais baixa) com um capa mole distribuído pelas bancas.
ResponderEliminarA capa dura e a tiragem menor é que fazem isto. Se forem à Amazon reparam que se comprarem neste momento o livro em capa mole americano é o mesmo preço.
A Planeta não está cara. A Goody é que tem preço fantásticos.
Eu estou a comparar mas não dessa forma eu entendo perfeitamente os motivos mas contudo acredito que muitas pessoas e eu incluído, gostaríamos de poder comprar estas edições de star wars mas com tanta quantidade de títulos de enorme qualidade a preços competitivos a sair por mês fica difícil conseguir comprar estas edições
ResponderEliminarEu não costumo comprar preços. Mas no caso, como as fichas estão bem ao pé uma da outra, a comparação acaba por ser quase impossível de não ser feita. E sei perfeitamente que o "pior" acaba por cair para o lado da Planeta. Mas reconheço que não tem comparação possível, uma edição de capa dura com uma edição tipo "revista". A qualidade é mesmo superior, e à partida, contaremos também com a manutenção da sua qualidade durante muitissimo mais tempo.
ResponderEliminarQue a Goody, a Planeta, a KingPin, a Devir, a Levoir e demais editoras, continuem a editar BD e que o mercado assim o deseje também.
Não é apenas por ser capa dura, o papel das Planeta é superior às edições da Goody que parece papel de revistas côr-de-rosa, até cheira mal e está sempre enrugado.
ResponderEliminarMas para mim as Planeta estão fora, as traduções são uma porcaria, pelo menos as edições do Star Wars estavam intragáveis, faltam ali palavras e outras foram mal escolhidas e fazem perder o sentido.
Estas confundir bds com cheiro e mais Levoir,Quanto a papel Goody e melhor e com melhor Gramatura que o Original Marvel_/Dc usa e até Levoir Transparente,nao como a Salvat mas a piores.
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