17/07/2018

Viagens

De partida

Abrir um livro é partir em viagem. Uma viagem sem sair do lugar, com ponto de partida mas sem destino pré-definido, por percursos inesperados, abertos às surpresas que possa conter, aos desconhecidos que vamos descobrir - às vezes ao reencontro de velhos conhecidos.
Viagens, terceiro tomo das The Lisbon Studio Series é tudo isto - e mais - a multiplicar exponencialmente pelos autores nele incluídos.
Como quando partimos de casa - sempre rumo ao desconhecido, por mais conhecido que seja o trajecto e o destino - não sabemos onde nos levará cada uma destas histórias. Algumas delas, possivelmente, não nos deixarão (boas, nem sequer) memórias; outras, como dizia a publicidade, serão para ‘mais tarde recordar’.
Podemos trilhar uma estrada apenas para descobrir o pronto em que se cruzam dois ‘nada’, como no exercício estilístico que nos propõe Filipe Andrade. Podemos embarcar na pintura - desenhada - dos fundadores do movimento expressionista alemão Die Brücke, segundo o traço (e a inspiração) de Nuno Saraiva. Podemos deixar-nos levar pelos mundos imaginários e intemporais que nos apresenta Ricardo Cabral sob tons fortes e chamativos. Podemos embarcar para a viagem que a todos espera, de forma inesperada e bem-humorada, com Nuno Rodrigues e Pedro Ribeiro Ferreira.
E podemos também embarcar nas outras viagens propostas. Podemos segui-las todas, repeti-las, refazê-las - neste caso com um conhecimento prévio que, mesmo assim, não garante igual trajecto ou destino ou memórias.
Viagens é mais um convite à viagem pela banda desenhada portuguesa, pela transpiração e inspiração dos seus cultores, dos seus autores, é um bilhete para muitos destinos que merece ser comprado, uma passagem para mundos - o nosso ou outros; reais ou imaginários; coerentes ou à rédea solta - que todos podemos fazer. E da qual - das quais - guardaremos memórias, instantâneos, momentos para partilhar.

Viagens
TLS Series
Filipe Andrade, Dileydi Florez, Nuno Rodrigues, Pedro Ribeiro Ferreira, João Tércio, Ricardo Cabral, Quico Nogueira, Nuno Saraiva
Comic Heart/G. Floy
Portugal, Maio de 2018
170 x 240 mm, 128 p., pb, capa dura
12,00 €

(imagens disponibilizadas pelas editoras; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

4 comentários:

  1. É bom haver uma plataforma de lançamento de novos autores, mesmo se "limitada" a uma zona geográfica como seja (à partida) os frequentadores do "The Lisbon Studio".

    Mas melhor que isso, é poder dar origem a realmente "novos autores" com obra editada independentemente destas coletâneas.

    Sendo que o Ricardo Carbral já tinha obras editadas ainda antes destas coletâneas, refiro nomeadamente o Pedro Moura e a Marta Teives com o seu "Regressos".

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    1. O TLS Series não tem como objectivo promover "novos autores", mas tão somente os membros do Lisbon Studio, e a zona geográfica é o andar que eles ocupam em Santa Apolónia! O projecto é exclusivamente para membros presentes/actuais do estúdio à data do "call to papers" de cada volume.

      Mas alguns deles nunca tenham feito BD, ou pelo menos histórias com mais de uma ou duas páginas.

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    2. Se não estou errado, foi referido no primeiro volume que foi incluido um 'antigo' membro do The Lisbon Studio, pelo que não será tão 'limitativo' quanto os 'actuais'. De qualquer forma, o meu comentário não é negativo, mas sim positivo no sentido esperar que seja uma plataforma (mesmo que só dessa 'zona geográfica') de lançamento de novas obras de BD, não limitadas a estas coletâneas.

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    3. Não é bem isso. Quando o TLS Series nos chegou às mãos (G.Floy e ComicHeart), o primeiro volume já estava completo e acabado há um uns bons doze meses; simplesmente, andou de editora em editora até chegar a nós, e no entretanto, o Gonçalo Duarte saiu do Lisbon Studio. Ou seja, o livro chegou a nós pronto a editar, mas no entretanto, esse membro do Lisbon Studio saiu. É um "problema" que se poderá repetir: os tempos de produção de um volume são longos, e existe uma rotação de membros do TLS, é perfeitamente possível que um membro saia no espaço entre entregar uma história, e o volume sair. Por exemplo, um dos membros do TLS que estará presente no vol. 4 já notificou o estúdio de que sairá, ie. quando o vol. 4 sair, ele provavelmente já será ex-membro, apesar de tre uma história num dos volumes.

      É inevitável. Mas quem define o alinhamento dos autores e das histórias são os próprios membros. Nós (editores) podemos ter as nossas opiniões, talvez mesmo recusar uma história (nunca aconteceu), mas o volume é criado e votado e definido pelo TLS.

      Para voltar a clarificar: o TLS Series NÃO é, nem NUNCA pretendeu ser uma plataforma de lançamento de novos autores. É isso sim, um projecto dos membros, um projecto que eles já têm há muito, e que já existiu sob a forma de webmag online durante bastantes números, até dar o salto e se tornar em projecto em papel editado que nos chegou às mãos. Quando o primeiro volume nos chegou às mãos, já tinha quase um ano, e no entretanto, o Gonçalo Duarte tinha saído do TLS. É só isso. Futuros volumes serão compilações de histórias de membros do TLS À ALTURA em que o livro foi pensado, e não MOSTRA DE NOVOS AUTORES.

      Só isso!

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