Abrir
um livro é partir em viagem. Uma viagem sem sair do lugar, com ponto
de partida mas sem destino pré-definido, por percursos inesperados,
abertos às surpresas que possa conter, aos desconhecidos que vamos
descobrir - às vezes ao reencontro de velhos conhecidos.
Viagens,
terceiro tomo das The Lisbon Studio Series é tudo isto - e mais - a
multiplicar exponencialmente pelos autores nele incluídos.
Podemos
trilhar uma estrada apenas para descobrir o pronto em que se cruzam
dois ‘nada’, como no exercício estilístico que nos propõe
Filipe Andrade. Podemos embarcar na pintura - desenhada - dos
fundadores do movimento expressionista alemão Die Brücke,
segundo o traço (e a inspiração) de Nuno Saraiva. Podemos
deixar-nos levar pelos mundos imaginários e intemporais que nos
apresenta Ricardo Cabral sob tons fortes e chamativos. Podemos
embarcar para a viagem que a todos espera, de forma inesperada e
bem-humorada, com Nuno Rodrigues e Pedro Ribeiro Ferreira.
E
podemos também embarcar nas outras viagens propostas. Podemos
segui-las todas, repeti-las, refazê-las - neste caso com um
conhecimento prévio que, mesmo assim, não garante igual trajecto ou
destino ou memórias.
Viagens
é mais um convite à viagem pela banda desenhada portuguesa, pela
transpiração e inspiração dos seus cultores, dos seus autores, é
um bilhete para muitos destinos que merece ser comprado, uma passagem
para mundos - o nosso ou outros; reais ou imaginários; coerentes ou
à rédea solta - que todos podemos fazer. E da qual - das quais -
guardaremos memórias, instantâneos, momentos para partilhar.
Viagens
TLS
Series
Filipe
Andrade, Dileydi Florez, Nuno Rodrigues, Pedro Ribeiro Ferreira, João
Tércio, Ricardo Cabral, Quico Nogueira, Nuno Saraiva
Comic
Heart/G. Floy
Portugal,
Maio de 2018
170
x 240 mm, 128 p., pb, capa dura
12,00
€
(imagens disponibilizadas pelas editoras; clicar
nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
É bom haver uma plataforma de lançamento de novos autores, mesmo se "limitada" a uma zona geográfica como seja (à partida) os frequentadores do "The Lisbon Studio".
ResponderEliminarMas melhor que isso, é poder dar origem a realmente "novos autores" com obra editada independentemente destas coletâneas.
Sendo que o Ricardo Carbral já tinha obras editadas ainda antes destas coletâneas, refiro nomeadamente o Pedro Moura e a Marta Teives com o seu "Regressos".
O TLS Series não tem como objectivo promover "novos autores", mas tão somente os membros do Lisbon Studio, e a zona geográfica é o andar que eles ocupam em Santa Apolónia! O projecto é exclusivamente para membros presentes/actuais do estúdio à data do "call to papers" de cada volume.
EliminarMas alguns deles nunca tenham feito BD, ou pelo menos histórias com mais de uma ou duas páginas.
Se não estou errado, foi referido no primeiro volume que foi incluido um 'antigo' membro do The Lisbon Studio, pelo que não será tão 'limitativo' quanto os 'actuais'. De qualquer forma, o meu comentário não é negativo, mas sim positivo no sentido esperar que seja uma plataforma (mesmo que só dessa 'zona geográfica') de lançamento de novas obras de BD, não limitadas a estas coletâneas.
EliminarNão é bem isso. Quando o TLS Series nos chegou às mãos (G.Floy e ComicHeart), o primeiro volume já estava completo e acabado há um uns bons doze meses; simplesmente, andou de editora em editora até chegar a nós, e no entretanto, o Gonçalo Duarte saiu do Lisbon Studio. Ou seja, o livro chegou a nós pronto a editar, mas no entretanto, esse membro do Lisbon Studio saiu. É um "problema" que se poderá repetir: os tempos de produção de um volume são longos, e existe uma rotação de membros do TLS, é perfeitamente possível que um membro saia no espaço entre entregar uma história, e o volume sair. Por exemplo, um dos membros do TLS que estará presente no vol. 4 já notificou o estúdio de que sairá, ie. quando o vol. 4 sair, ele provavelmente já será ex-membro, apesar de tre uma história num dos volumes.
EliminarÉ inevitável. Mas quem define o alinhamento dos autores e das histórias são os próprios membros. Nós (editores) podemos ter as nossas opiniões, talvez mesmo recusar uma história (nunca aconteceu), mas o volume é criado e votado e definido pelo TLS.
Para voltar a clarificar: o TLS Series NÃO é, nem NUNCA pretendeu ser uma plataforma de lançamento de novos autores. É isso sim, um projecto dos membros, um projecto que eles já têm há muito, e que já existiu sob a forma de webmag online durante bastantes números, até dar o salto e se tornar em projecto em papel editado que nos chegou às mãos. Quando o primeiro volume nos chegou às mãos, já tinha quase um ano, e no entretanto, o Gonçalo Duarte tinha saído do TLS. É só isso. Futuros volumes serão compilações de histórias de membros do TLS À ALTURA em que o livro foi pensado, e não MOSTRA DE NOVOS AUTORES.
Só isso!