15/11/2018

Lucky Luke: Um cowboy em Paris

Seguir os mestres




Pela segunda vez em parceria à frente dos destinos do septuagenário Lucky Luke, Jul e Achdé mostram - de novo - o à-vontade que (já) sentem com o cowboy (que continua a ser) mais rápido do que a própria sombra.
O modelo em Lucky Luke foi driasdo por Morris e aperfeiçoado - e de que maneira! - por Goscinny: um fundo histórico para balizar uma ficção bem-humorada, onde as personagens dos quadradinhos se cruzam com aquelas que existiram realmente, num misto de aventura e paródia, do passado e do presente.
Seguindo quem (tão bem) fez as grandes histórias da série, Jul e Achdé não se inibem de inovar na continuidade, trazendo o seu cunho pessoal a Lucky Luke, mas sem que isso implique afastá-lo do herói popular que há 70 anos cavalga, dispara e persegue bandidos vinheta após vinheta.
No caso presente, Lucky Luke é escolhido para acompanhar o final da construção da futura Estátua da Liberdade, oferecida pelo povo francês ao seu congénere norte-americano, bem como o seu transporte do Velho Continente para o Novo Mundo.
Para além da surpresa final, a grande inovação de Um cowboy em Paris é a transposição das habituais aventuras no Oeste, maioritariamente para o cenário urbano parisiense - e europeu, o que permite o encontro com personalidades famosas da época e alguns gags bem conseguidos, aproveitando tanto as particularidades da época, quanto as piadas recorrentes e os piscares de olho sobre a actualidade. Tudo isto confere ao álbum mais do que um nível de leitura, adequando-o a uma faixa etária bastante alargada, cumprindo assim o seu papel de série popular.
A par disto, a apropriação que Achdé fez do estilo Morris, seguindo-o sem o copiar e dando-lhe indiscutivelmente o seu cunho, sem provocar um corte com o (rico) passado, faz de Um cowboy em Paris uma leitura aconselhável.
Sem esquecer - sempre! - que o grande trunfo dos títulos mais marcantes desta série - como de outras - foram ter sido descobertos na altura - idade mental… - certa, podendo, por isso, ter sido sobrevalorizados na(s) nossa(s) memória(s).

Lucky Luke: Um cowboy em Paris
Jul (argumento)
Achdé (desenho)
Edições ASA
Portugal, 12 de Novembro de 2018
225 x 297 mm, 48 p., cor, capa dura
10,90 €

(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

1 comentário:

  1. O último parágrafo é provavelmente uma grande verdade... O que significa que estamos condenados a ficar eternamente decepcionados com todos os títulos que estão por vir... é melhor nem os ler e viver na doce ilusão da nossa memória...

    ResponderEliminar