Pela
segunda vez em parceria à frente dos destinos do septuagenário
Lucky Luke, Jul e Achdé mostram - de novo - o à-vontade que (já)
sentem com o cowboy (que continua a ser) mais rápido do que a
própria sombra.
O
modelo em Lucky Luke foi driasdo por Morris e aperfeiçoado - e de
que maneira! - por Goscinny: um fundo histórico para balizar uma
ficção bem-humorada, onde as personagens dos quadradinhos se cruzam
com aquelas
que existiram realmente, num misto de aventura e paródia, do passado
e do presente.
Seguindo
quem (tão bem) fez as grandes histórias da série, Jul e Achdé não
se inibem de inovar na continuidade, trazendo o seu cunho pessoal a
Lucky Luke, mas sem que isso implique afastá-lo do herói popular
que há 70 anos cavalga, dispara e persegue bandidos vinheta após
vinheta.
No
caso presente, Lucky Luke é escolhido para acompanhar o final da
construção da futura Estátua da Liberdade, oferecida pelo povo
francês ao seu congénere norte-americano, bem como o seu transporte
do Velho Continente para o Novo Mundo.
Para
além da surpresa final, a grande inovação de Um
cowboy em Paris
é a transposição das habituais aventuras no Oeste,
maioritariamente para
o
cenário urbano parisiense - e europeu, o
que permite o encontro com personalidades famosas da época e alguns
gags
bem conseguidos, aproveitando tanto as particularidades da época,
quanto as piadas recorrentes e os piscares de olho sobre a
actualidade. Tudo isto confere ao álbum mais do que um nível de
leitura, adequando-o a uma faixa etária bastante
alargada,
cumprindo assim
o
seu papel de série popular.
A
par disto, a apropriação que Achdé fez do estilo Morris,
seguindo-o sem o copiar e dando-lhe indiscutivelmente o seu cunho,
sem provocar um corte com o (rico) passado, faz de Um
cowboy em Paris uma
leitura aconselhável.
Sem
esquecer - sempre! - que o grande trunfo dos títulos
mais marcantes desta
série - como
de outras - foram
ter sido descobertos na altura - idade mental… - certa, podendo,
por isso, ter
sido sobrevalorizados na(s) nossa(s) memória(s).
Lucky
Luke: Um cowboy em Paris
Jul
(argumento)
Achdé
(desenho)
Edições
ASA
Portugal,
12
de Novembro de
2018
225
x 297 mm, 48 p., cor, capa dura
10,90
€
(imagens
disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em
toda a sua extensão)
O último parágrafo é provavelmente uma grande verdade... O que significa que estamos condenados a ficar eternamente decepcionados com todos os títulos que estão por vir... é melhor nem os ler e viver na doce ilusão da nossa memória...
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